sábado, 12 de dezembro de 2009

Ganhadores do "Osga" 2009/2

O Festival Osga de Comunicação foi um sucesso! Esse ano teve a participação de alunos de quase todos os semestres do curso de Comunicação Social além das presenças ilustres dos nossos professores e coordenadores. Como jurados, tivemos a professora Manuela Vieira e o professor Roberto Moreira na árdua tarefa de julgar os mais de 15 filmes inscritos, entre eles comerciais, documentários, curtas e trailers. Foi uma grande diversão e o fechamento de um semestre de muito trabalho e dedicação. Os ganhadores do Osga 2009/2 foram:
  • Melhor Ator: Daniel Santos (Taco Warrios)
  • Melhor Atriz: Hadassa Ralha (Verdade ou consequência?)
  • Melhor Fotografia: Taco Warrios
  • Melhor Figurino: Sorte no Amor
  • Melhores Efeitos Especiais: Pandora
  • Melhor Roteiro: Verdade ou consequência?
  • Melhor Edição: Verdade ou consequência?
  • Maior Mico: A trava pede carona
  • Melhor Filme: A trava pede carona
Ainda tivemos como ganhadores o comercial "Havaianas" dos alunos da 6PPV, o documentário "Trânsito" da 7RPN e o "O caminho brasileiro para a Cidadania Indígena" dos alunos da 4JLM.


Alguns cartazes produzidos pelos alunos para promoverem os seus filmes.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A MORTE DOS HABITARES MÍTICOS

Agenor Sarraf Pacheco


Viagens pelos rios do imenso Vale Amazônico, mais precisamente pelo estreito de Breves, no lado ocidental marajoara, em olhares de relances acompanhamos um teatro vivo de uma mãe a chorar a perda de seus filhos. Trata-se da mãe-natureza diluída em lágrimas de sangue no silêncio da floresta saqueada. Neste cenário, homens escravizados, populações locais desfiguradas, espíritos das matas afugentados, culturas ribeirinhas invisibilizadas desvelam dramas de uma história subterrânea tristemente vivida por populações amazônicas de faces marajoaras, filhas das mestiçagens afroindígenas.

Nas avenidas aquáticas, tessitura de cartografias amazônicas, continuamos assistindo a passagem de empurradores e balsas abarrotadas de toras de madeira, apenas ao som das embarcações que nos transportam de lá para cá e daqui pra lá. Não há mais vozes ensurcedoras outroramente ouvidas por Dalcídio Jurandir, na saga dos viradores de madeira, quando denunciou em matéria jornalística de 1939 a exploração sofrida por morenos corpos humanos, atrofiados pela vigília da floresta derrubada. Hoje, entre nós marajoaras, a lei do silêncio impera. Decreta-se a morte dos habitares míticos.

Nessa esteira, sangradas pelos instrumentos da cultura material rural, moderna e tradicional (potentes motores-serras, serrotões, machados, terçados) e em cicatrizes de cores artificiais para facilitar leituras de suas classificações, a floresta segue sua via-crúcis pelos rios da Amazonia Marajoara, destruída pelo ritmo da ganância de um capitalismo selvagem aposentado dos discursos acadêmicos, mas na ativa, vivo e voraz em territórios amazônicos.

Deitado em sangria rumo a outros portos, visibilizando estéticas do holocausto recriado em paisagens marajoaras, esse patrimônio natural leva consigo territorialidades de nosso patrimônio cultural e sensível. Os personagens lendários e míticos da mãe-natureza desaparecem de nosso imaginário à proporção que árvores de acapu, virola, quaruba, pau-amarelo, cedro, seus antigos habitares, são vencidos pela fúria do capitalismo industrial madeireiro em expansão e dominação nos quatro cantos de nossas fronteiras físicas e culturais amazônicas.

Esse processo fincou raízes no espocar da década de 1930, quando os seringais amazônicos foram aposentados e classificados como inúteis para a lógica mercadológica internacional. História semelhante vive nossos idosos, já que depois de longas décadas de trabalho foram escorraçados do direito à velhice, à memória e à transmissão de suas experiências e sabedorias.

Tal constatação faz lembranças de memórias narradas por antigos moradores do “abandonado arquipélago de Marajó” tomar conta de nosso interior. Uma dessas vozes insiste em não esquecermos suas proféticas palavras: “antes aqui existia muita visagem, depois que a luz elétrica chegou elas foram sumindo”. Ou histórias contadas por uma antiga curandeira, ligada ao mundo da encantaria que, ao ser questionada sobre o modo de vida na cidade do passado, sem titubear assinalou: “em outros tempos, os encantados caminhavam livremente pelas ruas da cidade. Fosse de dia, fosse de noite, facilmente encontrávamos Manoel das Flores, Tupinambá andando por aqui”.

Se um modo de vida urbanocêntrico, europeu, disciplinador e pretensamente modernizante, instalado na região marajoara com o alvorecer da década de 80, expulsou das antigas vilas o conjunto de entidades das matas e das águas, nos dias de hoje, esses seres paradigmáticos estão em apuros, pois suas vidas andam por um fio. Com isso, a morte da floresta e a poluição das águas, últimos redutos de vivência desses seres que povoam nosso imaginário mítico e são fontes para desconstruirmos cosmologias colonizadoras e dominantes, decretam que estamos na liminaridade de nossos modos de ser, acreditar, viver.

Diante da iminente morte dos habitares míticos, como amazônidas, paraoaras, marajoaras, o que estamos fazendo? Nossos diplomas, escritas e belos discursos estão sendo canalizados para que rios de vida e verdade? Este texto cumpre, portanto, uma missão: sem perder a capacidade de indignação, mesmo com poucas ferramentas para fazer frente à guerra em defesa da cultura e da vida de populações locais, seu tom poético é antes de tudo uma escrita de denúncia, politicamente comprometida com a escuta dos clamores de nossos irmãos de beiras de rios, lagos, igapós, várzeas e terras firmes, silenciados pelas vozes e desmandos de poderes recolonizadores.

Publicado em 11/12/2009

Festival OSGA de Comunicação


Professor Renato Nogueira


O “Osga”, como é conhecido, é um festival de vídeos que já vem sendo produzido desde 2005, e que começou com a finalidade de desenvolver os conhecimentos em edição não-linear (meio digital) de áudio e vídeo para alunos do terceiro semestre de publicidade e propaganda da Unama. Seu nome é uma brincadeira feita com um dos maiores festivais de filmes do mundo, o “Oscar”, e simboliza, de uma maneira bem divertida, a “maior premiação de vídeos da Amazônia”.

Esse concurso foi iniciado por alunos da universidade, até que os professores Ricardo Harada e Renato Malcher tiveram a idéia de institucionalizá-lo e transformá-lo em avaliação final. No primeiro ano, houve mais de trinta inscrições, tanto de alunos que deveriam participar do processo avaliativo como alunos de outros semestres, que ficaram interessados em produzir seus vídeos.

No mês da apresentação, que é marcado sempre no final de cada semestre ou uma vez por ano, são espalhados por toda a Universidade cartazes dos trailers e curtas que serão apresentados, chamando assim a atenção de outros alunos que também produzem os seus trabalhos para concorrer. Nesses últimos anos, já foram produzidos filmes que usaram até “Stop Motion”, técnica de animação onde são tiradas várias fotos, que quando colocadas em sequência, dão a ilusão de movimento resultando em um trabalho muito interessante.

No dia da mostra, as torcidas organizadas pelos alunos, os convidados e os concorrentes se encontram para uma noite de muita diversão e apreciação dos vídeos produzidos que concorrem em categorias já pré-estabelecidas, que são: melhor filme, melhor ator, melhor atriz, melhor roteiro, melhor fotografia, melhor figurino, melhore efeito especial, melhor edição e finalmente os prêmios mais esperado da noite, o de maior “mico” e melhor filme.

Nessa segunda edição do ano de 2009, o festival sofreu algumas modificações e foi aberto para as outras habilitações do Curso de Comunicação da Unama, as de Jornalismo e Relações Públicas, que participarão com vídeos produzidos durante o curso, reportagens e documentários, todos colocados em categorias específicas.

Esse ano, o Festival Osga de Comunicação terá a apresentação de curtas paraenses, alguns vídeos selecionados, culminando com os trabalhos dos alunos e será na Unama Br, às 19 horas, no Auditório 03 que fica na Br 316, Km 03 em Ananindeua – PA.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cassação do prefeito Duciomar Costa: "Ei, Al Capone! Vê se te orienta!"


Estamos no final do semestre e em breve muitos trabalhos de alunos aparecerão neste blog. Mas as notícias da cassação de Duciomar Costa e da liminar que lhe permite continuar como prefeito de Belém não podiam passar em branco no Breados.
Não vou, aqui , entrar nos méritos jurídicos da sentença e da liminar. Quero chamar à atenção a um outro aspecto do processo: sua implicação simbólica.
Nos últimos anos, a sensação que se abateve sobre os moradores de Belém foi de total apatia. A cidade está absolutamente sem governo e esta é uma realidade que podemos estender ao Pará, como um todo. O discurso do "nada vai mudar" e "nada pode ser feito" domina as conversas nas escolas, nas universidades, nos supermercados, na mesa de bar, no engarrafamento...
Voltei a morar em Belém, agora no segundo semestre de 2009 e era quase inacreditável que o prefeito houvesse sido reeleito. Quando perguntava para as pessoas do porquê desta reeleição, as respostas eram meio vagas: asfalto na periferia, negociação de cargoos comissionados... Nada de supreendente. O que surpreendia mesmo é o estado em que a cidade se encontra: lixo espalhado pelas ruas, atendimento à saúde absolutamente sucateado e claro, o caos do trânsito, dentre tantos outros problemas graves. Simultaneamente, os escândalos de desvio de verba.
Parecia que nada podia mudar a situação. Simbolicamente, depois que Belém não conseguiu ser sede da Copa, parace que a cidade mergulhou  num total descrédito.
Agora, a cassação de Duciomar. Não foi por nenhum dos processos a que ele responde por fraudes, desvios de verba. Foi cassado no estilo Al Capone, como me dizia uma amiga do Direito.
Não sei no que vai dar. Vamos aguardar a dança da justiça e o bailado dos advogados. Também não crio expectativas em relação ao outro grupo que poderá assumir a prefeitura. Minha questão continua no nível do simbólico: se a cassação se efetivar, a sensação muda. Muito provavelmente vamos poder voltar a acreditar que a cidade pode melhorar, que o engarrafamento pode diminuir... E, que, principalmente, quem estiver no poder pode ser destituído...
Quando as Torres Gêmeas ruíram naquele fatídigo 11 de Setembro, ruiu também o discurso de que os Estados Unidos eram inabaláveis. Quem sabe esta cassação possa fazer ruir o discurso do inabalável e do "nada vai mudar" e "nada pode ser feito" entre nós! Os mais céticos vão me julgar romântica, mas por que não acreditar? A quem interessa não acreditar que é possível mudar?
Vamos Aguardar!
Ivânia Neves