Instituto de Letras
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos
Docente:Ivânia Neves
Tainah Maria Fonseca
Ferreira
Tiago Hulshof de Mendonça
https://www.youtube.com/watch?v=jkASByzPWcw
As
mediações, em comunicação, podem ser consideradas lacunas presentes entre a
produção e a recepção de uma mensagem a ser transmitida, determinadas pelo
convívio social, pelo espaço em que é transmitida e pela competência cultural,
que diz respeito a todas as pessoas. De acordo com Jesus Martín-Barbero,
devemos conceber cultura como um produto antropológico que envolve as crenças,
os valores seguidos por certas comunidades, a maneira como se expressam e
expressam suas memórias, narrações, músicas... Assim, passamos a entender que
cultura e comunicação estão interligadas e, consequentemente, estão diretamente
relacionadas ao cotidiano.
Levando
em consideração que, apesar dos meios de comunicação constituírem-se como
potência na sociedade e exercerem um papel significativo na reprodução e
reconstrução de pensamentos, devemos voltar as atenções para as mediações, pois
são estes “espaços” que revelam as
relações sociais e as concepções de uma população sobre si mesma, evidenciando
um processo muito mais complexo entre emissão e recepção de informações. A
complexidade é ainda maior quando o conteúdo da mensagem carrega consigo uma
carga de elementos culturais e de identificação bastante significativo.
É
seguindo essa linha de raciocínio que nos atentamos para o seguinte
questionamento: “Como está sendo reproduzida a imagem da cidade de Belém nos
meios de comunicação?” Muito mais do que isso: “Como as pessoas recebem e (re)criam
a imagem de Belém (e sua própria imagem) através desses meios?” Já que, para
Martin-barbero (1997), o receptor é aquele sujeito capaz de participar do
processo de comunicação.
A
cidade de Belém é conhecida por reunir, entre seus habitantes, opiniões bem divergentes no que diz respeito à sua
própria definição de cidade, de povo, de cultura. Alguns mantém um
posicionamento um tanto ufanista sobre a cidade, o que alimenta, na mídia, a
produção de conteúdos desse gênero. Em contrapartida, há aqueles que reconstroem a identidade de uma população, utilizando, para
isso, as novas tecnologias de grande alcance, e projetam situações, linguagens,
hábitos que já nos são recorrentes e, mesmo assim, causam um impacto positivo
de reflexão sobre nós mesmos. Esse mesmo espaço utilizado traz consigo, além da
pluralidade cultural existente na cidade, marcas bem explícitas de fatores
como: exclusão social, preconceito e violência, já que sabemos o quão
imbricados estão estes fatores, principalmente em bairros periféricos.
Historicamente,
Belém é marcada pelo período conhecido como Ciclo da Borracha, momento em que
se instarou o auge econômico da “Belle Époque”nos centros urbanos da capital e
de Manaus. Assim, foi imposta em nossa cidade a cultura europeia, criando-se um
modelo ideal de civilização urbana em um espaço que, sabemos, é múltiplo e
híbrido e formada por vários “atores sociais”. O auge econômico, portanto, não
significou uma representação plural/real da diversidade étnica, racial e
cultural da região. Tratando-se de estereótipos, a capital do Grão-Pará é vista, de fora, como predominantemente
indígena, sem que haja uma reflexão sobre como se constitui a população belenense. Raramente dá-se conta de
que se trata de uma metrópole globalizada, que sofre constantes interferências
internas e externas simultaneamente.
As
transformações, contradições e diversidades de Belém podem – e devem – ser
repensadas através das novas representações midiáticas sobre a cidade, que
ganharam espaço com o advento de meios tecnológicos de comunicação. Nesse
sentido, o objeto de estudo para esta oficina é o curta-metragem “Encantada do
Brega”, da Platô Produções, divulgado no “YouTube”, o qual propõe uma
hibridização cultural, inerente ao desenvolvimento de qualquer centro urbano,
constituindo uma identidade belenense.
Partindo
desse princípio, BARBERO (2000) aponta a observação do espaço, que medeia a relação entre os papeis de
emissor e receptor em uma comunicação, como fundamental para que se possa
articular os movimentos sociais e as diferentes temporalidades e
matrizes culturais. Mediar seria, aqui, observar as inter-relações
existentes no espaço e analisá-las como estratégia de comunicação, capaz de
conceber o ser humano no âmbito individual e coletivo. Assim, os novos meios de propagação e
produção de elementos culturais estão intimamente ligadas à ideia de povo, de
(des)igualdades sociais e de como formou-se, nesse caso, a população urbana de
Belém.
https://www.youtube.com/watch?v=-qW_7lwW_30
PLANO DE AULA
Título : Da princesa do pop à
cinderela: a assimilação e convergência de elementos culturais no curta Encantada do Brega.
Público alvo: alunos do 1º ano -
Ensino Médio, residentes em Belém.
Duração: 3 aulas, com duração de
50 minutos.
OBJETIVOS
Objetivo
Principal:
Promover
a discussão sobre como a cultura, a identidade e a diversidade da cidade de
Belém são difundidas nas mídias sociais.
Objetivos
Específicos:
Analisar
o curta-metragem “Encantada do Brega” como um recurso midiático, que (re)produz
a identidade urbana de Belém;
Levantar
questionamentos sobre alguns elementos culturais presentes em Belém e como são
vistos pela sociedade;
Identificar
os diversos tipos de linguagens, estigmas e atores sociais presentes no
curta-metragem;
Perceber
como as assimilações e convergências entre culturas ocorrem e são decisivos
para a construção da identidade do belenense;
JUSTIFICATIVA
Com
os avanços dos processos tecnológicos de comunicação, os sujeitos têm uma
capacidade cada vez maior de interagirem entre si. Hoje, o receptor de uma
informação pode conceber-se também como produtor de novas informações. Levando
em consideração que a comunicação midiática é determinante para o processo de
reconstrução e, por vezes, desconstrução de concepções, o presente trabalho
justifica-se pelo fato de que é necessário avaliar o material produzido por
belenenses, que buscam traduzir a identidade e a cultura da população urbana de
Belém. Assim, busca-se analisar como a cidade é representada nas mídias sociais
e, mais especificamente, no curta-metragem objeto de análise deste trabalho,
além de identificar aspectos de negociações entre culturas para a construção de
novos pensamentos e novas linguagens.
RECURSOS DIDÁTICOS
Curta-metragem
e vídeo exibidos por meio de data show, computador e caixas de som.
METODOLOGIA
1º Momento
Apresentar a oficina e seus objetivos. Em
seguida, discutir quais elementos culturais paraenses populares e cotidianos eles conseguem perceber. Haverá a utilização
de imagens como auxílio.
2º Momento
Apresentação do vídeo “Afinal, o que é
CULTURA?”, para introduzir, mesmo que de forma pouco aprofundada, uma ideia
sobre cultura. Além disso, definir o termo
mediação, de acordo com BARBERO, e tentar construir, junto à turma,
definições para identidade e assimilação cultural.
3º Momento
Breve explanação do passo-a-passo da
oficina. Em seguida, fazer sondagem objetivando observar o conhecimento dos
alunos acerca do conto de fadas Cinderela
– os alunos terão de, por si só, recontar a história.
4º Momento
Focando-se nos elementos culturais
populares paraenses (como utilização de música, as linguagens, os ícones
culturais e etc.) e/ou negociações, os alunos assistirão ao curta-metragem Encantada
do Brega, tomando nota do que acharam interessante ou que não se atentaram
na discussão do primeiro momento.
5º Momento
Neste momento, haverá uma breve diálogo
com a turma a fim de observar a compreensão acerca do vídeo. Em seguida, haverá
um brainstorm com a utilização do
quadro, em que os alunos listarão alguns elementos/negociações culturais. A
partir disso, será feita uma discussão acerca da convergência midiática, tendo
o curta como objeto de análise.
6º Momento –
Produção
Os alunos produzirão uma história em
quadrinhos, em que a narrativa deverá ser uma recontextualização paraense a
partir de outro texto, de forma similar à maneira como foi criada a
Encantada do Brega.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BARBERO, Martin. A comunicação na educação. Editora contexto,2014.