UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO
FACULDADE DE LETRAS
DISCIPLINA: RECURSOS TECNOLÓGICOS
PROFESSORA: Drª. IVÂNIA NEVES
OFICINA
Prhyscilla Rodrigues
Merissa Ribeiro
Carolina Abdon
PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM MÍDIAS SOCIAIS
Preconceito linguístico nas mídias sociais de Carolina Abdon
INTRODUÇÃO
O Brasil, como uma democracia jovem, tem passado
por diversas mudanças sociais em um curto período. Conseguimos perceber que
tais mudanças se tornaram evidentes na última década, com a inegável inclusão
digital e econômica de classes outrora esquecidas. No entanto, a diferença
histórica educacional comum a toda América Latina ainda prevalece e, mais
ainda, torna-se evidente com os meios de comunicação e tecnologia.
Podemos dizer então que somos frutos da desigualdade
social e econômica daqueles que nos colonizaram e nos vetaram a possibilidade
de pleno crescimento e aprendizado. O marginalizado busca desde então um modo
de adentrar onde, primeiramente, não havia sido convidado, onde não era
desejado. Na era digital, a demanda faz e produz aquilo que deseja em um
processo veloz de circulação de conteúdos e informações de variados tipos, ao
que damos o nome, segundo Jenkins (2009), de cultura participativa.
É a partir deste ponto de encontro entre o
marginal e o que está no centro cultural e intelectual que está o preconceito
linguístico, há anos sendo objeto de estudo de sociolinguística e outras áreas
da linguística em uma perspectiva social. Dentro desta perspectiva,
encontramos o conceito de variação linguística como o modo em que podemos nos expressar
de acordo com a nossa realidade social, cultural, e também dependendo do meio
em que estamos inseridos. Nesse sentido, é notável em nossa sociedade a forte
presença de marginalização daqueles que não se enquadram no padrão culto de
fala ou escrita, não importando classe social ou econômica que ocupe. É notável,
então que tal marginalização cultural e social tenha migrado no mundo real,
onde tal conduta se perpetua através de séculos de exclusão, para a realidade
virtual, onde o usuário é o próprio regulador daquilo que está sendo veiculado
e demandado.
A chacota com os diferentes falares de um país com dimensões continentais migraram também para o mundo online, ficando, por vezes, evidenciada a falta de conscientização do nosso próprio sistema educacional em reverter um processo que tem como objetivo "hermetizar" a língua em imutável e fechada a qualquer tipo de variação, priorizando aquilo que chamamos de "norma curta", a língua estudada, por meio de regras sem preocupação com uso ou os falantes de maneira geral, vedando a palavra geradora que Paulo Freire se apoia para construir uma pedagogia que liberte o aluno (e também o professor) para uma visão de mundo ampla e crítica.
A chacota com os diferentes falares de um país com dimensões continentais migraram também para o mundo online, ficando, por vezes, evidenciada a falta de conscientização do nosso próprio sistema educacional em reverter um processo que tem como objetivo "hermetizar" a língua em imutável e fechada a qualquer tipo de variação, priorizando aquilo que chamamos de "norma curta", a língua estudada, por meio de regras sem preocupação com uso ou os falantes de maneira geral, vedando a palavra geradora que Paulo Freire se apoia para construir uma pedagogia que liberte o aluno (e também o professor) para uma visão de mundo ampla e crítica.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2015.
JENKIS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Editora Aleph. Disponível em: http://lelivros.online/book/baixar-livro-cultura-da-convergencia-henry-jenkins-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/
MARTIN-BARBERO, Jesus. A
comunicação na educação. São Paulo: Editora Contexto, 2014.
BAGNO, Marcos. Preconceito
Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: edições Loyola, 1999.
CALVET Louis-Jean. Sociolinguística:
uma introdução crítica. São Paulo: Parábola, 2002.
PLANO DE AULA
Público-alvo: Alunos do 2º ano do Ensino Médio.
Duração: 20h, divididas em 5 aulas de 4h.
OBJETIVOS
Objetivo
geral
- Ampliar o conceito de certo
e errado que rodeia a Língua Portuguesa.
Objetivos
específicos
- Apresentar as variedades
linguísticas presentes no país.
- Debater acerca do
preconceito linguístico, tanto no campo oral como no campo escrito.
- Exercitar um posicionamento
crítico no aluno.
RECURSOS DIDÁTICOS
Datashow,
computador, recursos audiovisuais, material impresso, celulares, câmera
digital.
JUSTIFICATIVA
Nunca a informação foi tão
massivamente compartilhada e nunca tantas camadas da sociedade tiveram acesso
ao que é veiculado. Porém, o acesso à informação que está nas mídias sociais
não quer dizer que haja o mesmo acesso à educação e conscientização acerca da
linguagem que utilizamos no nosso dia a dia, em ambientes escolares ou mais
formais. O preconceito com o modo de falar migrou do cotidiano real para o
cotidiano virtual, onde percebemos que esta prática vem acompanhada de chacotas
e imagens em tom cômico para diminuir enquanto língua o uso da linguagem
coloquial. É nesse sentido que notamos a importância do debate e conscientização
por parte das próximas gerações que utilizaram mais ainda esses meios de
comunicação, para que o preconceito com o falar do interior, o falar regional,
as marcas da oralidade não sejam silenciadas pela língua hermética e cheia de
regras.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada está
dividida na carga horária de 20h, utilizaremos como como ferramentas principais
as redes sociais e tipologias/gêneros textuais diversos, com o intuito de
oferecer ao aluno um panorama do quanto o preconceito linguístico está presente
e sua consequente naturalização.
1ª aula:
- 1º momento (30 minutos): Introdução a respeito do tema “Preconceito linguístico”. Haverá uma discussão sobre o assunto, abordando um conceito teórico que explicará as causas do mesmo.
- ·
2º momento (1 hora): O grupo irá induzir os alunos a
pensar sobre o que pode motivar um indivíduo a cometer tal preconceito,
mostrando as diferentes variações linguísticas existentes.
- · 3º momento (10 minutos): A matéria televisiva intitulada
“Sotaques do Brasil”, que foi transmitida pelo “Jornal Hoje”, na Rede Globo,
será usada para evidenciar a discussão que ocorreu a respeito de variações
linguísticas.
- · 4º momento (1 hora): Os alunos, após assistirem a
matéria, participarão de uma espécie de “roda de conversa” e irão contar seus
relatos pessoais: se já presenciaram casos de pessoas que falam/falavam
“diferente” das demais em nossa região, assim como algum tipo de preconceito
linguístico com as mesmas.
- · 5º momento (1 hora): Depois de alcançada a intenção do
grupo com os alunos, será discutida a percepção sobre a diversidade linguística
existente em nossa região.
2ª aula:
- ·
1º momento (30 minutos): A continuação da oficina terá como marco
inicial duas imagens: um cartaz que surgiu nas manifestações de 2013 e um
“print” de uma conversa em rede social (Facebook). A primeira imagem mostra um
cartaz com os dizeres escritos propositalmente errados, onde um indivíduo cobra
uma melhor educação no país, já a segunda contém erros de grafia e
interpretação que acabou ganhando fins humorísticos devido a conversa inusitada
das duas crianças.
- ·
2º momento (1 hora): O grupo tem como objetivo fazer com
que os alunos discutam entre si a intenção de cada imagem citada anteriormente,
assim como os “erros de português” encontrados nas mesmas.
- ·
3º momento (30 minutos): Posteriormente, será mostrada uma
paródia de “Canção do Exílio”, famoso poema do autor brasileiro Gonçalves Dias.
A paródia, intitulada “Outra Canção do Exílio”, de Eduardo Alves da Costa, tem
a intenção de despertar nos alunos o humor e a crítica contidos no poema.
- ·
4º momento (40 minutos): Os alunos irão visualizar duas (2)
matérias de jornais paraenses (“O Liberal” e “Diário do Pará”) de grande
circulação na capital, apontando no decorrer da leitura o que mais chamou a
atenção dos mesmos.
- ·
5º momento (1 hora): Após a leitura das duas (2)
matérias, o grupo fará com que eles discutam quem produz cada tipo de matéria e
onde esses jornais mais circulam, assim como sua “acessibilidade” e linguagem.
3ª
aula:
- ·
1º
momento (45 minutos): Debate sobre o discurso
de Dilma Rousseff sobre o Zika vírus, apresentando parte de uma transcrição do
discurso, feito pela ex-presidente Dilma Rousseff, que demonstra o quanto suas
colocações são alvos de preconceito. Em determinado trecho, o autor da transcrição
ressalta a pronúncia da ex-presidente em relação ao nome do mosquito vetor do
vírus, sugerindo um erro.
2º momento (30 minutos): Debate sobre a sátira relativa aos pronunciamentos da ex-presidente, utilizando como ponto de partida um meme, que nos permite observar a resistência, de parte da população, aos pronunciamentos de Dilma Rousseff, tidos como incompreensíveis por não utilizar uma linguagem formal.
3º momento (30 minutos): Explanação sobre o posicionamento do político Eduardo Jorge sobre a legalização da maconha, por meio de trecho de uma entrevista em que o cadidato se posiciona a favor da legalização da maconha, associada a um meme que sugere que o mesmo faz uso da substância, evidenciando, assim, o poder da linguagem midiática em vincular ideias.
4º momento (30 minutos): Exposição de uma postagem da página Divas Depressão, que demonstra o preconceito das pessoas com determinados discursos políticos.
5º momento (45 minutos): Leitura de trecho de reportagem do jornal O Globo, que deixa claro um pensamento hierárquico entre a linguagem formal/erudita e a linguagem coloquial/popular.
6º momento (2 horas): Discussão dirigida sobre os memes apresentados, seguido de atividade de verificação de aprendizagem.
4ª aula:
- ·
1º momento (30 minutos): Haverá a retomada de conceitos
linguísticos ligados à variação e uso em determinados ambientes, iniciando a
discussão acerca de como a juventude se comunica e quais marcas de linguísticas
mais se utiliza, se é formal ou informal.
- ·
2º momento (30 minutos): Exibição de vídeos sobre jovens e
protestos. O primeiro vídeo a ser discutido é “Protesto contra o GOVERNO Versão
Baile de Favela”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=RemC1NFUkTA.
Adiante, haverá a exibição do vídeo “Jovens e trabalhadores relatam motivações
em protesto ‘Fora Temer’”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=NGi2ego7B5Y.
Por fim, a exibição do documentário “Escolas ocupadas – A verdadeira
reorganização”, de Jimmy Bro, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=UxpwFW62i7M.
- ·
3º momento (30 minutos): Discussão acerca dos vídeos
exibidos sobre a linguagem dos jovens, o que os diferencia enquanto jovens, o
que está sendo reivindicado. Mais adiante, haverá a exibição de imagens de
protestos 1964 x 2016, seguindo de questionário oral sobre a história
democrática e educacional de nosso país.
- ·
4º momento (30 minutos): Leitura do texto “Resistir e
persistir”, de Vitória J. Monteiro Leite, aluna de uma escola ocupada em São
Paulo, a partir de seu próprio ponto de vista de como aquela experiência estava
sendo e como estavam fazendo a diferença, disponível em http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/11/opinion/1449840924_860395.html.
- ·
5º momento (2 horas): Produção em grupos de vídeo,
música, texto ou memes de protesto que leve em consideração o sistema político
e educacional atual e a linguagem típica do falar jovem, com piadas e
trocadilhos. De acordo com a mídia selecionada, haverá acompanhamento com cada
grupo formado.
- ·
6º momento (1 hora): Apresentação da produção para a turma
e finalização do dia de aula.
5ª aula:
- ·
1º momento (1 hora): Retomada dos principais
pontos que foram tratados ao longa da oficina.
- ·
2º momento (30 minutos): Momento destinado para dúvidas
dos alunos e outras colocações.
- · 3º momento (2 horas): Leitura do comando das atividades e momento para a realização individual do mesmo.
- ·
4º momento (30 minutos): Resolução conjunta da atividade, utilizando a técnica
da tempestade cerebral (brainstorming), em que os alunos possam expor
suas respostas.