sábado, 1 de janeiro de 2011

As multiliguagens na Amazônia: em foco as línguas indígenas

Keitilene Savino
Camila Almeida
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária
UNAMA- 2010

Línguas Indígenas
Quando falamos de línguas indígenas, a primeira coisa que se pensa é que todos os povos falam Tupi.

Isto não está correto! O Tupi é um tronco linguístico e não uma língua. Esta confusão acontece porque muitas palavras do vocabulário brasileiro têm origem nas línguas da família Tupi-Guarani.

Além disso, existe mais de 180 línguas indígenas no Brasil!

Você imaginava que eram tantas assim?

Como entender as diferenças entre as línguas?
Os especialistas no conhecimento das línguas (os lingüistas) estudam as semelhanças e as diferenças entre elas e as classificam em troncos e famílias linguísticas.

O tronco linguístico é um conjunto de línguas que têm a mesma origem. Essa origem é uma outra língua mais antiga, já extinta, isto é, que não é mais falada. Como essa língua de origem existiu há milhares de anos, as semelhanças entre todas as línguas que vieram dela são muito difíceis de ser percebidas.

A família linguística é um conjunto composto por línguas que se diferenciaram há menos tempo. Veja o exemplo do Português.


O Português pertence ao tronco Indo-Europeu e à família Latina.
Você acha que o Português deve se parecer mais com o Francês e o Espanhol, ou com o Russo, o Gaulês ou o Alemão?
Acertou se respondeu com o Francês e o Espanhol; é claro, são da mesma família! Mas… isso não significa que todo mundo que fala Português, entende ou fala, por exemplo, o Francês. E vice-versa. Mas as duas línguas têm muitas semelhanças. Devem ter sido mesmo muito parecidas quando começaram seu processo de diversificação. Se compararmos o Português e o Russo, quase não há semelhanças, as diferenças entre essas duas línguas são enormes! Isso acontece porque, apesar de serem de um mesmo tronco, pertencem a famílias linguísticas diferentes: o Português é da família Latina e o Russo é da família Eslava.

Com as línguas indígenas é a mesma coisa!
Há línguas de uma mesma família que têm muitas semelhanças, e existem aquelas que pertencem a famílias linguísticas diferentes e, por isso, não são nada parecidas.
E há, ainda, línguas que pertencem a troncos distintos, aumentando ainda mais a diferença entre elas.

Descubra como são classificadas as línguas indígenas no Brasil ...

No Brasil, existem dois grandes troncos, o Macro-Jê e o Tupi.
Dentro do tronco Tupi existem 10 famílias lingüísticas e no Macro-Jê, 9 famílias.
Há também 20 famílias que apresentam tão poucas semelhanças que não podem ser agrupadas em troncos lingüísticos.



Existe uma língua principal, que ajude na comunicação entre diferentes povos?

Às vezes uma das línguas torna-se o meio de comunicação mais usado. Os especialistas chamam essa língua de língua-franca.
Por exemplo, a língua Tukano, que pertence à família Tukano, tem uma posição social privilegiada entre as demais línguas dessa família, porque se converteu em língua-franca da região.
Há casos em que é o Português que funciona como língua-franca.
Já em algumas regiões da Amazônia, por exemplo, há situações em que diferentes povos indígenas e populações ribeirinhas falam o Nheengatu, Língua Geral Amazônica, quando conversam entre si.


Como surgiu a Língua Geral Amazônica?
A Língua Geral Amazônica desenvolveu-se nos séculos XVII e XVIII no Maranhão e no Pará, a partir da língua Tupinambá, falada em uma enorme extensão ao longo da costa brasileira.
Aos poucos, o uso dessa língua intensificou-se e generalizou-se de tal forma que a partir do início do século XVIII acompanhou a expansão portuguesa na Amazônia, estendendo o seu uso ao longo de todo o vale do rio Amazonas e afluentes. Subindo pelo rio Negro, a Língua Geral Amazônica alcançou tanto a Amazônia venezuelana como a colombiana.
Essa língua foi aprendida por grande parte dos colonos e missionários, sendo ensinada aos índios nos aldeamentos. Desde o final do século XIX, a Língua Geral Amazônica passou a ser conhecida, também, pelo nome Nheengatu (ie’engatú, “língua boa”).
O Nheengatu passou por muitas transformações, mas continua sendo falado nos dias de hoje, especialmente na região do rio Negro. Além de ser a língua materna da população ribeirinha, ela mantém o caráter de língua de comunicação entre índios e não-índios, ou entre índios falantes de línguas diferentes.

 Por que a diversidade de línguas é importante para a humanidade?
Porque cada língua reúne um conjunto de conhecimentos de um povo, saberes únicos. Assim a perda de qualquer língua é, antes de tudo, uma perda para toda a humanidade.

 Fontes de informação:
• Aryon Dall´Igna Rodrigues. Línguas Brasileiras – para o conhecimento das línguas indígenas (1986)
• UNESCO Vitalidade da língua e línguas em perigo de extinção (2003)
• Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília




quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vizinhanças híbridas em Belém

2 PPN 1
Renata Teodozio
Ismailana Moura
Victor Azevedo


O termo “Culturas Híbridas” pode ser definido como um rompimento entre as barreiras que separa o que é tradicional e o que é moderno, entre o culto, o popular e o massivo. Em outras palavras, culturas híbridas consiste na miscigenação entre diferentes culturas, ou seja, uma heterogeneidade cultural presente no cotidiano do mundo moderno. A modernidade é constituída de culturas híbridas, tal como a globalização. O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa facilitou consideravelmente essa hibridação.

A gestão de um espaço urbano marcadamente fragmentado, que produz e acentua desigualdades, coloca-se hoje como o grande desafio político ao poder público municipal. Aproveitar recursos, sempre escassos, quando se tem em vista a escala urbana a que se destinam e sobre a qual se deve atuar, implica a formulação de políticas públicas ancoradas em um sólido conhecimento da realidade e fortemente direcionadas a objetivos claros e específicos.


A abordagem anterior fala sobre a hibridização cultural que podemos identificar em um vídeo feito em uma importante rodovia da capital paraense. O vídeo aborda a proximidade de diferenças sócio-econômicas e mostra um condomínio de luxo que é vizinho de um conjunto habitacional de classe média baixa, o VT deixa claro essa diferença principalmente na estética dos dois lugares.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Multilinguismo na Amazônia

Diana Ramos Silva
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Lietrária
Unama- 2010
A região amazônica é guardiã de mistérios e de belezas, de cores e de encantos, de sabores e de cheiros bem particulares!
É neste cenário das diversidades, que se estuda e se observa o multilinguismo, que não permite estabelecer regras estanques, tampouco oficializar uma única língua, o português. Devemos valorizar as pluralidades lingüísticas de nossa região, sobretudo a pluralidade da língua indígena.

Vista aérea da aldeia Dimini do povo Yanomami
(pib.socioambiental.org)
As situações de multilinguismo na região amazônica mostram que o número de línguas usadas por um indivíduo pode ser bem diversificada, ou seja, existem os que falam e entendem mais de uma língua ou que entendem muitas línguas, mas só falam uma ou algumas delas. Isto resulta num caldeirão lingüístico rico e promissor ao estudo da sociolingüística, sobretudo quando se ratifica a importância do estudo das línguas dentro das práticas sociais.
Antropólogos, Sociolinguistas entre outros pesquisadores correlatos que estiveram em diferentes comunidades indígenas na região amazônica, depararam-se com usuários que falam apenas a língua indígena, com outros que só falam a língua portuguesa e outros ainda que são bilíngües ou multilíngües. Todas estas diferenças não impedem que as relações humanas sejam efetivadas, bem como as necessidades satisfeitas, pois as comunidades interagem e socializam-se, de modo que o multilinguismo acaba enriquecendo os vínculos sociais.

Etnia Maku (pib.socioambiental.org).
Segundo o professor Aryon Rodrigues: “Atualmente, no Brasil, são conhecidos dois grandes troncos lingüísticos: O Tupi e o Macro-Jê. Há também nove famílias lingüísticas que não são classificadas em troncos> Isso sem contar que existem sociedades indígenas que vivem isoladas, cujas línguas não são conhecidas. Mas ainda existem poucos estudos sobre as línguas indígenas no Brasil.”
Nos casos em que as comunidades indígenas elegem uma das línguas – chamada língua franca - a ser utilizadas por todos para superar barreiras de comunicação, há convivência nas aldeias do multilinguismo. Há casos em que o português funciona como língua franca, noutros em que o Nheengatuu – língua geral da Amazônia - passa a ser corrente nos grupos indígenas. Portanto, falar em língua portuguesa como língua oficial, é negar a riqueza cultural assim como a riqueza lingüística das comunidades indígenas


(pib.socioambiental.org).