sábado, 8 de janeiro de 2011

Tomé-Açu: Pará no coração, Japão na “ponta da língua”

Enok, Érica e Tiago
Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária
UNAMA - 2010




No estado do Pará, mais especificamente em Tomé-Açú foi o local onde os japoneses chegados ao Brasil resolveram se instalar de uma forma bem- sucedida. Ao contrário de muitos outros estrangeiros que não conseguiram grandes feitos em terras Amazônicas.

Tomé-Açu situa-se no nordeste paraense, no interior do estado, é a melhor representação da cultura japonesa na floresta Amazônica. A população local vive em casas típicas de sua cultura e aos domingos se reúnem em um templo budista como forma de manter sua religião. Nas escolas, fala-se e estuda-se japonês; mantêm o hábito de tirar os sapatos para entrar em casa e costumam praticar o sumô, que é uma paixão japonesa também faz parte da cultura local.

Na contramão dos processos de ocupação da Amazônia, Tomé-Açú desenvolveu-se economicamente muito além das perspectivas interioranas. Para os japoneses e seus dependentes o cultivo da terra está em primeiro plano, diferentemente de outros estrangeiros, que não tinham a mesma responsabilidade ambiental. Por conta disso, obtiveram êxito em seus empreendimentos e como conseqüência há um aumento populacional significativo, passando de 20.000 habitantes em 1970 para aproximadamente 57.000 em 2010, segundo dados do IBGE.


Em Tomé-Açu, além da economia e da agricultura, destaca-se também o sistema educacional japonês, que é financiado diretamente pelo governo do Japão, como forma de manter viva a cultura oriental mesmo estando tão longe de sua origem. As escolas “nippo-tomeaçuenses” ensinam história, geografia e músicas japonesas, sem esquecer, é claro, do ensino prioritário da língua do Sol nascente.

A educação ocorre desta maneira para que não aconteça um “choque” cultural (Brasil-Japão), por isso, o governo japonês investe pesado nesse sistema de ensino. Através da escola consegue de maneira eficaz manter cada vez mais viva a cultura nipônica, integrando tomeaçuenses nativos e nippo-tomeaçuenses no mesmo modelo escolar.


Depois de trazer para o Brasil a pimenta-do-reino e a acerola, fruta muito popular hoje nas grandes cidades, e de aprender a cultivar maracujá e guaraná, os japoneses de Tomé-Açu contribuíram ainda para a pluralização lingüística no norte do Brasil. É louvável a introdução de uma língua rica, com múltiplas formas, diversos caracteres e um desejo inestimável por manter as tradições que se ressignificam no tempo e diante das mudanças de postura social. Tudo isso pelo prazer do cultivo da terra e respeito ao lugar que escolheram para também chamarem de seu: A Amazônia.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Hibridismo cultural em Belém

2PPN1

Fábio Braz
Iranilson Santarosa

Mistura de culturas, cada plano é um híbrido, constituído de figuras em migração permanente, onde já não se pode mais determinar a natureza de cada um de seus elementos constitutivos, tamanha é a mistura, a sobreposição, o empilhamento de procedimentos diversos, sejam eles antigos, sejam modernos, sofisticados ou elementares, tecnológicos ou artesanais.

O hibridismo se torna operativo hoje em dia nos estudos culturais através de três modelos, de duas funções culturais, e de formações políticas. O primeiro modelo se apresenta na fusão de elementos díspares com vista à criação de formas biológicas ou culturais inteiramente novas. O segundo numa constante interpenetração entre diferentes formas, cada uma das quais, no entanto, se mantém reconhecivelmente distinta por mais alterações que sofra no respectivo contexto sincretista. O terceiro põe uma causa a própria noção de diferença que se baseiam em dois anteriores, na medida em que propõe as formas hibridas não são senão o constante mistura do sempre já misturado. O modo de atuação do hibridismo do ponto de vista cultural em qualquer uma das três modalidades referidas tem sido objeto de duas teorizações fundamentais.
Para uns o hibridismo é algo que, inevitável e previsivelmente, faz parte absolutamente integrante de todas as formações culturais no seu normal trajeto desde que surgem e à medida que vão evoluindo e mudando ao longo do tempo e do espaço. Para outros se apresenta como algo de transgressivo, como uma força criativa capaz de abalar, desnaturalizar e até mesmo derrubar as formações culturais hegemônicas. As implicações políticas do hibridismo são objeto de uma luta encarniçada, de todos os lados se perfilando os seus defensores, os detratores, e os que se remetem as posições de ambivalência. A questão fundamental é saber como é que o hibridismo se articula com as relações de poder nas zonas fronteiriças situadas entre o que é diferente.
Procuramos mostrar um pouco do hibridismo de Belém através de pontos turísticos bastante conhecidos. Pode- se dizer que o hibridismo inicia firme em nosso estado quando houve uma grande influencia européia denominada de Belle Époque, época marcada por profundas transformações culturais que se traduziram em novos modos de pensar e viver o cotidiano.

O Ver - o - Peso dando origem ao nome do mercado, já que era obrigatório ver o peso das mercadorias que saiam ou chegavam à Amazônia, arrecadando-se os impostos correspondentes.

No final do século XIX e XX, o local que temos hoje por Complexo sofreu uma série de modificações tanto funcionais, quanto em sua paisagem se adaptando às necessidades e gostos da Belle Époque. Foi nessa época que houve aterramento em uma parte da Baía do Guajará, amplicação do Mercado de Carne, construção do porto e o Mercado de Ferro, lugares que possuem uma grande influência artistica neoclassica, art noveau e eclética (influência de paises como França, Espanha, Inglaterra entre outros países).

A estação das docas é um dos espaços que mais refletem a região amazônica. Referência nacional, o complexo turístico e cultural congrega gastronomia, cultura, moda e eventos nos 500 metros de orla fluvial do antigo porto de Belém. Os Boulevares foram resultado de um cuidadoso trabalho de restauração dos armazéns do porto da capital paraense. Os três galpões de ferro inglês são um exemplo da arquitetura característica da segunda metade do século XIX. Os guindastes externos, marcas registradas da Estação, foram fabricados nos Estados Unidos, no começo do século 20. Já a máquina a vapor em meados de 1800, fornecia energia para os equipamentos do porto. As ruínas do Forte de São Pedro Nolasco, onde foi construído um Anfiteatro, foram originalmente construídas para a defesa da orla em 1665. O espaço foi destruído após o Movimento da Cabanagem, em 1825, e revitalizado para a inauguração da Estação.