O planeta está mudando, com a expansão do capitalismo e a necessidade de evolução do ser humano, a demanda por matéria-prima – de preferência de baixo custo – vem aumentando exponencialmente. Essa demanda vem causando diversos danos ao meio ambiente, são agressões consideradas crimes ambientais. O aumento do índice de crimes envolvendo o meio ambiente e os envolvidos em preservá-lo se deve em virtude da escassez da matéria-prima, e como tudo que envolve o capitalismo, dinheiro.
A Amazônia é uma das grandes áreas de desmatamento do país, por se tratar de uma área de floresta tropical que ocupa cerca de 60% do território brasileiro, acaba se tornando um grande atrativo para madeireiros, fazendeiros e demais empresas e órgãos interessados em tirar algum proveito da fauna e flora amazônica.
Porém, a maioria dessas atividades são realizadas ilegalmente, por trabalhadores sem licença ambiental ou consentimento do IBAMA. Esses “trabalhadores” são capazes de qualquer coisa para conseguir matéria-prima mais barata e quase sempre quem se impõe no seu caminho é ameaçado.
Foi o que aconteceu com os ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo Silva, no dia 24 de maio, que foram assassinados a tiros no interior do Projeto de Assentamento Extrativista Praialta / Piranheira, no município de Nova Ipixuna em Marabá. O casal se dirigia para a sede do município quando foram surpreendidos por dois pistoleiros que estavam de tocaia no caminho. Os assassinos dispararam diversos tiros de espingarda contra os ambientalistas. O casal morreu na hora, e uma das orelhas de José Cláudio foi cortada pelos pistoleiros como prova do crime.
José Cláudio e Maria do Espírito Santo criaram a reserva extrativista em 1997 e foram um dos pioneiros na luta para a preservação da Amazônia. Donos de uma área de 22 mil hectares, rica em açaí, andiroba, cupuaçu e diversas outras espécies extrativistas, o casal vivia sobre constantes ameaças de invasão feitas por madeireiros do município de Nova Ipixuna e Jacundá. Também sofriam pressões de fazendeiros que tinham interesse na área para expansão de gado.
Imagem: Tarso Sarraf |
O casal que defendia e praticava o extrativismo sustentável na região, tinha como uma de suas metas denunciar madeireiros e fazendeiros que praticavam extrativismo sem licença ambiental e provocando desmatamento na região. As denúncias dessas atividades ilegais não agradavam aos grandes latifundiários e o casal era constantemente ameaçado de morte. José Cláudio e sua esposa já haviam escapado de uma emboscada anteriormente, apesar de já terem encaminhado as denúncias aos órgãos responsáveis.
O principal suspeito do crime é o fazendeiro conhecido como José Rodrigues. Ele teria contratado os pistoleiros para assassinar o casal. Os assassinos continuam foragidos. O motivo do crime seria a disputa por terras. José Rodrigues teria comprado lotes próximos à área do assentamento extrativista para aumentar sua criação de gado. Após José Cláudio impedir a venda dessas terras, José Rodrigues, fez ameaças ao ambientalista.