Universidade
Federal do Pará
Instituto
de Letras e Comunicação
Faculdade
de Letras- FALE
Disciplina: Tecnologias Educacionais e Ensino de Língua Portuguesa
Disciplina: Tecnologias Educacionais e Ensino de Língua Portuguesa
Docente: Ivânia Neves
Cristina Queiroz, Delson Sales, Jane Carla,
Ruth
Helena, Iolanda Barbosa
INTRODUÇÃO
As matrizes africanas religiosas têm
percorrido um longo caminho na construção da cultura religiosa brasileira,
sendo praticadas também no estado do Pará, onde são referendadas com grandes
manifestações culturais. Essas manifestações estão presentes em todo o
território paraense, podemos citar entre eles a festa de Iemanjá- comemorada
pelos umbandistas paraenses todos os anos no mês de dezembro, realizada na
praia do Outeiro em Icoaraci, atraindo milhares de seguidores que fazem
oferendas e pedidos para Iemanjá.
FOTO 01: A Festa de Iemanjá em Outeiro Fonte: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/05/festa-de-iemanja-vira-patrimonio-cultural-imaterial-do-para.html. Acesso em: 01 jul. 2016 |
As religiões de matrizes africanas são
consideradas uma das principais culturas do País. Essas religiões de matrizes
africanas foram incorporadas à cultura brasileira há muito tempo, quando os/as
primeiros/as africanos/as escravizados/as desembarcaram no país e encontraram
em sua religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas,
conhecimentos e valores trazidos da África.
E, assim, como quase tudo que fazia parte
deste universo, tais religiões – apesar de sua influência e importância na
construção da cultura nacional – também foram perseguidas e, em determinados
momentos históricos, até proibidas. Atualmente, os ataques mais expressivos às
religiões de matriz africana vêm das chamadas religiões ‘neopentecostais’, que
comumente as rotulam de ‘culto aos demônios’, ‘crendices’ e ‘feitiçarias’.
Segundo Barbeiro, a transmissão a
heranças culturais entre gerações, a conversação dos jovens com herança
cultural acumulada ao longo de, pelo menos, 25 séculos e a outra, a
capacitação, a formação de capacidades, destrezas e competências que permitam
aos alunos sua inserção ativa no campo de trabalho e profissional. (2014, p.10).
Toda essa ignorância com relação a essas
culturas gera um ambiente propício para intolerância, proporcionando sofrimento
aos praticantes e a todos/as aqueles/as que fazem parte da população negra, que
tem os seus direitos de pertença e identidade racial muitas vezes negado em
função do racismo. Cabe à escola contribuir para amenizar esse tipo de
problemática, que inúmeras vezes ocorre dentro do ambiente escolar, gerando
desconforto e exclusão social até mesmo entre alunos.
Outra situação identificada é o
tratamento dado pelos organismos oficiais à afro religiosidade. Como exemplo
disso, pode-se citar a classificação pelo IBGE, no censo demográfico de 2000
para identificar os afros religiosos, a qual utilizou apenas a umbanda e o
candomblé, sem contemplar as outras nações existentes. Isso é considerado pelos
afros religiosos, como um a fator que dificulta a auto identificação daqueles
que possuem nações diferentes. O que por sua vez vem repercutir no registro do
número de pessoas que praticam a afro religiosidade em Belém.
Esse movimento continua com forças até os
dias de hoje, contudo vem de encontro com o grande preconceito que existe na
nossa sociedade dividindo a opinião das pessoas dentro uma mesma classe social
e religiosa. Naturalmente o tema ressalta a relação diversificada nas questões
religiosas, principalmente voltada às matrizes africanas e desenvolve cada vez
mais ações e reações preconceituosas nas relações raciais e religiosas que se
originaram a partir de crenças, segundo Paulo Freire (1996)
Quão ausentes da
democracia se acham os que queimam igrejas de negros porque, certamente, negros
não tem aula. Negros não rezam. Com sua negritude, os negros sujam a
branquitude das orações. A mim me dá pena e não raiva, quando vejo a arrogância
com que a branquitude de sociedades em que se faz isso, em que se queimam
igrejas de negros [...] (FREIRE, 1996, p. 17)
Em geral, numa mesma sociedade,
notamos nítidas diferenças e preconceitos dentre relações religiosas,
principalmente relacionadas às matrizes africanas, realidade esta que deve ser
mudada através de uma prática docente que valorize as culturas sociais e
religiosas. No entanto, nas de sala de aula costuma separar ou não esclarecer
os problemas teóricos em práticas de éticas que deveriam conscientizar com atos
e efeitos como: liberdade, valores, leis dentre outras diversidades culturais e
religiosas, visto que na vida real eles não aparecem separadamente, estão
interagindo em nossas vidas.
Um fator preocupante é que alguns
pais por não conhecer o assunto tratado acabam incentivando o preconceito
religioso, assim incentivam esse tipo de preconceito dentro de casa e os
filhos aprendem que seu modo, sua cultura, sua cor é o considerado superior aos
demais. Hoje temos visto com frequência os inúmeros casos de violência que vem
atingindo a sociedade, na maioria das vezes as vítimas são pessoas negras e de
classe social baixa
Dessa forma como relata Martín- Barbero, a escola
continua consagrando uma linguagem retórica e distante da vida, de suas penas,
suas ânsias e suas lutas, tornando absoluta uma cultura que asfixia a voz
própria. (2014 p.25)
Nesse redimensionamento, o
acesso tecnológico à informação e comunicação desenvolvem mudanças sociais e culturais
originadas e infiltradas no âmbito educacional, que deve possibilitar a
construção de novos comportamentos e concepções pedagógicas voltadas ao ensino
aprendizagem. Certamente que as tecnologias com seu poder de aquisição denotam
estas acessibilidades na vida da humanidade. Para justificar este
posicionamento, cito um trecho do livro “ Cultura da Convergência, de Jenkins(2009,
p.28).
A
convergência não ocorre por meios de aparelhos, por mais sofisticados que
venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores
individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de nós constrói a
própria mitologia pessoal, a partir de pedações e fragmentos de informações
extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais
compreendemos nossa vida cotidiana
Desde a descoberta e
apropriação colonizadora dos portugueses, tornou-se marcante a dependência da
incomunicabilidade e divisões relacionadas, implantadas nas questões das
religiões matrizes africanas, um fenômeno cultural da América Latina. Nesse
âmbito, segundo Martín- Barbero( 2014 ,p.22): “O negro, policiado, cantava na
noite a música de seu coração, só é desconhecido, entre as ondas é as feras.”
Para finalizar deixamos o seguinte vídeo para observação de um ritual afro religioso realizado em Belém do Pará.
Para finalizar deixamos o seguinte vídeo para observação de um ritual afro religioso realizado em Belém do Pará.
PLANO DE AULA
Público- alvo: Alunos do 2º Ano do Ensino Médio.
Duração: 5 aulas de 45 min cada
Duração: 5 aulas de 45 min cada
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
OBJETIVO GERAL
- Ampliar o
conhecimento e o respeito pelas matrizes africanas valorizando o papel do negro
na construção da cultura afro religiosa da cidade de Belém.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Refletir sobre a construção das matrizes religiosas africanas da cidade de Belém.
· Conhecer as matrizes religiosas africanas, e os diversos tipos de religiões africanas.
· Produzir um texto sobre o preconceito religioso existente na sociedade belenense.
· Analisar vídeos e imagens sobre os eventos realizados na cidade de Belém destacando suas principais características culturais.
· Aprimorar a leitura, a criatividade, a tolerância e o respeito a cultura do outro.
· Identificar os principais grupos afros religiosos da cidade de Belém.
· Valorizar a cultura religiosa da cidade de Belém.
· Elaborar estratégica de produções (uma a uma)
· Desenvolver atitudes de interação, de colaboração e de troca de experiências em grupos.
CONTEÚDOS: As
matrizes religiosas africanas, a cultura,
gêneros textuais, leitura compreensão e interpretação textual.
JUSTIFICATIVA
As religiões de matriz
africana foram incorporadas à cultura brasileira com a chegada dos primeiros
povos escravizados que desembarcaram no nosso país e encontraram em sua
religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas, conhecimentos e
valores trazidos da África. As Religiões de matriz africana são as religiões cuja essência teológica
e filosófica são oriundas das religiões
tradicionais africanas
e podem ser divididas em dois tipos: as religiões tradicionais africanas e as religiões afro-americanas.
No Pará Missionários em defesa da
liberdade dos nativos, criou condições para a importação de escravos africanos,
para resolver problemas com a mão-de-obra no período da colonização no
Grão-Pará, Portugal buscou resolver o problema com a escravidão negra
africana. A sociedade colonial na
Amazônia, ao longo dos séculos XVII ao XIX, não era voltada para as atividades
coletoras e comerciais das “drogas do sertão” e do uso da mão-de-obra indígena,
diante deste quadro a mão-de-obra africana desempenhou diversas atividades na
região do Grão-Pará e Maranhão.
Em pesquisa documental, realizada
pela professora Anaiza Virgulino (UFPA) no Arquivo Público do Pará, ela
constatou que, no século XVIII, foram os negros os trabalhadores das lavouras,
sobretudo do arroz, do açúcar, do cacau, dos roçados e da produção da farinha.
“Mas, indubitavelmente, foram os serviços das fortificações militares que
absorveram grande parte dessa mão de obra do período, no então Estado do
Grão-Pará e Maranhão”, explica a pesquisadora.
Um dos preconceitos mais comuns quanto aos
africanos e aos afrodescendentes é com relação às suas práticas religiosas e a
um suposto caráter maligno contido nelas. Esse tipo de afirmação não resiste ao
confronto com nenhum dado mais consistente de pesquisa sobre as religiões
africanas e a maioria das religiões afro-brasileiras. Nelas, todas as
divindades são ambivalentes, não se simplificam na dicotomia bem x mal.
(BRANDÃO, 2006, p. 29). Dentro deste contexto, pretendemos discutir e estudar a
cultura e religiosidade africana no segundo ano do ensino médio, possibilitando
a aquisição de conhecimentos mais amplos e transformadores referentes à
realidade histórico- cultural de povos ou grupos estabilizados na cidade de
Belém que negam a realidade do outro, a cultura do outro, a religião do outro,
que se arrasta por séculos construídos com fundamentos preconceituosos,
racistas e discriminatórios, promovendo assim, uma reflexão sobre as matrizes
religiosas africanas estabelecidas na cidade de Belém.
RECURSOS DIDÁTICOS
Computador, internet, data show, quadro
branco, pincel atômico, cola, tesoura, lápis de cor, material reciclável, giz
de cera, tinta guache, tinta a base d`agua, ETC.
RECUROS
HUMANOS
Professor e alunos
METODOLOGIAS
1º
momento
Roda de
conversa para diagnosticar o conhecimento prévio dos educandos sobre o tema em
estudo, em seguida fazer a apresentação de um vídeo expositivo (VÍDEO O1) sobre
as matrizes africanas religiosas. Vale
ressaltar aqui a importância de dialogar com o aluno a fim de trocar
conhecimentos, essa troca de conhecimento possibilita ao educando uma nova
visão e interação com o meio em que está inserido. Para Paulo Freire (1996, p.
12):
É
preciso, sobre tudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o
formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se
como sujeito também da produção do saber se convença definitivamente de que
ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção.
2º
momento
Apresentar aos alunos através de imagens as diversas práticas religiosas envolvendo as matrizes africanas, fazendo comparações, entre as diferentes manifestações culturais presentes no município de Belém.
Apresentar aos alunos através de imagens as diversas práticas religiosas envolvendo as matrizes africanas, fazendo comparações, entre as diferentes manifestações culturais presentes no município de Belém.
3º
momento
Propor aos alunos um trabalho
de pesquisa relacionado às religiões de matriz africana seria interessante
dividir os alunos em grupos, cada grupo pesquisaria uma das matrizes religiosas
aqui abordadas, identificando suas características e diferenças, e identificando
os principais pontos afro-religiosos na cidade de Belém.
4º
momento
Após as pesquisas os grupos
deverão elaborar uma exposição de todo o material pesquisado, interagindo
juntamente à comunidade escolar.
5°
momento
Música: Nas
Veias do Brasil - Beth Carvalho (Composição: Luiz Carlos da Vila)
Os negros
Trazidos lá do além-mar
Vieram para espalhar
Suas coisas transcendentais
Respeito
Ao céu, à terra e ao mar
Ao índio veio juntar
O amor, à liberdade.
A força de um baobá
Tanta luz no pensar
Veio de lá
A criatividade
Tantos o preto velho já curou
E a mãe preta amamentou
Tem alma negra o povo
Os sonhos tirados do fogão
A magia da canção
O carnaval é fogo
O samba corre
Nas veias dessa pátria - mãe
gentil
É preciso altitude
De assumir a negritude
Pra ser muito mais Brasil.
Análise da música ‘ Nas Veias do Brasil ’, de Beth Carvalho. Após a análise, formar
grupos a fim de que apresentem propostas de como a escola deve agir diante de
um caso de preconceito e o que fazer para combater o preconceito nas escolas.
REFERÊNCIAS
BARBERO, Jesus Martin. A comunicação na educação. São Paulo,
2014.Ed.contexto
JENKINS, Henry. “Cultura da
Convergência.” São Paulo. Ed.
ALEPH, 2009.
http://redeglobo.globo.com/acao/noticia/2013/03/cor-da-cultura-leva-os-costumes-afro-brasileiros-para-sala-de-aula.html. Acesso: 07 de jul. 2016
Blogdojuareezsilva.wordpress.com.
Acesso: 07 de jul. 2016
http://diversidadeetnica.blogspot.com.br/2012/08/letras-de-algumas-musicas-cultura-afro.html.
Acesso: 07 de jul. 2016
http://pt.slideshare.net/conego/a-cultura-negra-no-par.
Acesso: 07 de jul. 2016
https://www.youtube.com/watch?v=UPSdsSvb0Po.
Acesso: 07 de jul. 2016