Atualmente, o mundo busca energias renováveis para sustentar o desenvolvimento e sua população, respeitando assim o meio ambiente. Enquanto países desenvolvidos já esgotaram sua capacidade de aproveitamento hidrelétrico, o Brasil tem ainda um enorme potencial inexplorado. No Pará, a Bacia do Rio Xingu é um exemplo, ainda na década de 1950 foram realizados estudos de inventário que identificaram a possibilidade de aproveitamentos hidrelétricos, mas não chegaram a ser implementados. Em 2005 foi iniciado um inventário e em 2008, o Conselho Nacional de Política e Energética definiu que será construída apenas a hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.
A previsão para o funcionamento é em 2015, a usina será a terceira maior hidrelétrica do mundo. A construção de Belo Monte vai gerar cerca de 18 mil empregos diretos além de 80 mil indiretos. A região desse aproveitamento hidrelétrico já é objeto de intensas atividades agropecuárias e envolvem diretamente cinco municípios, Altamira, Brasil Novo, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Anapu.
A bacia Amazônica abriga 60% das florestas tropicais do planeta. Um quinto de quase toda água doce do mundo, corre pelo imenso e emaranhados rios amazônicos. O rio Xingu é um desses rios integrantes desta vasta rede. Ele garante a sustentação de mais de 25 mil indígenas, milhares de ribeirinhos, populações extrativistas, agricultores familiares e inúmeras espécies de plantas e animais. A bacia do Rio Xingu abriga áreas protegidas do Brasil, desde terras indígenas e áreas de conservação como parques nacionais e reservas extrativistas. No entanto no coração da floresta amazônica, o governo brasileiro quer construir o que veria ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, Belo Monte.
A construção irá atingir uma curva do rio chamada Volta Grande, conhecida por sua rica biodiversidade, e desviará quase todo o fluxo do Rio Xingu, a fim de gerar eletricidade. A hidrelétrica irá ter um consumo alto. Se Belo Monte for construída parte do Xingu pode secar e deixar os habitantes ao longo do rio sem acesso a água, a peixes e meios de transportes. Duas comunidades indígenas, Juruna e Arara têm feito da Volta Grande, um lar a gerações. A seca do Rio irá causar muitos impactos no modo de vida indígena, que é baseado na pesca, agricultura e caça. Além das centenas de famílias ribeirinhas que pescam e cultivam alimentos na margem e ilhas do Xingu.
A barragem de Belo Monte iria forçar essas famílias a se deslocarem para as cidades, onde haverá uma competição por trabalhos, que ainda é mal remunerado e não há vagas para todos, pois existe a necessidade da qualificação, diploma e experiência. Esses que não conseguirem emprego irão recorrer a outras atividades, agravando a pesca e a caça ilegais, a exploração ilegal de madeira e a criação de gado, que é a maior causa de desmatamento na Amazônia, que com o tempo irá afetar não somente toda a região Norte, mas a todo o Brasil e mundo.
Enquanto seca de um lado, alaga outras áreas urbanas na cidade de Altamira, forçando novamente o deslocamento de 20 mil a 40 mil pessoas que não tem nenhuma informação para onde ir, caso a usina seja construída. Especialistas calculam que o projeto teria um prejuízo entre 6 à 8 milhões de dólares. Cientistas, ambientalistas, povos indígenas, economistas, engenheiros tem denunciado a ameaça de Belo Monte, seus impactos sociais e ambientais, ineficiência energética e econômica, e ao mesmo tempo apontando outros meios mais sustentáveis que preservam a Amazônia e que permitem o desenvolvimento do Brasil. Como investimento em energias a eólicas.
Trabalho da aluna Bruna Brabo - Curso de Jornalismo - UNAMA.