Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina: Ensino e Aprendizagem I
Docente: Ivânia Neves
Elaine Kallice
Larissa Ribeiro
Rosivaldo Pires
Conceito
sobre os gêneros sexuais ao longo da História
Durkheim
(1987 Apud SÁ, 1993, p. 21) nos informa sobre uma teoria de representações: as
Representações Coletivas. Onde esta teoria lhe seria eficaz para respostas a
fatos como a religião, os mitos, a ciência; fatos ligados a relação do “eu” com
o “outro”. Entende que as representações coletivas constituem:
[...]
o produto de uma imensa cooperação que se entende não apenas no espaço, mas no
tempo; para fazê-las, uma multidão de espíritos diversos associaram,
misturaram, combinaram suas idéias e
sentimentos; longas séries de gerações acumularam aqui suas experiências e
saber.
Assim, a teoria das Representações, seria apenas uma parte
das explicações para a sociedade ou até mesmo, pode-se dizer, do indivíduo.
Onde este é portador das dinâmicas pertencentes a um fluxo de ideias e
atitudes, podendo assim proporcionar as mudanças para um melhoramento social.
Com isso, a teoria das Representações Coletivas se aplica como suporte básico
nas interações coletivas.
Para melhor explicação, Durkheim, foi buscar respostas nas
religiões primitivas, onde estas religiões apresentariam representações também
encontradas nas religiões mais elaboradas. E que por consequência as outras formas
de conhecimento social derivariam da própria religião.
Entretanto, com o passar dos anos e com o avanço nas
sociedades, novos fatos colocaram à prova as teorias das representações.
Moscovici (Apud SÁ, 1993, p. 22), para uma melhor explicação, diferencia sua
teoria com a de Durkheim, onde comenta que
As
representações em que estou interessado não são as de sociedades primitivas,
nem as reminiscências, no subsolo de nossa cultura, de épocas remotas. São
aquelas da nossa sociedade presente, do nosso solo político, cientifico e
humano, que nem sempre tiveram tempo suficiente para permitir a sedimentação
que as tornasse tradições imutável. E sua importância continua a crescer, em
proporção direta à heterogeneidade e flutuação dos sistemas unificadores – ciências
oficiais, religiões, ideologias – e às mudanças pelas quais eles devem passar a
fim de penetrar na vida cotidiana e se tornar parte da realidade comum.
As representações sociais terminam por constituir o
pensamento em um verdadeiro ambiente onde se desenvolve a vida cotidiana. Os
indivíduos não são apenas receptores de pensamentos e ideias, processadores de
informações, muito menos possuidores de ideologias ou crenças, mas indivíduos
que são pensadores ativos, capazes de mudar sua própria realidade, formando
suas próprias representações.
Se para Durkheim (1987 Apud SÁ, 1993, p. 22) a relação entre
representações individuais e coletivas tomou a forma de uma oposição radical,
para Moscovici (1988 Apud SÁ, 1993, p. 24) o fato de tratar a representação social
como uma elaboração psicológica e social e de abordar sua formação a partir da
perspectiva: sujeito-outro-objeto.
Assim, mudou a maneira de se conceituar o sujeito em sua
relação com a sociedade. A relação indivíduo/sociedade, inicialmente formulada em
termos de oposição entre agentes e estrutura social, toma uma nova roupagem,
juntando para se completarem. Essas refletem os conceitos de papel, de estatuto
e dependem de processos de socialização.
Tornar o indivíduo como agente supõe-se dizer que se reconhece
um potencial para escolher suas ações, fazendo com que este escape do modo
estático no pensar diante das pressões ou “envergonhamento” social e possa
intervir de maneira autônoma, no sistema social, como possuidor de suas
próprias ações e decisões.
Sabe-se que as representações sociais estudam a relação do
indivíduo-sociedade e seu papel. Para tanto, será usada tal teoria para a
explicação do empoderamento social da mulher, utilizando também a Teoria de
Gênero.
No
início da década de 70, as feministas anglo-americanas passaram a utilizar o
conceito de gênero como categoria analítica e componente de um esforço teórico
para ir além de conceitos como homem/mulher, somente assim, a fim de responder
às questões em torno da dimensão social.
Segundo
Scott (1995, p.72), elas “queriam enfatizar o caráter fundamentalmente social
das distinções baseadas no sexo. A palavra indicava uma rejeição do
determinismo biológico implícito no uso de termos como ‘sexo’ ou ‘diferença
sexual’”.
Com
isso o conceito de gênero adquire, então, um caráter político, além de
histórico e analítico. Portanto, mantém-se a concepção de gênero constituído na
ênfase dada fundamentalmente social destacada na construção social e histórica,
produzida sobre as características biológicas. Para tanto, conclui-se que é no
campo social que se constroem e se reproduzem relações entre mulheres e homens,
notadamente desiguais. Portanto, supera-se as respostas para as desigualdades
baseadas no “sexo”, uma vez que tais desigualdades são explicadas, segundo
Louro (1998, p.22), “nos arranjos sociais, na história, nas condições de acesso
aos recursos da sociedade, nas formas de representações”.
Se
formos observar o conceito de gênero, passa-se a destacar o caráter relacional,
ou seja, a relacionar também aos homens. Quando empregamos o conceito de
gênero, devemos considerar que as condições feministas e masculinas têm um
histórico e um espaço cultural. De acordo com Louro (1998, p.23),
[...]
observa-se que as concepções de gênero diferem não apenas entre as sociedades
ou os momentos históricos, mas no interior de uma dada sociedade, ao se
considerar os diversos grupos (étnicos, religiosos, raciais, de classes) que a
constituem.
Só
no final dos anos 80 as feministas brasileiras começaram a utilizar o termo
“gênero”, como características fundamentalmente sociais e relacionais,
impulsionando uma importante transformação nos estudos feministas.
Por
fim, a sociedade gira em torno dos sujeitos, assim como somos produtos de suas
ações. Acarretando a reformulação de suas aprendizagens e também de seus papéis
sociais. Ao passo do que a sociedade muda, os modos de agir também mudam.
Discursos homofóbicos no contexto midiático
Fobia (de origem grega: fobos
- "medo", "aversão irreprimível") serve para denominar um
“medo irracional”. A palavra homofobia serve para
designar a repulsa ou o preconceito contra a homossexualidade e/ou o
homossexual. Atualmente é usada para indicar a discriminação às minorias
inseridas na sigla LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais,
transgêneros, travestis e intersexuais). O termo teria sido usado pela primeira
vez nos Estados Unidos em meados dos anos 70 e foi difundido ao redor do mundo
a partir dos anos 90. Mas, ao longo da história, foram usadas inúmeras
denominações para mencionar a homossexualidade, nomes que demonstravam o
caráter preconceituoso das sociedades que criaram termos como: pecado mortal,
perversão sexual, aberração, abominação.
A homofobia, assim
como outras formas de preconceito, pode ser entendida como o ato de colocar a
outra pessoa, no caso, o homossexual, em condição de anormalidade, de
inferioridade, baseada na ideia de que a heterossexualidade é uma norma. A
homofobia também é caracterizada como crime de ódio, crime motivado pelo preconceito,
que ocorre quando a vítima é escolhida intencionalmente por pertencer ao grupo
em questão. Porém, deve-se compreender a legitimidade da forma homossexual de
expressão da sexualidade humana.
Deste modo, podemos
compreender a complexidade do fato da homofobia, que compreende desde as conhecidas
“piadinhas” com a intenção de ridicularizar até ações como violência e assassinato.
A homofobia inclui ainda uma visão patológica da homossexualidade, submetida a
olhares clínicos, terapias e tentativas de “cura”.
O Supremo Tribunal
Federal, em maio de 2011, legalizou a união estável entre pessoas do mesmo sexo
no Brasil. Apesar das conquistas no campo jurídico, a homossexualidade continua
enfrentando preconceitos, pois o reconhecimento legal da união homoafetiva não acabou
com a homofobia, nem protegeu inúmeros homossexuais de serem
rechaçados, muitas vezes de forma violenta.
E
para que essa violência seja combatida é necessária a intervenção do professor,
como (um dos) sujeito responsável pela formação do discente, inserindo em seu
plano pedagógico debates acerca da homofobia, adequando tais debates aos
discursos tendenciosos que circulam nas mídias sociais.
Assim, para Henry Jenkins (2008), a
convergência midiática adapta os meios de comunicação para a internet, o cyber
espaço, e ele se torna uma ferramenta de interação e difusão de conhecimento. Baseados
no conceito de cultura de convergência (JENKINS, 2008), analisamos e discutimos
sobre a relação das mídias e o tema da homofobia. Em tempos de mídias sociais
devemos avaliar os dois lados da moeda: pontos positivos/ pontos negativos do
uso da internet. Vigora na parte negativa o uso do espaço virtual para prática
de violência, também chamado de cyberbullying - quando o espaço virtual é usado
para ofender, humilhar, intimidar, hostilizar uma pessoa. Infelizmente é fácil
encontrar discursos de ódio contra minorias nas redes sociais e outras mídias.
Para Martin-Barbero (2014, p. 143), “o processo de aprendizagem escolar
não pode se desligar do exercício de cidadania”, visto que,
em uma
sociedade cada dia mais moldada pela informação e seus ambientes de redes
virtuais com suas novas habilidades cognitivas e comunicativas, o direito à
palavra e à escuta públicas passa inevitavelmente hoje pelas transformações
tecno-culturais da comunicação.
Desse modo, é possível usar as mídias para interagir com os alunos e
ajudá-los a transformar princípios e valores em atitudes que beneficiem a
sociedade, como o respeito ao próximo, independentemente de sexo, raça, cor,
crença, etc. E esse posicionamento profissional se torna latente quando tomamos
Paulo Freire (2011, p. 41) para pensar que “ensinar
exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Organização de Alexandre Moraes. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
FREIRE, Paulo, Pedagogia da autonomia:
saberes necessários á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência.
São Paulo: Aleph. 2008.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. A comunicação na
educação. Trad. Maria Lopes e Dafne Melo. São Paulo: Contexto, 2014.
PLANO
DE AULA
Público-alvo: Alunos do
3º ano do ensino médio.
Duração: 225 horas (5
aulas de 45 minutos cada).
OBJETIVOS
ü Objetivo
Geral: Analisar discursivamente os discursos sobre a homofobia nas mídias
sócias.
ü Objetivos
específicos:
- Proporcionar uma abordagem histórica e evolutiva do conceito de gênero;
- Selecionar diferentes enunciados midiáticos que envolvem o conceito de gênero;
- Cotejar diferentes discursos sobre as práticas homossexuais;
- Proporcionar o desenvolvimento da consciência crítica a respeito da diversidade de gênero;
- Trabalhar a linguagem nas mídias sociais, com enfoque em comunidades homofóbicas;
- Diferenciar os padrões de escrita das mídias sociais em comparação a da gramática normativa
- Utilizar adequadamente as conjunções e os pontos em seguida;
- Produzir textos dissertativos sobre diversidade de gênero e homofobia.
RECURSOS
DIDÁTICOS
Datashow,
computador, recursos áudio-visuais. material impresso.
JUSTIFICATIVA
A informatização comunicativa se modifica com rapidez constante, por isso é
necessário que o educador também adeque seu ambiente de trabalho a esta nova
demanda, permitindo ao aluno o uso consciente de ferramentas populares, como o
celular, de maneira que o auxilie em pesquisas dentro de sala de aula. Para
tanto, é indispensável a articulação entre variados saberes. Neste trabalho
buscamos fazer essa articulação entre o discurso que circula na empresa
midiática, a gramática normativa e a questão homofóbica; esta é a base para os
demais tópicos, partindo de texto jornalístico e de vídeo, colhendo fatos
ocorridos nos limites da capital paraense, os quais mostram como são tratados
alguns cidadãos homossexuais em Belém. Em seguida, verificamos alguns ‘posts’
de comunidades ou grupos e analisamos seus discursos.
METODOLOGIA
1º
Momento
Na
primeira aula será apresentado e lido um texto de jornal sobre o tema
homofobia, seguido de vídeo e de debate acerca do mesmo tema, ouvindo as
opiniões e dando subsídios para os educandos. Ao final pedir aos alunos uma
redação que será a avaliação diagnóstica.
Texto:
“Segurança é flagrado agredindo jovens à chineladas”
Circula nas redes sociais, na tarde desta
terça-feira (1), um vídeo onde o segurança de um shopping center de Belém
agride um jovem à chineladas.
Em pouco mais de um minuto de vídeo, o agressor
bate exatas 33 vezes na palma da mão direita do rapaz, que estava acompanhado
de uma mulher, e o último golpe acerta o seu rosto, caracterizando crime de
lesão corporal.
Não é possível identificar o segurança e o
motivo da agressão também é desconhecido, embora internautas afirmem se tratar
de um flagrante de roubo praticado pelo casal - o que não justificaria a
atitude.
No vídeo também é possível ouvir o jovem pedir ao
segurança que pare de bater em suas mãos, e em determinado momento é possível
notar que o calçado, inclusive, pertence à própria vítima.
O jovem suplica, porém, as agressões continuam,
sob os olhares de outros seguranças, que se mantêm imóveis. Insultos também
podem ser ouvidos.
Em nota
enviada ao DOL,
"sobre o referido vídeo, a administração do Parque Shopping Belém informa
que tomou conhecimento e apura, desde então, o fato e suas
circunstâncias."
Além
disso, afirma que "de antemão, o empreendimento reitera que não aprova
este tipo de postura de seus colaboradores e tomará as devidas providências,
caso seja confirmada a ocorrência nas dependências do PSB."
(Fonte: Diário on line. Acesso em
18/04/2016)
Vídeo:
A partir do texto e do vídeo, será proposta uma atividade diagnóstica
(Redação sobre o tema da aula inaugural), a qual será entregue na próxima aula
e serve para analisarmos o nível da turma. Título a ser construído pelo aluno.
2º Momento
Estudo de um post de comunidades com traços de homofobia do facebook,
seguida da análise do discurso de seus seguidores. Após isso, trabalhar a ideia
de conjunções e ponto em seguida.
Post:
Discursos dos
seguidores:
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