As Histórias
da Amazônia
Discentes: Ignácio Silva
Nayara Nunes
INTRODUÇÃO
Atualmente, pouco vemos em escolas
brasileiras o trabalho com narrativas próprias da região norte. Histórias com
elementos provenientes da cultura indígena, por exemplo, que são intrínsecos à
nossa própria identidade nacional, têm sua visibilidade sobrepujada por estudos
literários de obras que constituem seu enredo com características de outras
regiões do país, principalmente as do sul e sudeste.
Ao lidarmos com estudos da
literatura, trabalhamos, sobretudo, com a interpretação de temáticas que
dialoguem com a construção do sujeito que a lê. O principal alicerce da
literatura é o próprio ato da leitura, que se constitui muitas vezes por um
sentimento único de identidade e percepção da verossimilhança com a realidade
social e espacial em que vivemos. Tomamos um enredo ficcional como “verdade” no
ato de leitura à medida em que vemos os traços de sua história em consonância
com nosso mundo real.
Logo, nada mais apropriado à
introdução de estudos referentes aos elementos narrativos, propriedades
fundamentais da literatura que são comuns a qualquer narrativa ficcional, do
que trabalhá-los por meio de histórias próprias da região amazônica, a fim de
aproximar o discente de sua própria cultura e desbravar as histórias da Amazônia.
JUSTIFICATIVA
Contrapondo
ao ensino tradicional da Língua Portuguesa, atualmente a educação brasileira,
em teoria, propõe uma abordagem inovadora quanto ao aprendizado da língua. Com
o professor assumindo um papel de mediador
entre o conhecimento e o aluno em um processo de interlocução, temos a
derrocada do clássico papel do docente como um sujeito autoritário dentro da
sala de aula. Se antes, nas escolas brasileiras, tínhamos o arcaico conceito do
ensino de português bem próximo ao de matemática, apresentando a língua por uma
série de regras em conteúdos pautados na gramática normativa e caracterizando-a
basicamente como um mero sistema de signos, hoje temos como aporte central de
ensino a comunicação e a competência discursiva dos alunos.
Com um ensino centrado na língua
como matéria para reais situações de comunicação por meio de gêneros, os alunos
agora são levados à visão crítica e reflexiva da própria língua e cultura. Levando em consideração os diversos atos comunicativos,
os discentes podem efetivamente ter o conhecimento da linguagem e adquirir a
habilidade de identificar e organizar diferentes discursos.
Nesse sentido, o ensino da linguagem pode ser trabalhado de diversas
maneiras; a escolhida para esse projeto é o estudo de elementos narrativos por
meio de contos e narrativas orais amazônicas. Os contos formam um gênero
textual altamente variado, apresentando diversas facetas que vão de dramas
psicológicos e subjetivos pertencentes, por exemplo, a escritores importantes e
consagrados da literatura nacional até aos contos/narrativas regionais, como o
do meio cultural amazônico, rico em narrativas orais oriundas do ambiente
natural do norte, como as do Curipira
e da Matinta Perera.
OBJETIVOS
● Discutir os principais conceitos do gênero (conto) e
os elementos narrativos pertencentes à narratologia ficcional (personagem,
tempo, espaço e narrador).
● Reconhecer os elementos característicos das
narrativas amazônicas e relacioná-los com outras expressões artísticas que se
utilizam da narratologia.
● Analisar o modo em que os elementos narrativos são
construídos em diferentes gêneros.
● Desenvolver a capacidade e
interpretação dos alunos.
METODOLOGIA
Primeiramente será feita uma abordagem teórica com os alunos sobre a
noção de gênero e a apresentação dos elementos narrativos com o uso de um
material apresentando de maneira breve algumas características fundamentais
desses elementos, introduzindo-os ao conteúdo da oficina. A aplicação teórica
do material será apoiada pelas explicações dos expositores, que esclarecerão os
conceitos aos alunos, estimulando-os em um jogo oral de perguntas e respostas a
um pensamento reflexivo acerca de como esses conceitos abordados na oficina
podem ser vistos e interpretados em variadas expressões artísticas. Em cada dia
de aula procuraremos manter o constante diálogo e participação dos alunos, de
modo que se portem de maneira ativa na aquisição dos conhecimentos abordados em
sala. Detalhamos os meios nos planos de aula.
RECURSOS
- Cópias impressas ou digitalizadas (em slides) dos
contos amazônicos;
- Vídeos relativos às narrativas supracitadas;
- Notebook e projetor;
- Pincéis para quadro branco.
AVALIAÇÃO
A avaliação será contínua durante toda a aula. Serão avaliados: a
participação, a produção individual e coletiva, o conhecimento da língua e das
narrativas. Além disso, os educadores estarão atentos à capacidade de memória e
concentração dos alunos para o exercício de leitura, interpretação e produção
de exercício durante o andamento do conteúdo.
Os critérios avaliativos estarão atrelados à apreensão do aluno acerca
dos conteúdos abordados em sala ao longo das atividades propostas em anexo. Os
exercícios elaborados de maneira dinâmica, por meio de imagens, vídeos,
produções textuais e conhecimentos de mundo do próprio aluno terão como
objetivo, além de estimular a capacidade de cada discente, avaliar a escrita, a
capacidade interpretativa, competência em apresentações orais e o
desenvolvimento dos conteúdos sobre os elementos narrativos e gêneros textuais.
PLANOS DE AULA
7.1. Plano de aula 1:
A partir deste
plano, esperamos que os alunos possam reconhecer o conto como um gênero textual
através da análise de sua forma e estrutura e pretendemos que os discentes aprendam
a usar sua criatividade, capacidade interpretativa e conhecimento de mundo por
meio da leitura de um conto amazônico, dialogando com o que já sabem de sua
cultura, e por discussões em turma. O plano é constituído por dois momentos de
5h de duração cada, dividido em dois dias e será o embasamento teórico da
oficina.
Momento 1:
Introdução ao gênero
Faremos uma leitura
em conjunto dos contos Matinta Perera e
Curupira e posteriormente explicaremos
as características fundamentais do gênero e dos elementos narrativos; faremos perguntas relativas às explicações para que os alunos respondam
oralmente. As perguntas devem abordar os seguintes aspectos do gênero textual:
- Análise
literária (reconhecimento dos elementos);
- Identificar
aspectos e características específicas do conto regional.
Momento 2: A
narratologia em diferentes mídias
Começaremos com a leitura em conjunto da narrativa urbana “A mulher do
Táxi”, a famosa narrativa belenense. Após a leitura, passaremos para os alunos
o vídeo sobre o conto “A Mulher do Taxi” e outras animações das lendas
anteriormente trabalhadas, com o objetivo de fazer com os alunos uma comparação
entre o vídeo e o conto lido.
Após o vídeo, faremos uma roda de conversa a fim de suscitar discussões
entre as diferenças na caracterização dos elementos narrativos nos diferentes
tipos de mídia, dialogando com a teoria trabalhada em sala.
7.2. Plano de aula 2
Assim como o
primeiro, o segundo plano também é constituído por dois momentos de 5h de
duração cada, dividido em dois dias. Nesta etapa, focaremos em momentos que
envolvam exercícios práticos na oficina, em atividades dinâmicas que envolvam a
capacidade criativa dos alunos em consonância com os conteúdos ministrados em
sala.
Momento 1: Narrativa
Dividiremos a sala em grupos e pediremos para que cada grupo crie ou
explique sua versão das narrativas trabalhadas em sala para posteriormente
compartilhar com a turma.
Esperamos que ao
final da aula eles elaborem narrativas orais com base no conteúdo teórico
discutido no primeiro momento, dialogando com as narrativas lidas e as de
conhecimento do próprio aluno.
Momento 2: Criações
No último momento, cada grupo terá
um tempo de adaptar as suas narrativas amazônicas para outros gêneros mais
diversos, como músicas, HQs ou pequenas encenações teatrais, gêneros estes que
serão apresentados aos discentes ao longo das explicações dos momentos
anteriores e, posteriormente, os alunos apresentarão suas criações para os
colegas de turma.
Uma alternativa à tarefa de
adaptação, é que cada grupo escolha um gênero diverso -que dialogue com os
conteúdos trabalhados em sala – e explique para a turma o seu conteúdo, como o
enredo de um filme ou a letra de uma música.
REFERÊNCIAS
CANDIDO, Antonio. A personagem de ficção. 7 ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.
NEVES, Ivânia. Narrativas orais indígenas em sala de aula: música, interação social e
transformação histórica. In: “Leitura: Teoria & Prática”, Campinas, São
Paulo, v.33, n.64, p.129-143, 2015
MOISÉS, Massaud. Criação literária: poesia e prosa. 2 ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
MOISÉS, Massaud. Análise literária. 19 ed.
São Paulo: Cultrix, 2014.
SILVA, Joel; NEVES, Ivânia.
Narrativas orais no Marajó das florestas:
memória Tupi em pelejas pela Amazônia Marajoara; In: “Boitatá”, Londrina,
n. 12, p. 13-28, jul-dez, 2011.
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