Edição do dia 07/02/2014
07/02/2014 10h19
- Atualizado em
07/02/2014 10h19
Duas em cada três escolas públicas não têm biblioteca, aponta pesquisa
Maioria também não tem laboratório nem sala de informática. Em regiões isoladas, entrega de livros é desafio. E há computadores parados há 2 anos.
No mês da volta às aulas, um estudo mostra que duas em cada três
escolas não têm biblioteca, laboratório nem sala de informática.
Há casos de computadores parados por causa de problemas simples. E a
dez dias para a volta às aulas, a entrega do material didático nas
escolas mais afastadas da Amazônia ainda é um desafio. Em Belém, são 50 minutos de estrada para chegar aoorto e ainda tem a travessia de barco.
Na Ilha de Cotijuba, carro não entra. Por isso, o transporte é feito
por charretes. E para que os livros cheguem até a escola mais distante
serão 45 minutos de viagem – no sacolejo.
Depois de todos os problemas com infraestrutura, em três horas o
material chega ao destino. Mas em algumas regiões pode levar até 10
dias.
“Dependendo da altura da maré, a gente tem que colocar esses livros no
ombro e conduzir até o trapiche para poder chegar à escola”, explica o
agente dos Correios Jorge Luis Nascimento.
Além dos livros, o Ministério da Educação
também oferece conteúdo digital aos alunos. Há computadores com
programas e jogos educacionais, ferramentas de pesquisa. O problema é
que, segundo os professores, as máquinas novinhas nunca foram usadas –
estão paradas há dois anos por falta de instalação.
“A sensação é triste porque eles me cobram muito. Eles dizem:
‘professora, o computador está aí, e quando é que vamos começar a
trabalhar nele?”, diz a professora Sandra Fernandes.
“Eu queria pesquisar sobre ciência, eu gosto, mas o computador ainda
não funciona aqui na escola”, lamenta a estudante Dielly Gonçalves.
A infraestrutura de mais de 157 mil escolas públicas foi avaliada por
um estudo do Movimento Todos pela Educação: 62% das escolas municipais
têm apenas os serviços essenciais como água, energia e saneamento.
E só 34% das escolas analisadas têm infraestrutura avançada – com
laboratórios, bibliotecas, áreas de lazer e acesso à internet.
Em Redenção, no sul do Pará, duas escolas estaduais possuem laboratórios de informática. Mas a conexão com a internet é lenta.
“Quando ligamos os 35 computadores, cai o sinal. Tem dias que não temos
acesso à internet”, conta a vice-diretora da escola, Márcia Corrêa.
Imagens: Bom Dia Brasil |
Para a pesquisadora em Educação Ivânia Neves, a maioria das escolas
públicas ainda não prioriza o uso de tecnologia: “Não é uma opção
didática, é uma necessidade cultural dentro do Brasil de hoje”.
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