segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Multilinguismo no Brasil:A força da diversidade linguística dos índios brasileiros

Roselene Carneio Mosqueira
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária
Unama 2010/2011

Há um discurso que no Brasil fala-se somente a língua materna o português brasileiro, ledo engano pensar assim, pois há uma diversidade de idiomas. Infelizmente, nós brasileiros, desconhecemos esta realidade. Mas não estamos falando de empréstimos lingüísticos, ou de influência de outros idiomas. Estamos falando na verdade, das aproximadamente 180 línguas indígenas. Quando falamos de línguas indígenas, a primeira coisa que se pensa é que todos os povos falam Tupi. Isto não está correto. O Tupi é um tronco linguístico e não uma língua. Esta confusão acontece porque muitas palavras do vocabulário brasileiro têm origem nas línguas da família Tupi-Guarani.
Segundo o Professor Ayron Dall’lgna, no que diz respeito às línguas indígenas no Brasil, por sua vez, há dois grandes troncos - Tupi e Macro-Jê - e 19 famílias lingüísticas que não apresentam graus de semelhanças suficientes para que possam ser agrupadas em troncos. Há, também, famílias de apenas uma língua, às vezes denominadas “línguas isoladas”, por não se revelarem parecidas com nenhuma outra língua conhecida. É importante lembrar que poucas línguas indígenas no Brasil foram estudadas em profundidade. Portanto, o conhecimento sobre elas está permanentemente em revisão. Conheça as línguas indígenas brasileiras, agrupadas em famílias e troncos, de acordo com a classificação do professor Ayron Dall’Igna Rodrigues. Trata-se de uma revisão especial para o ISA (setembro/1997) das informações que constam de seu livro Línguas brasileiras– para o conhecimento das línguas indígenas. (São Paulo, Edições Loyola, 1986, 134 p.).

Disponível: http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/troncos-e-familias

Tronco Tupi


Tronco Macro-jê


Muitos indígenas falam ou entendem mais de uma língua. Em algumas sociedades, falar várias línguas é comum. É possível, também, encontrar numa mesma aldeia pessoas que só falam a língua indígena, outros que só falam o Português e outros ainda que são multilingues. A diferença de língua não é, geralmente, impedimento para que os povos indígenas se relacionem e casem entre si, troquem coisas, etc. Um bom exemplo disso se encontra entre os índios da família linguística Tukano, localizados em grande parte ao longo do rio Uaupés, na fronteira do Brasil com a Colômbia. Muitas pessoas falam de três a cinco línguas, ou mesmo mais. O multilinguismo dos índios do rio Uaupés não inclui somente línguas da família Tukano. Envolve também idiomas das famílias Arúak e Maku, assim como a Língua Geral Amazônica ou Nheengatú, o Português e o Espanhol.

Durante muitos anos a língua de comunicação entre os portugueses e indígenas foi aprendida por grande parte dos colonos e missionários, sendo ensinada aos índios nos aldeamentos. Desde o final do século XIX, a Língua Geral Amazônica passou a ser conhecida, também, pelo nome Nheengatu (ie’engatú, “língua boa”). O Nheengatu passou por muitas transformações, mas continua sendo falado nos dias de hoje, especialmente na região do rio Negro. Além de ser a língua materna da população ribeirinha, ela mantém o caráter de língua de comunicação entre índios e não-índios, ou entre índios falantes de línguas diferentes.
Como podemos constatar o idioma português, não é soberano como língua materna, pois nem todos os habitantes do Brasil falam o mesmo idioma. Fazendo um paralelo com o que ocorre no Continente Africano em que também há uma diversidade linguística muito acentuada. No entanto neste continente o que prevalece é a diversidade ao contrário do que ocorre no Brasil quando se oficializa um idioma para os brasileiros. Delegando portanto o idioma ao preconceito e ao esquecimento as línguas dos nativos.




















“Tudo índio, tudo parente...” (Nilson Chaves)


Referências:
"http://www.niee.ufrgs.br/alunos/alunos/projeto/equipes/xingu/xingu.html" "http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/multilinguismo"
Fotos retiradas da Internet

domingo, 16 de janeiro de 2011

Hibridizações na Amazônia: novos caminhos da música clássica em Belém

UNAMA - 2PPN1- 2010
Rodrigo Binttencourt
Wiliiam Syade
Aryevellis Damasceno
Deyse Mello
Jordan Magave

Vivemos em um mundo totalmente híbrido, onde a globalização foi o principal movimento que influenciou essa mistura de estilos de vidas, culturas e etc. A cultura intocável não existe mais, todas as culturas existentes já sofreram esse processo de hibridação, com a inserção de modos, gestos e crenças de outras culturas.

O foco desta postagem é a hibridação da produção musical em Belém. A música erudita é considera por muitos um movimento musical magnífico, com suas notas sempre servindo de base magnífica para as notas seguintes, ocorrendo um ritmo linear da música, em que sua propagação é melódica ou simplesmente feliz. Os dizeres das cordas são suficientes para sua magnitude, o modo de interpretá-la se torna subjetivo, o ouvinte interage ao decorrer de sua melodia, sentindo a emoção dos próprios músicos.

Só que a grande razão por fazer esse trabalho não é a música clássica tradicional, é mostrar a sua mistura, o seu novo foco, tendo em vista as grandes mídias fazendo parte de sua composição, por isso procuramos por uma banda que conseguisse mostrar tudo o que queríamos: o tradicional misturado com a pop arte. Então, encontramos a Orquestra Juvenil de Violoncelistas da Amazônia, um grupo formado por jovens com faixa etária entre 14 a 18 anos, que conseguem unir suas paixões: o clássico com o contemporâneo.



Quem está acostumado a ver uma orquestra tocando daquela forma estática e concentrada no seu instrumento, não consegue achar essa mesma característica nessa orquestra. Além do show ser marcado pela habilidade que cada um tem com o instrumento, suas performances são divertidas e contagiantes, fazendo o público entrar em uma sintonia com a “banda”.

Seu repertório é variado. Tocam desde o primeiro prelúdio de Bach, passando por Metallica, The Beatles e agora com experimentações de música clássica com o dance, estilo musical tocado em boates que tem a intenção de manter o ouvinte animado e entusiasmado com o ambiente.

A grande questão é: essa mistura é boa ou má? Na verdade, não depende da música, depende do seu ouvinte, pois, os mais conservadores abominam essa intervenção, acham que a música erudita está sofrendo uma depredação cultural e que tal feito não deveria está ocorrendo. Só que por outro lado existem pessoas que se encantam com esse estilo, fazendo com que alguns se aproximem mais da música clássica.

A experimentação é bem vinda! Tem que ser feita! A pessoa tem que viver o seu tempo!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Tomé-Açu: Pará no coração, Japão na “ponta da língua”

Enok, Érica e Tiago
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária
UNAMA - 2010




No estado do Pará, mais especificamente em Tomé-Açú foi o local onde os japoneses chegados ao Brasil resolveram se instalar de uma forma bem- sucedida. Ao contrário de muitos outros estrangeiros que não conseguiram grandes feitos em terras Amazônicas.

Tomé-Açu situa-se no nordeste paraense, no interior do estado, é a melhor representação da cultura japonesa na floresta Amazônica. A população local vive em casas típicas de sua cultura e aos domingos se reúnem em um templo budista como forma de manter sua religião. Nas escolas, fala-se e estuda-se japonês; mantêm o hábito de tirar os sapatos para entrar em casa e costumam praticar o sumô, que é uma paixão japonesa também faz parte da cultura local.

Na contramão dos processos de ocupação da Amazônia, Tomé-Açú desenvolveu-se economicamente muito além das perspectivas interioranas. Para os japoneses e seus dependentes o cultivo da terra está em primeiro plano, diferentemente de outros estrangeiros, que não tinham a mesma responsabilidade ambiental. Por conta disso, obtiveram êxito em seus empreendimentos e como conseqüência há um aumento populacional significativo, passando de 20.000 habitantes em 1970 para aproximadamente 57.000 em 2010, segundo dados do IBGE.


Em Tomé-Açu, além da economia e da agricultura, destaca-se também o sistema educacional japonês, que é financiado diretamente pelo governo do Japão, como forma de manter viva a cultura oriental mesmo estando tão longe de sua origem. As escolas “nippo-tomeaçuenses” ensinam história, geografia e músicas japonesas, sem esquecer, é claro, do ensino prioritário da língua do Sol nascente.

A educação ocorre desta maneira para que não aconteça um “choque” cultural (Brasil-Japão), por isso, o governo japonês investe pesado nesse sistema de ensino. Através da escola consegue de maneira eficaz manter cada vez mais viva a cultura nipônica, integrando tomeaçuenses nativos e nippo-tomeaçuenses no mesmo modelo escolar.


Depois de trazer para o Brasil a pimenta-do-reino e a acerola, fruta muito popular hoje nas grandes cidades, e de aprender a cultivar maracujá e guaraná, os japoneses de Tomé-Açu contribuíram ainda para a pluralização lingüística no norte do Brasil. É louvável a introdução de uma língua rica, com múltiplas formas, diversos caracteres e um desejo inestimável por manter as tradições que se ressignificam no tempo e diante das mudanças de postura social. Tudo isso pelo prazer do cultivo da terra e respeito ao lugar que escolheram para também chamarem de seu: A Amazônia.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Hibridismo cultural em Belém

2PPN1

Fábio Braz
Iranilson Santarosa

Mistura de culturas, cada plano é um híbrido, constituído de figuras em migração permanente, onde já não se pode mais determinar a natureza de cada um de seus elementos constitutivos, tamanha é a mistura, a sobreposição, o empilhamento de procedimentos diversos, sejam eles antigos, sejam modernos, sofisticados ou elementares, tecnológicos ou artesanais.

O hibridismo se torna operativo hoje em dia nos estudos culturais através de três modelos, de duas funções culturais, e de formações políticas. O primeiro modelo se apresenta na fusão de elementos díspares com vista à criação de formas biológicas ou culturais inteiramente novas. O segundo numa constante interpenetração entre diferentes formas, cada uma das quais, no entanto, se mantém reconhecivelmente distinta por mais alterações que sofra no respectivo contexto sincretista. O terceiro põe uma causa a própria noção de diferença que se baseiam em dois anteriores, na medida em que propõe as formas hibridas não são senão o constante mistura do sempre já misturado. O modo de atuação do hibridismo do ponto de vista cultural em qualquer uma das três modalidades referidas tem sido objeto de duas teorizações fundamentais.
Para uns o hibridismo é algo que, inevitável e previsivelmente, faz parte absolutamente integrante de todas as formações culturais no seu normal trajeto desde que surgem e à medida que vão evoluindo e mudando ao longo do tempo e do espaço. Para outros se apresenta como algo de transgressivo, como uma força criativa capaz de abalar, desnaturalizar e até mesmo derrubar as formações culturais hegemônicas. As implicações políticas do hibridismo são objeto de uma luta encarniçada, de todos os lados se perfilando os seus defensores, os detratores, e os que se remetem as posições de ambivalência. A questão fundamental é saber como é que o hibridismo se articula com as relações de poder nas zonas fronteiriças situadas entre o que é diferente.
Procuramos mostrar um pouco do hibridismo de Belém através de pontos turísticos bastante conhecidos. Pode- se dizer que o hibridismo inicia firme em nosso estado quando houve uma grande influencia européia denominada de Belle Époque, época marcada por profundas transformações culturais que se traduziram em novos modos de pensar e viver o cotidiano.

O Ver - o - Peso dando origem ao nome do mercado, já que era obrigatório ver o peso das mercadorias que saiam ou chegavam à Amazônia, arrecadando-se os impostos correspondentes.

No final do século XIX e XX, o local que temos hoje por Complexo sofreu uma série de modificações tanto funcionais, quanto em sua paisagem se adaptando às necessidades e gostos da Belle Époque. Foi nessa época que houve aterramento em uma parte da Baía do Guajará, amplicação do Mercado de Carne, construção do porto e o Mercado de Ferro, lugares que possuem uma grande influência artistica neoclassica, art noveau e eclética (influência de paises como França, Espanha, Inglaterra entre outros países).

A estação das docas é um dos espaços que mais refletem a região amazônica. Referência nacional, o complexo turístico e cultural congrega gastronomia, cultura, moda e eventos nos 500 metros de orla fluvial do antigo porto de Belém. Os Boulevares foram resultado de um cuidadoso trabalho de restauração dos armazéns do porto da capital paraense. Os três galpões de ferro inglês são um exemplo da arquitetura característica da segunda metade do século XIX. Os guindastes externos, marcas registradas da Estação, foram fabricados nos Estados Unidos, no começo do século 20. Já a máquina a vapor em meados de 1800, fornecia energia para os equipamentos do porto. As ruínas do Forte de São Pedro Nolasco, onde foi construído um Anfiteatro, foram originalmente construídas para a defesa da orla em 1665. O espaço foi destruído após o Movimento da Cabanagem, em 1825, e revitalizado para a inauguração da Estação.

sábado, 1 de janeiro de 2011

As multiliguagens na Amazônia: em foco as línguas indígenas

Keitilene Savino
Camila Almeida
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária
UNAMA- 2010

Línguas Indígenas
Quando falamos de línguas indígenas, a primeira coisa que se pensa é que todos os povos falam Tupi.

Isto não está correto! O Tupi é um tronco linguístico e não uma língua. Esta confusão acontece porque muitas palavras do vocabulário brasileiro têm origem nas línguas da família Tupi-Guarani.

Além disso, existe mais de 180 línguas indígenas no Brasil!

Você imaginava que eram tantas assim?

Como entender as diferenças entre as línguas?
Os especialistas no conhecimento das línguas (os lingüistas) estudam as semelhanças e as diferenças entre elas e as classificam em troncos e famílias linguísticas.

O tronco linguístico é um conjunto de línguas que têm a mesma origem. Essa origem é uma outra língua mais antiga, já extinta, isto é, que não é mais falada. Como essa língua de origem existiu há milhares de anos, as semelhanças entre todas as línguas que vieram dela são muito difíceis de ser percebidas.

A família linguística é um conjunto composto por línguas que se diferenciaram há menos tempo. Veja o exemplo do Português.


O Português pertence ao tronco Indo-Europeu e à família Latina.
Você acha que o Português deve se parecer mais com o Francês e o Espanhol, ou com o Russo, o Gaulês ou o Alemão?
Acertou se respondeu com o Francês e o Espanhol; é claro, são da mesma família! Mas… isso não significa que todo mundo que fala Português, entende ou fala, por exemplo, o Francês. E vice-versa. Mas as duas línguas têm muitas semelhanças. Devem ter sido mesmo muito parecidas quando começaram seu processo de diversificação. Se compararmos o Português e o Russo, quase não há semelhanças, as diferenças entre essas duas línguas são enormes! Isso acontece porque, apesar de serem de um mesmo tronco, pertencem a famílias linguísticas diferentes: o Português é da família Latina e o Russo é da família Eslava.

Com as línguas indígenas é a mesma coisa!
Há línguas de uma mesma família que têm muitas semelhanças, e existem aquelas que pertencem a famílias linguísticas diferentes e, por isso, não são nada parecidas.
E há, ainda, línguas que pertencem a troncos distintos, aumentando ainda mais a diferença entre elas.

Descubra como são classificadas as línguas indígenas no Brasil ...

No Brasil, existem dois grandes troncos, o Macro-Jê e o Tupi.
Dentro do tronco Tupi existem 10 famílias lingüísticas e no Macro-Jê, 9 famílias.
Há também 20 famílias que apresentam tão poucas semelhanças que não podem ser agrupadas em troncos lingüísticos.



Existe uma língua principal, que ajude na comunicação entre diferentes povos?

Às vezes uma das línguas torna-se o meio de comunicação mais usado. Os especialistas chamam essa língua de língua-franca.
Por exemplo, a língua Tukano, que pertence à família Tukano, tem uma posição social privilegiada entre as demais línguas dessa família, porque se converteu em língua-franca da região.
Há casos em que é o Português que funciona como língua-franca.
Já em algumas regiões da Amazônia, por exemplo, há situações em que diferentes povos indígenas e populações ribeirinhas falam o Nheengatu, Língua Geral Amazônica, quando conversam entre si.


Como surgiu a Língua Geral Amazônica?
A Língua Geral Amazônica desenvolveu-se nos séculos XVII e XVIII no Maranhão e no Pará, a partir da língua Tupinambá, falada em uma enorme extensão ao longo da costa brasileira.
Aos poucos, o uso dessa língua intensificou-se e generalizou-se de tal forma que a partir do início do século XVIII acompanhou a expansão portuguesa na Amazônia, estendendo o seu uso ao longo de todo o vale do rio Amazonas e afluentes. Subindo pelo rio Negro, a Língua Geral Amazônica alcançou tanto a Amazônia venezuelana como a colombiana.
Essa língua foi aprendida por grande parte dos colonos e missionários, sendo ensinada aos índios nos aldeamentos. Desde o final do século XIX, a Língua Geral Amazônica passou a ser conhecida, também, pelo nome Nheengatu (ie’engatú, “língua boa”).
O Nheengatu passou por muitas transformações, mas continua sendo falado nos dias de hoje, especialmente na região do rio Negro. Além de ser a língua materna da população ribeirinha, ela mantém o caráter de língua de comunicação entre índios e não-índios, ou entre índios falantes de línguas diferentes.

 Por que a diversidade de línguas é importante para a humanidade?
Porque cada língua reúne um conjunto de conhecimentos de um povo, saberes únicos. Assim a perda de qualquer língua é, antes de tudo, uma perda para toda a humanidade.

 Fontes de informação:
• Aryon Dall´Igna Rodrigues. Línguas Brasileiras – para o conhecimento das línguas indígenas (1986)
• UNESCO Vitalidade da língua e línguas em perigo de extinção (2003)
• Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília




quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vizinhanças híbridas em Belém

2 PPN 1
Renata Teodozio
Ismailana Moura
Victor Azevedo


O termo “Culturas Híbridas” pode ser definido como um rompimento entre as barreiras que separa o que é tradicional e o que é moderno, entre o culto, o popular e o massivo. Em outras palavras, culturas híbridas consiste na miscigenação entre diferentes culturas, ou seja, uma heterogeneidade cultural presente no cotidiano do mundo moderno. A modernidade é constituída de culturas híbridas, tal como a globalização. O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa facilitou consideravelmente essa hibridação.

A gestão de um espaço urbano marcadamente fragmentado, que produz e acentua desigualdades, coloca-se hoje como o grande desafio político ao poder público municipal. Aproveitar recursos, sempre escassos, quando se tem em vista a escala urbana a que se destinam e sobre a qual se deve atuar, implica a formulação de políticas públicas ancoradas em um sólido conhecimento da realidade e fortemente direcionadas a objetivos claros e específicos.


A abordagem anterior fala sobre a hibridização cultural que podemos identificar em um vídeo feito em uma importante rodovia da capital paraense. O vídeo aborda a proximidade de diferenças sócio-econômicas e mostra um condomínio de luxo que é vizinho de um conjunto habitacional de classe média baixa, o VT deixa claro essa diferença principalmente na estética dos dois lugares.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Multilinguismo na Amazônia

Diana Ramos Silva
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Lietrária
Unama- 2010
A região amazônica é guardiã de mistérios e de belezas, de cores e de encantos, de sabores e de cheiros bem particulares!
É neste cenário das diversidades, que se estuda e se observa o multilinguismo, que não permite estabelecer regras estanques, tampouco oficializar uma única língua, o português. Devemos valorizar as pluralidades lingüísticas de nossa região, sobretudo a pluralidade da língua indígena.

Vista aérea da aldeia Dimini do povo Yanomami
(pib.socioambiental.org)
As situações de multilinguismo na região amazônica mostram que o número de línguas usadas por um indivíduo pode ser bem diversificada, ou seja, existem os que falam e entendem mais de uma língua ou que entendem muitas línguas, mas só falam uma ou algumas delas. Isto resulta num caldeirão lingüístico rico e promissor ao estudo da sociolingüística, sobretudo quando se ratifica a importância do estudo das línguas dentro das práticas sociais.
Antropólogos, Sociolinguistas entre outros pesquisadores correlatos que estiveram em diferentes comunidades indígenas na região amazônica, depararam-se com usuários que falam apenas a língua indígena, com outros que só falam a língua portuguesa e outros ainda que são bilíngües ou multilíngües. Todas estas diferenças não impedem que as relações humanas sejam efetivadas, bem como as necessidades satisfeitas, pois as comunidades interagem e socializam-se, de modo que o multilinguismo acaba enriquecendo os vínculos sociais.

Etnia Maku (pib.socioambiental.org).
Segundo o professor Aryon Rodrigues: “Atualmente, no Brasil, são conhecidos dois grandes troncos lingüísticos: O Tupi e o Macro-Jê. Há também nove famílias lingüísticas que não são classificadas em troncos> Isso sem contar que existem sociedades indígenas que vivem isoladas, cujas línguas não são conhecidas. Mas ainda existem poucos estudos sobre as línguas indígenas no Brasil.”
Nos casos em que as comunidades indígenas elegem uma das línguas – chamada língua franca - a ser utilizadas por todos para superar barreiras de comunicação, há convivência nas aldeias do multilinguismo. Há casos em que o português funciona como língua franca, noutros em que o Nheengatuu – língua geral da Amazônia - passa a ser corrente nos grupos indígenas. Portanto, falar em língua portuguesa como língua oficial, é negar a riqueza cultural assim como a riqueza lingüística das comunidades indígenas


(pib.socioambiental.org).







terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Tecnobrega, Cultura, Sociedade e Hibridismo

Haroldo Felipe Silva
Állan Campos
Segundo Semestre de Publicidade
UNAMA- 2010



Analisar o tecnobrega é muito corriqueiro entre acadêmicos e docentes de comunicação na cidade de Belém. Nos dias de hoje, esse estilo ou movimento quenasceu na periferia da cidade, conseguiu força suficiente para se impor e ser ouvido em várias partes da sociedade belenense e, o mais incrível, é que até nacionalmente o estilo está se tornando conhecido.
O movimento não precisou de grandes gravadoras, nem de produtores renomados que mandam e desmandam na essência do estilo. Eles tiveram sua própria criação, produção, edição e logística de marketing e vendas.Na verdade, as pessoas que trabalham no meio fazem de tudo, elas são os cantores, músicos, produtores, engenheiro de áudio, enfim tudo, da produção à distribuição, passando pela edição, todos são as mesmas pessoas.
Para esse feito, elas se valem de um instrumento muito democrático e altamente funcional que é o computador, simplesmente com um computador eles fazem todos esses processos e distribuem entre camelôs da cidade para comercialização. Dentro de semanas ou meses aquela música daquele CD distribuído por uma pessoa normalmente sem formação específica no assunto, e que teve que ser um autodidata com a tecnologia, estará sendo ouvido por uma grande parte da população.
Hoje, em festa de aparelhagem e até mesmo em festa de criança, a população escuta a música que movimenta uma grande parte da população.

Todas as classes sociais já não se importam em participar do movimento, o que é uma situação interessante e até difícil de ser compreendido, pois, a chamada classe média alta e alta ou High Brown (como preferem os comunicólogos), não se “misturava” com esses estilos. Alguma ignorância ou prepotência do passado os impedia. Hoje, o que se vê nas festas embaladas pelo tecnobrega é impressionante, pois estilos e classes se misturam ao som mecânico de Dj’s.

O que percebemos ao escutar o estilo é a grande hibridação que incide nas músicas e batidas. O processo é relativamente o mesmo de quase todas as músicas. A pessoa pega uma música internacional, quase sempre bem conhecida e utiliza apenas a melodia e o ritmo, troca a letra da música e coloca uma que tem a  ver com a sociedade local, entretanto, muitas vezes são letras que não dizem muita coisa. A hibridação ocorre a partir do momento em que os mass media massificam um determinado produto (nesse caso a música) e a partir dai uma cultura “local ”a utiliza, modificando alguns elementos originais, não que necessariamente se tire as características principais do produto.

Em Belém essas situações são corriqueiras e muito normais para quem vive aqui. Quem vem de fora estranha um pouco essas hibridações, por não achar normal. Certa vez, já me falaram que a coisa mais louca que viram aqui foi um spider-man de miriti. Não preciso falar mais nada né!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Entre cidades, rios e matas: quilombos, aldeias e o povo do judô - o multilinguismo na Amazônia

Maurício Ramos Lindemeyer 
Josiane Pereira dos Santos
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária - 2010
Universidade da Amazônia- UNAMA

Com frequência, ouvimos que no Brasil só se fala português. Será mesmo verdade?



O Brasil também é um país plurilíngue, onde se falam cerca de 200 idiomas, dos quais 180 são usados pelos grupos indígenas. Há também quase 30 línguas faladas pelas comunidades descendentes de imigrantes e duas línguas de sinais. O que nos distingue das outras ex-colônias lusas é que, no caso do Brasil, a língua portuguesa assumiu um status de língua de comunicação geral, uma língua franca.
A língua portuguesa é também a língua oficial do país e o código usado em todas as escolas brasileiras para o trabalho pedagógico. A exceção são as escolas indígenas para as quais a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) garantiu o ensino bilíngue. Estima-se que haja hoje 174 mil estudantes indígenas em escolas bilíngues ou multilíngues. Já as escolas monolíngues, que usam o português como código para transmissão de conhecimento, atendem a 53.028.928 milhões de estudantes matriculados no Ensino Básico, de acordo com o senso escolar de 2008 (MEC). (BORTONI-RICARDO)
Devemos entender que o Brasil, ao longo da história da humanidade, não foi uma terra sem dono e comprada por Portugal há uns 500 anos. Havia povos, os chamados pelos europeus de índios, que já habitavam as terras brasileiras e que possuíam outras línguas. Algumas continuam a ser usadas hoje. Poderíamos lembrar na Amazônia tanto os Aikewára, como os Xipaia, sociedades indígenas que falam línguas do tronco lingüístico Tupi, por exemplo.

Crianças Aikewára - Foto Maurício Corrêa

Para conviver com esses povos, o Brasil recebeu grande fluxo migratório e os grupos africanos foram os principais. Trazidos para atender aos interesses econômicos da Europa, os negros africanos tentaram preservar a sua cultura e resistir à dominação lusitana. Para isso, os negros que conseguiam fugir das senzalas se reuniam em comunidades, os quilombos, onde podiam se defender da recaptura bem como preserva parte de suas culturas e de suas línguas.
Na região Amazônica, encontramos inúmeras comunidades quilombolas, como a comunidade do Curiaú, em Macapá-AP, ou as comunidades Peafu, Passagem, Curral Grande, Miri e Flexal, que ficam em Monte Alegre-PA. Com a abolição da escravatura e as atuais políticas de afirmação, grande parte das comunidades quilombolas passou a interagir com as cidades próximas e, com isso, os quilombolas não puderam preservaram tanto suas línguas, embora elas tenham influenciado fortemente o português brasileiro. Mas podemos apreciar a tradição dos quilombos em inúmeros festejos e no dia a dia de tais povos:

Foto da Festa de Santo Antônio, Curiaú, Macapá, Amapá.


                   



















E o povo do judô?
Para continuar a evidenciar o multilinguismo na Amazõnia, ressalta-se os japoneses:
Em setembro de 1929, aportaram na cidade paraense de Acará, atual Tomé-Açu, os primeiros imigrantes japoneses na região amazônica. Naquele ano, a economia mundial passava por uma grande crise à qual o Japão não ficou imune. Naquelas circunstâncias, muitos japoneses sonharam com as terras sul-americanas e atravessaram os oceanos. (Embaixada Japonesa no Brasil).
Ainda segundo a Embaixada Japonesa, hoje a comunidade nipônica no Brasil é composta por mais de 160 mil pessoas, as quais cultivam seus costumes e, muitos, a língua.
Como vimos, falar em uma língua única no Brasil é excluir o país do processo histórico, bem como não enxergar um fato enriquecedor da nossa nação: a diversidade cultural ressaltada na diversidade linguística. Por isso, somos o país dos quilombos, aldeias e do povo do judô, como de tantas outras comunidades.

Referencial:
Artigo: Problemas e tendências no trabalho educacional com a língua portuguesa considerando sua condição de língua majoritária no Brasil. Bortoni-Ricardo, acessado: http://www.stellabortoni.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=663:palistaa_oo_ioogaisso_ii_liogua_poatuguisa&catid=1:post-artigos&Itemid=61
aikewara.blogspot.com
Sobre os Japoneses no Brasil, acessado: http://www.br.embjapan.go.jp/boletim/amazonia80.htmhttp://wapedia.mobi/pt/Amazonas?t=4.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Hibridismo e Globalização no Ver-o-Pêso

2 PPN 1
Rayra Janau
Ana Caroline Silva

O mundo globalizado assume o hibridismo cultural de forma cotidiana e comum aos indivíduos e culturas. O conceito de hibridismo, segundo Canclini, compreende união de etnias, fusões artísticas, comunicacionais, viagens e processos globalizadores. São nesses processos, que se pode observar as transformações da época atual, culturas tradicionais e fechadas se rendendo à globalização de forma natural, imperceptível a quem está envolvido, como é o caso da feira do Ver-o-Peso.


Artigos à venda em barracas do Ver-o-Peso

O Ver-o-Peso é reconhecido internacionalmente como um marco tipicamente paraense, inicialmente, uma feira popular no centro histórico da cidade onde se encontra os principais produtos que identificam a cultura local; comidas típicas, cheiros, acessórios, artesanatos. Porém não houve como se distanciar do hibridismo e os processos de globalização da cidade de Belém influenciaram no mercado.


A feira, atualmente, dispõe de produtos (e falsificações de produtos) de multinacionais, o que demonstra a influencia do capitalismo. Além dos sucos de frutas regionais, é possível facilmente encontrar refrigerantes da marca Coca-Cola. Junto às sandálias de couro e palha estão as similares à Melissa e marcas nacionais. Os artesanatos também assumem temas universais, como renas e pinheiros feitos de patichouli pra o natal. As roupas com temas locais (que por si já são híbridas, direcionadas ao mercado de turismo) disputam lugar com as réplicas.

Não é correto dizer que essa mistura propõe condições iguais e ganhos para todos os lados, entretanto, é importante perceber que o hibridismo não destrói uma das culturas em detrimento da outra e sim permite que elas convivam em um mesmo espaço. A feira continua sendo tradicional e contendo produtos tradicionais, mas oferece opções mais amplas para quem a freqüenta.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Múltiplas identidades na Amazônia

Praça da República, em Belém
Foto: Monica Cruvinel

Vivemos um momento bem particular da história da humanidade, o início do século 21. A dinâmica e o alcance dos meios de comunicação, de nosso tempo, acabam por nos bombardear de informações. A internet, com suas redes sociais, a televisão a cabo e o telefone celular, responsáveis em grande parte por esta realidade, representam, hoje, alguns dos novos rumos da comunicação humana.
As notícias já não se renovam diariamente, seguindo a dinâmica dos jornais impressos ou dos telejornais. A internet, e sua transmissão em tempo real confere uma nova forma de pensar a cultura midiática contemporânea. Os twitts atualizam a informação a cada segundo. Por outro lado, ao contrário do que se imaginava no início do século XX, a tecnologia não resolveu o problema da distribuição de renda no planeta, nem tampouco diminuiu a destruição do meio ambiente. Vivemos em um grande paradoxo: banda larga e equipamentos muito potentes, mas restrito apenas a uma pequena parcela da população.
A globalização resultante desta nova dinâmica da comunicação também interfere em uma nova significação para ciência. Se no início do século XX, a antropologia, a sociologia, a lingüística e a psicologia começavam a se firmar como ciências autônomas e precisavam demarcar claramente as fronteiras que as diferenciavam, hoje, é complicado querer limitar a compreensão de uma manifestação histórico-cultural, considerando apenas uma ciência. E há necessidade de diálogo com várias disciplinas, como a lingüística, a literatura e a semiótica, por exemplo.
O grande mosaico cultural que constitui a cultura brasileira é parte integrante deste novo cenário internacional, portanto, estamos inseridos nesta nova forma de globalização. Mas, não nos podemos esquecer de que a cultura brasileira, ou melhor dizendo, as “culturas brasileiras” contemporâneas são representações sociais que passaram e continuam passando pelos processos de transformações sociais de nosso país.
A universidade brasileira, por sua vez, precisa se localizar neste “novo mundo”. E, principalmente, redefinir suas posturas diante das diferenças que a constitui. Se historicamente sabemos que no Brasil, universidade nasceu para servir ao “macho, adulto, branco”, hoje, já não podemos mais silenciar as múltiplas identidades que constituem nosso país, com uma população formada por descendentes de índios, negros, europeus, libaneses, árabes...
Este mês, estamos reativando o breadosonline.blogspot.com. A partir de hoje, semanalmente, serão feitas novas postagens sobre processos de hibridização na cidade de Belém, de autoria dos alunos de publicidade da Unama.
Com quase 400 anos, a cidade de Belém exibe cenários múltiplos, onde podemos encrontar uma grande variedade arquitetônica. Como toda cidade latino-americana, tembém exibe suas paisagens a desigualdade social. Se encontrmos edifícios luxuosos, de momentos diferentes da história da Amazônia, por outro lado, a maior parte da população ainda não tem acesso ao saneamento básico.  


Se você desejar fazer uma postagem neste blog, envie um e-mail para ivanian@bol.com.br

domingo, 8 de agosto de 2010

Projeto "Crianças Suruí-Aikewára entre a tradição e as novas tecnologias" do curso de Comunicação Social da UNAMA, no Jornal Nacional

Não era problema de conflito de terra, de prostituição, de políticos corruptos, de denúncias contra médicos ou policiais. Nesta última sexta-feira, 06 de agosto, o Pará esteve no Jornal Nacional, da Rede Globo, por causa do nosso projeto.


Todos sabem bem o poder mítico da Rede Globo no Brasil. E é muito importante que a matéria tenha traduzido nossa forma de pensar a realidade das sociedades indígenas atualmente, sociedades que vivem nas fronteiras.

A matéria não tratou os Aikewára como exóticos e nem demonstrou o preconceituoso estranhamento diante de índios que convivem com o novo.

Este projeto é muito significativo para os Aikewára e para nós, como universidade. Ficamos extremamente felizes de poder colocar nossa pesquisa em diálogo com a cultura Aikewára. O projeto, do curso de Comunicação Social da UNAMA mostra como a tecnologia pode ter responsabilidade social e atesta nosso compromisso com as populações tradiconais da Amazônia.

A única coisa que lamento é que não estava lá com os Aikewára, quando passou no Jornal Nacional. Queria vê-los. Queria inclusive que este texto tivesse sido escrito em conjunto com eles. A próxima postagem sobre esta matéria vai trazer a impressão deles.

No G1 também há uma matéria escrita sobre o projeto.Leia mais...

Ivânia dos Santos Neves

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A ÉTICA JORNALÍSTICA NO CASO ESCOLA BASE

Raissa Araújo do Rosário Silva

Aluna do Curso de Jornalismo - 1o. Semestre

RESUMO

O objetivo desse artigo é destacar a importância da ética no exercício do jornalismo. Tendo como fundamento o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (2007) e o "Caso Escola Base", de 1994, um acontecimento que teve grande repercussão na mídia e provocou o linchamento social dos acusados que posteriormente tiveram a inocência comprovada. Por falta de consistência dos fatos ou surgimento de dúvida, é recomendada uma boa investigação, de modo que venha para anular qualquer tipo de contradição. Visto que, antes de se divulgar uma informação, a apuração dos fatos veiculados é necessária, para garantir a sua veracidade e evitar que sejam transmitidas inverdades ou fatos que possam causar algum dano moral e social a pessoas inocentes.

PALAVRAS-CHAVE – Código de ética. Jornalismo. Escola Base.

1 INTRODUÇÃO

Apesar de haver inúmeros casos onde jornalistas e empresas jornalísticas – por falta de preparo ou bom-senso – faltam com os princípios éticos, escolhi um fato bem antigo, o Caso Escola Base (1994), por ter sido um escândalo que marcou profundamente a imprensa brasileira, para analisar e depois ressaltar a importância da ética no exercício do jornalismo. Episódio este, que desestruturou vidas pela informação mal-apurada de um repórter irresponsável, em que sua ânsia pelo furo falou mais alto que a ética.

No ano que ocorreu este caso, já existia e estava em vigor o código de ética para os jornalistas, votado no Congresso Nacional, em 1987. Daí o valor em abordar a relevância de se praticarem os princípios éticos na atividade jornalística, tendo como base no mínimo, o código de ética vigente e a responsabilidade de apurar os fatos com um grande número de fontes, principalmente quando se trata de uma acusação.

2 O CASO

Foi em março de 1994, em São Paulo, que a Escola de Educação Infantil Base sofreu uma denúncia de abuso sexual contra alunos, apresentada pelas mães de dois estudantes. Os seis acusados eram os donos da escola Ichshiro e Maria Aparecida Shimada, os sócios da instituição, Maurício e Paula de Alvarenga, e um casal de pais de outro aluno, Saulo e Mara Cristina Nunes

O delegado Edelcio Lemos, responsável inicialmente pelo caso, encaminhou as duas crianças para o IML, para a realização do exame de corpo de delito. A notícia ganhou notoriedade quando os acusados foram encaminhados a delegacia para prestar depoimento e a mãe de uma das crianças, Cléa Patente comunicou por telefone a Rede Globo. Embora o laudo do IML se mostrasse inconclusivos para se assegurar que as crianças tenham sido vítimas de atos libidinosos, o delegado afirmava em entrevistas que de fato o crime havia ocorrido, quando nem ele mesmo possuía provas concretas.

Mesmo com nada realmente comprovado, com base, somente, na persuasão de Edelcio e em laudos preliminares, durante dois meses, vários veículos de comunicação noticiaram comumente o “Caso Escola Base”. Apontando sem a devida apuração e investigação de todas as versões do fato, os seis acusados, indiscutivelmente, como culpados. Que passaram a ser vistos como monstros pela sociedade. E mesmo de forma distorcida e parcial, a história ganhou destaque, com direito a manchetes sensacionalistas. Tudo isso contribuiu para linchamento social dos acusados, depredação de suas moradias e da escolinha, que se tornaram vítimas posteriormente.

No entanto, em Junho de 1994, o inquérito policial do “Caso Escola Base”, foi arquivado por falta de provas de ter acontecido um crime, e não tendo nada no inquérito que incriminasse os acusados. Logo depois do arquivamento, a fim de serem ressarcidos, os supostos acusados deram inicio a uma ação jurídica por danos morais contra o Estado e alguns veículos de comunicação, que alegaram ter sido vitimas das informações passadas pelo delegado. Sendo que somente onze anos após o ocorrido, a Rede Globo foi condenada a pagar cerca de 450 mil reais para cada acusado no Caso Escola Base. Porém isto não foi suficiente para reestruturar a vida dos denunciados já prejudicados social, moral e psicologicamente.

3 FALANDO DA (FALTA DE) ÉTICA

A imprensa pôs os envolvidos numa situação constrangedora, a partir do momento em que ouviu e publicou este caso sem buscar sua veracidade. Rompendo assim com o artigo 4º do Código de Ética Jornalista, publicado em 1987 e já vigente na época, que ressalva: “O compromisso fundamental do Jornalista é com a verdade nos relatos dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”.

No artigo 2º, parágrafo II do código de ética da profissão fica estabelecido que: “a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;”. Entretanto se por um lado a intenção era comunicar a delação, considerada verdadeira, alertando a população sobre o tema, por outro, a mídia queria muito mais, ou melhor, criou um espetáculo midiático atrás de audiência e de leitores, apelando para o sensacionalismo, ferindo mais vez os princípios éticos, por colocar os interesses comerciais acima dos objetivos sociais e informativos que deram origem a profissão. Visto que, de acordo com no art. 11, parágrafo I, o jornalista não pode divulgar informações “visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica”.

Outro erro foi expor os indivíduos à opinião pública, que eram inocentes, por fundamentar-se apenas em suposições, que também ferem o exercício ético do Jornalismo, no sentido de que o profissional, em casos de denúncias ou até outros, deve apurar os fatos, ouvindo um grande número de fontes para transmiti-los com responsabilidade e com argumentos que sustentem uma acusação. Já que o público deposita total confiança nas notícias dadas por estes instrumentos de informação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os jornalistas devem se conscientizar que o compromisso com a verdade e a apuração precisa dos fatos são os principais princípios éticos, que asseguram o bom exercício da profissão em seu papel social. No entanto, antes de publicar algum acontecimento de caráter social devem analisar a relevância do direito a informação e do direito individual de preservar a integridade física e social dos cidadãos, para que equívocos sejam evitados.

É inegável, que todo esse espetáculo midiático (indevido) do caso Escola Base, priorizou e obteve altos índices de audiência, o sensacionalismo não permitiu que se checasse da veracidade dos fatos e inibiu a reflexão de um caso social muito importante, que talvez pudesse ter trazido uma solução ou um melhor esclarecimento do assunto.

O público leitor ou ouvinte de um jornal deposita credibilidade nos veículos de informação, para tanto o emissor não pode tratar a notícia como um produto publicitário, que se limita a chamar a atenção de seu destinatário. Pois "a melhor notícia nem sempre é a que se dá primeiro, mas muitas vezes a que se dá melhor" (GARCIA MÁRQUEZ, 1996)

REFERÊNCIAS

Autor desconhecido. Caso da Escola Base. 7 ago. 2006. Disponivel: <http://nalu.in/66> Acessado em :30/05/2010

CODIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS BRASILEIROS. Vitória. 2007. Disponível em <http://www.fenaj.org.br>. Acessado em: 29/05/2010.

MÁRQUEZ, GABRIEL GARCIA. A melhor profissão do mundo. 20 out. 1996. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/mat2010a.htm> Acessado em: 31/05/2010.

KARHAWI, ISSAAF. Caso Escola Base – O (não) cuidado jornalístico com a publicação de denúncias. 11 jun. 2009. Disponível em: <http://curiofisica.com.br/artigos/noticias>Acessado em: 30/05/2010.

O GLOBO ONLINE. Entenda o caso da Escola Base. 13 nov. 2006. Disponivel em: <http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/11/13/286621871.asp> Acessado em: 30/05/2010.


terça-feira, 1 de junho de 2010

Festival Osga de Comunicação 2010

Foram mais de 350 espectadores! O Festival Osga de Comunicação do Curso de Comunicação da Unama foi um SUCESSO!

Obrigado aos alunos.
Obrigado à Coordenação do Curso de Comunicação da Unama.
Obrigado aos professores Manuela Vieira, Marcos Dickson e Roberto Moreira.
Obrigado ao nosso monitor Diego.
Obrigado à todos os jurados.
Obrigado à todos que incentivaram e ajudaram de alguma forma.
Obrigado à todos que foram assistir ao Festival.

Vinheta de Abertura do Festival Osga de Comunicação 2010


Antes de Ouvir a Verdade
Ganhador de Melhor Filme e Melhor Roteiro


Predatory
Ganhador de Melhor Atraiz e Melhor Edição


Defensores do Império
Ganahdor de Melhores Efeitos Especiais


Grazy
Ganhador de Melhor Figurino e Melhor Ator


Fear
Ganhador de Melhor Fotografia


Kalango Man
Ganhador de Maior Mico


Sonora
Ganhador de Melhor Cartaz


Patricinha no Paraíso


A Encomenda


A Fórmula da Ambição


Tenha Dó


O Caminho sem Volta



Cartazes do filmes