sexta-feira, 26 de agosto de 2011

BELO MONTE: ANÚNCIO DE UMA GUERRA


A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte é um dos assuntos mais polêmicos atualmente. Ela seria implementada em um trecho de 100 km no rio Xingu, no estado do Pará, e se tornaria a terceira maior hidrelétrica do mundo, sendo a menos produtiva e mais cara.
O projeto nasceu por volta de 1975 e gera discussões divergentes e opiniões conflitantes até hoje. Seu custo estimado sairia em torno de R$ 20 milhões e a previsão de inauguração da usina é fevereiro de 2015.
Organizações sociais e ambientalistas prevêem lacunas e erros graves em sua formação. Eles afirmam que a construção da hidrelétrica irá provocar a alteração do regime de escoamento do rio, com redução do fluxo de água, afetando negativamente a flora e fauna locais e causando diversos impactos ambientais e socioeconômicos.
Outro importante fator que eles apontam é que a obra irá inundar permanentemente os igarapés Altamira e Ambé, que cortam a cidade de Altamira, e parte da área rural de Vitória do Xingu. A vazão da água a jusante do barramento do rio em Volta Grande do Xingu será reduzida e o transporte fluvial até o Rio Bacajá será interrompido, prejudicando comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem deste meio para chegar até Altamira em busca de recursos para sobrevivência.
Apesar de tantos impactos ambientais, muitos acham que a construção é imprescindível para o desenvolvimento do país, pois iria acarretar crescimento econômico e geração de energia elétrica. O projeto inclusive já foi alterado inúmeras vezes para que acate demandas da sociedade e seja aceito, e se torne viável em todos os aspectos.
Recentemente, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) autorizou a instalação da construção da usina. A liberação da obra foi marcada por polêmicas, tais como: queda de presidentes do instituto, manifestações agressivas de índios e de organizações não-governamentais e grande atraso. Segundo o IBAMA, o licenciamento "foi marcado por robusta análise técnica e resultou na incorporação de ganhos socioambientais". Entre eles, destaca o instituto, a garantia de vazões na Volta Grande do Xingu suficiente para a manutenção dos ecossistemas e dos modos de vida das populações locais.



Alunos do curso de Jornalismo da UNAMA: Amanda Maroja , Gabriela Gomes, Karina Bentes e Larissa Pampolha

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PARÁ: DIVIDIR OU NÃO?


A divisão do Pará em três estados é um assunto polêmico e que vem levantando opiniões divergentes desde que foi proposto. O estado se dividiria em Carajás, no sul e no sudeste paraense, e Tapajós, no oeste.
         O assunto está sendo amplamente discutido no país, pois existem muitas contradições a respeito desse caso. O assunto em questão apresenta ainda várias vantagens e desvantagens que poderão acarretar na decisão.
 
Uma matéria da Folha de São Paulo, publicada no dia 08 de maio, foca nos possíveis impactos econômicos que decorrerão da criação do Estado de Carajás, que com a divisão herdaria as maiores reservas minerais e os principais empreendimentos da empresa Vale instalados na região. Também teria a maior mina produtora de minério de ferro em operação no mundo, que fica localizada em Parauapebas. Também é explorada pela Vale. O jornal também lembra que a Tapajós e ao Pará sobrariam apenas reservas de bauxita, já que importantes reservas de cobre e níquel também ficam localizadas em Carajás.
A matéria publicada pela Folha ainda lembra que o estado de Tapajós ficaria com a usina hidrelétrica de Belo Monte. Quatro das cinco cidades mais impactadas pela obra fariam parte de Tapajós, incluindo Altamira e Santarém. 
            O Pará, por sua vez, ficaria com somente 20% do território, e poucas riquezas, o que não é nem um pouco vantajoso para a economia e turismo no estado. Porém, não foi feito ainda um estudo detalhado sobre os impactos que a divisão do Pará ocasionaria nas três diferentes regiões.
         Sendo o Pará um Estado de grandes dimensões, fica difícil de governar, muitos afirmam que a divisão viria em prol da gestão do estado. Mas , analistas como Fernando Luiz Abrucio discordam, já que aconteceu situação semelhante na divisão entre Tocantins e Goiás.
“O problema é que, em nome da autonomia, deixa-se de pensar em duas questões atuais da gestão pública brasileira. A primeira é que o momento exige maior eficiência nos gastos públicos, fazendo mais com menos. Cabe lembrar que o desmembramento vai gerar duas novas estruturas governamentais, replicando os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em cada um dos novos Estados. Os paraenses precisam saber deste custo para decidirem - afinal, supõe-se que serão eles que vão pagar a conta”, disse Abrucio.
         Além disso, também se especula os gastos que seriam necessários para manutenção dos dois estados, que no seu início precisariam de ajuda federal para conseguir se manter, o que custaria ainda mais aos cofres do governo brasileiro. 
As regiões sul, sudeste e oeste do Pará, por outro lado, são completamente favoráveis a criação dos dois novos estados, já que se dizem esquecidas pelo governo, que só olha para o Pará da capital.
Um plebiscito será realizado nesse caso, para que a população possa opinar e ajudar a decidir essa questão tão importante que poderá mudar o estado em que nós vivemos. 


Alunos do curso de jornalismo - Unama: Amanda Maroja, Gabriela Gomes, Karina Bentes e Larissa Pampolha 3JLM1

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O SILÊNCIO DAS VOZES QUE LUTAM

“Quando uma árvore está sendo cortada a seiva lembra sangue”

(Em sua última entrevista a Felipe Milanez, José Cláudio, morto dia 24 de maio suspira)

 
   Mais vidas foram retiradas, o clamor por justiça está cada vez mais ensurdecedor, não é de hoje que sindicalistas são, brutalmente, mortos por pistoleiros. A verdade é que existe uma lista, nomes de pessoas que lutam contra extração ilegal de madeira na região amazônica, essa pessoas estão “marcadas” para serem executadas por entrar em conflito com os interesses das empresas madeireiras. O casal que lutava a favor da preservação ambiental, já não luta mais. O caso da irmã Dorothy Stang pode servir como exemplo.
Assim como o caso da religiosa norte-americana, a luta dos sindicalistas também ganhou grande repercussão. José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, considerados sucessores de Chico Mendes, foram executados a tiros em uma estrada vicinal que leva ao projeto de assentamento agroextrativista, na Praia Alta Piranheira, área rural de Nova Ipixuna, no Pará.
     Silva era considerado sucessor de Chico Mendes, em referência ao líder dos seringueiros do Acre que foi morto em 1988 por sua defesa da Amazônia. O crime ocorreu na terça-feira (24/05) por volta das 4h30 da manhã, o casal de ambientalistas morreu na hora.
Tudo foi bem planejado, os pistoleiros ficaram aguardando o casal perto de uma ponte que fica no caminho da sede do Município. Para atravessa lá é necessário estar alerta, pois além de ser perigosa a travessia, já foram registradas várias ocorrências de crime. No final dessa ponte, uma ladeira encobre a visão de quem a atravessa, local perfeito para uma emboscada, eles se camuflaram no mato, em um ponto de onde era possível enxergar até o topo da ladeira e não ser visto. Perto da ponte, José reduziu ao mínimo a velocidade e conduziu a motocicleta com os pés. Assim que cruzaram o igarapé, foram surpreendidos pelos bandidos. O casal levou tiros de escopeta e de um revólver calibre 38, um dos bandidos puxou uma faca andou até José Cláudio que dava seus últimos suspiros e cortou um pedaço de sua orelha direita como prova do serviço realizado.
     Os seringueiros eram líderes do assentamento e combatiam a exploração ilegal de madeira na região. A Polícia Civil de Nova Ipixuna do Pará faz buscas na região atrás de pistas dos assassinos. Tanto José Cláudio e Maria tinham 54 anos, sentiam medo, pois sabiam que estavam jurados de morte. “as coisas estavam ainda piores”, declaração de Maria em uma conversa telefônica captada no início de maio, onde ela fala estar com muito medo das coisas piorarem. O apelo de Maria fica conhecido nacionalmente em outubro de 2010, quando a revista Vice divulgou trechos de uma entrevista feita por Felipe Milanez, “Eu sozinha eles não me pegam. Mataram a irmã Dorothy (Stang), mas não é o caso. Era uma freira, não tinha marido. Eu tenho um marido de personalidade forte. Que já teve momento de discutir com pistoleiro. Se pegar pega os dois”.
     A luta do casal se caracteriza pelo amor a Amazônia, o desejo de preservação da floresta está evidente em seus princípios. Assim que eles chegaram à região, tornaram-se a voz-ativa contra a concentração de terras, o contrabando de madeira e a produção ilegal de carvão. Acumularam muitos e poderosos inimigos: madeireiras, donos de carvoaria, grileiros, pecuaristas, industriais da siderurgia e até mesmo assentados como eles que se dedicam a extrair madeira de forma ilegal. Mas essas vozes foram caladas por pistoleiros que não temeram em nenhum momento qualquer que seja a punição, durante anos pessoas que lutam pela terra, pela preservação e reconstrução ambiental, são mortos diariamente.

Alunos do curso de jornalismo (UNAMA): Aline Seabra, Fernanda Brabo, Roberta Damasceno, Valquíria Lima, Mauro Tavernard e Renan Rollo

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CHORE, MAS CHORE EM QUILOWATTS



Belo Monte é um projeto de construção de uma das maiores das usinas hidrelétricas do Brasil, e a terceira maior do mundo. Ela contaria com uma grande potência planejada para ter capacidade de abastecer até 26 milhões de habitantes, que imaginando seria uma estimativa de abastecimento da cidade de São Paulo. O projeto de construção da hidrelétrica na bacia do rio Xingu vem sendo estudada há mais de 30 anos e envolve os estados do Pará e Mato Grosso.
A usina tem previsão de começar a fluir daqui a aproximadamente três anos. Seu custo estimado é de mais ou menos R$ 20 bilhões. Toda a grandiosidade do projeto é proporcional ao fervor quase religioso que passeia nas discussões nas ruas e entre os parlamentares. Discussões eloqüentes e pertinentes, mas que não assumem a racionalidade para si.
Muitos vêem a construção como um catalisador para o desenvolvimento do País. Pois além de sustentar o crescimento econômico com a geração de energia elétrica, o emprego e a renda referente ao local também seriam afetados. Os argumentos da modernidade do projeto, que foi modificado várias vezes em função de sua aceitação, que para os defensores do projeto seria viável no ponto de vista econômico e técnico, e atende ao crescimento da população.
A tecnologia usada na construção está evoluindo, pois em relação a outras a os impactos são muito menores, já que tinham lagos muito extenso, atingindo comunidades, fauna e flora com alagamentos. O projeto de Belo Monte aproveita mais a corrente de água e a velocidade do fluxo do rio. E em relação à agressão ao ambiente, comparativamente, as usinas se tornaram menos agressivas do ponto de vista ambiental.
É relevante apresentar os que encaram a construção da usina como uma bomba jogada na Amazônia. Já que a área é cercada por fauna e flora, por ter uma grande diversidade de espécies de animais, inclusive os ameaçados de extinção. Inclusive no município de Altamira (PA), eles isolam um ambiente aquático da bacia, e com a usina, irá haver um rompimento nesse isolamento, perdendo centenas de espécie.
A energia de belo monte é proporcionalmente menor, segundo dados do governo por conta das características do Rio Xingu, cuja suas águas ficam bastante reduzida em épocas de seca, além de não ter reservatório, ou seja, vai gerar energia de acordo com a quantidade de água do rio. O parque indígena do Xingu, os habitantes de Altamira, os índios e os ribeirinhos serão altamente prejudicados com a obra. E seria um desastre irreversível e irrecuperável nesse aspecto.
A nossa região não deve estagnar, e um desenvolvimento sem sustentabilidade continua sendo estagnação. Isso é como procurar óculos perdidos que estão na sua cara, dessa maneira que está procedendo essa discussão (a rigor das cenas na Câmara Legislativa, em Belém, dia 7 de junho). A passionalidade cega de progressistas e ambientalistas escamoteando a gana por dinheiro e preservação sacralizada, só nos leva a lamentar o rumo e as proporções que isto está formando. Antes ao invés de criar uma plataforma de embate político, ou um ringue como queiram, eles pudessem erguer o que resta de positivo é lúcido da corrente racionalista. Qualquer obra a ser levantada na contemporaneidade exige uma responsabilidade sustentável.

Trabalho apresentado pelos alunos de Jornalismo UNAMA: Aline Seabra, Fernanda Brabo, Roberta Damasceno, Valquíria Lima, Mauro Tavernard e Renan Rollo.