terça-feira, 5 de setembro de 2017

MEMÓRIA E IDENTIDADE NAS NARRATIVAS ORAIS DA AMAZÔNIA

Oficina de Língua Portuguesa


Disciplina: Recursos Tecnológicos no Ensino de Português
Período: 2017.2
Professora Ivânia Neves
Discentes: Ana Maria Ferreira Torres
Diego Coimbra dos Santos


Fonte: http://www.ebc.com.br/educacao/2013/04/escritor-defende-literatura-indigena-para-embasar-estudo-de-culturas-tradicionais


Identidade e memória nas narrativas orais da Amazônia: uma proposta didática com auxílio de recursos audiovisuais


O valor da memória é integrante das grandes questões das sociedades desenvolvidas e em processo de desenvolvimento das classes dominantes e dominadas. Segundo Le Goff (2003), é por meio da memória social que todos os problemas da evolução humana são dominados e é na memória social que jaz a subsistência étnica que resiste na rotina, a qual é capital fundamental à sobrevivência e manutenção de um grupo. “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia” (LE GOFF, 2003, p. 469), destarte a memória não é somente objeto de conquista de uma comunidade, mas simboliza poder, pois são nas sociedades em que a memória social faz-se, sobretudo, oral que há uma disposição maior à compreensão da luta pela dominação da recordação e da tradição.
Fonte: MONTEIRO, 2003. 
No que concerne à instituição escolar, essa constitui o espaço no qual, segundo Freire (1996), a cultura de uma sociedade deve ser projetada, uma vez que o conteúdo escolar deve refletir o conhecimento que o aluno traz consigo e esse conhecimento, por sua vez, está intimamente ligado a sua memória. Dessa forma, faz-se importante que o ambiente escolar proporcione, tanto do processo de ensino-aprendizagem quanto no espaço físico da instituição, um reconhecimento na relação entre aluno e conteúdo escolar, não apartando o objeto de ensino nem o ambiente de aprendizagem da realidade, vivência, identidade e memória do educando.

              
No tocante às relações entre mídia e sociedade, Keller e Share (2008) afirmam que, atualmente, vivencia-se um elevado nível de convergência midiática que se constrói além da alteração tecnológica, essa se faz na relação entre as tecnologias, indústrias, mercado, gêneros e audiências existentes. Nesse contexto, os educadores devem buscar uma alfabetização crítica da mídia para que haja identificação e problematização do aluno nos objetos de ensino a fim de que se possa realizar uma boa pedagogia midiática, procurando não compreender os meios audiovisuais na antiga noção de divisão digital que separava usuários pelo seu acesso à rede ou no vácuo de participação que representa um acesso dissemelhante às oportunidades e conhecimentos que prepararão aqueles que se inserem na nova era, mas entender a alfabetização crítica como ferramenta que leva os jovens a compreender seu papel ativo ao utilizar os novos recursos tecnológicos – afastando a imagem de meros consumidores das novas mídias –, para que possam usufruir dele em benefício próprio e da comunidade em que estão inseridos.  
Fonte: Monteiro (2003)   
Em vista disso, esta oficina propõe discursar acerca de narrativas orais, enfatizando sua importância no processo de construção da identidade de uma determinada comunidade. Objetiva, ainda, provocar inquietação quanto aos conceitos cristalizados sobre mito, mitologia e lenda, buscando expor os alunos a um ambiente de construção e reconstrução do próprio conhecimento a fim de que, ao final, possam ampliar sua concepção acerca desses elementos da memória e compreender o papel fundamental das narrativas orais no processo de construção da identidade. Por fim, a oficina se deterá em narrativas amazônicas, recolhidas do livro Visagens e assombrações de Belém (MONTEIRO, 2003). 

                                                                                                                                                          PLANEJAMENTO DA OFICINA                           

Objetivo geral:
Esta oficina tem como objetivo ampliar a concepção de alunos do 1º ano do ensino médio acerca de mito, mitologia, lenda e narrativas orais.
Objetivos específicos:
  1. Mostrar os diversos modos de passar a história de uma sociedade para as gerações posteriores;
  2. Analisar a importância do registro de narrativas orais de uma comunidade;
  3. Discriminar a noção de que história mítica das sociedades é parte fundamental de sua formação cultural;
  4. Demonstrar a importância da identidade e memória de uma comunidade;
  5. Indicar de que forma o sujeito pode se valer dos meios audiovisuais em favor de sua própria comunidade. 
Metodologia
        
         A oficina Memória e Identidade nas Narrativas orais da Amazônia deverá ser realizada em 20 horas e será composta por nove momentos em sala de aula compostos por duas horas de aula, exceto o segundo e terceiro momentos, compostos por três horas de aula. O primeiro ao quarto momento consistem na parte teórica da oficina, em que haverá aula dialogada, aula expositiva e leitura coletiva. Do quinto ao nono momento, ocorrerá a parte prática do projeto, em que os alunos deverão produzir uma webnotícia em vídeo a partir das narrativas orais de sua comunidade. Os momentos em sala de aula estarão reservados às orientações por parte dos ministrantes e o momento final estará dedicado às exposições dos vídeos, seguidas de discussão.
   
1º momento (2h): socialização das concepções dos estudantes acerca dos conceitos de mito, lenda e narrativas orais.
2º momento (3h): leitura coletiva de uma da narrativa O lobisomem da Pedreira (MONTEIRO, 2003) e reflexão sobre os conceitos apresentados pelos alunos tendo em vista o texto lido.
3º momento (3h): aula expositiva em que serão apresentados aqueles conceitos sob a ótica dos autores referenciados no projeto da oficina.
4º momento (2h): leitura coletiva da narrativa A procissão das almas (MONTEIRO, 2003) e , novo debate em relação às concepções de mito/lenda/narrativas orais.
5º momento (2h): orientação para a preparação da atividade avaliativa.
6º momento (2h): orientação para a confecção da atvidade avaliativa.
7º momento (2h): orientação para a confecção da atvidade avaliativa.
8º momento (2h): orientação para a confecção da atvidade avaliativa.
9º momento (2h): exposição dos trabalhos avaliativos em sala de aula.

Materiais e métodos
Os materiais necessários à concretização da oficina são: projetor multimídia, quadro branco e pincel, o livro Visagens e assombrações de Belém (MONTEIRO, 2003) e computador pessoal. Os métodos utilizados na oficina serão aula dialogada e aula expositiva.

Avaliação
A avaliação consistirá no processo gradual de aprendizagem no qual os alunos serão avaliados de acordo com seu nível de compreensão em cada etapa da metodologia estabelecida para esta oficina. A avaliação culminará em uma atividade em que os alunos participantes da oficina deverão produzir, em grupos, um webjornal hospedado no YouTube (plataforma de distribuição digital de vídeos), no qual deverão registrar uma reportagem sobre uma história que esteja presente na memória de sua própria comunidade para, ao final, exporem em sala de aula. Os estudantes serão avaliados a partir de sua capacidade de dominar a tipologia narrativa, expositiva e/ou dissertativa na modalidade oral, bem como deverão demonstrar que compreenderam os conceitos de mito/lenda/narrativa oral e sua importância para a constituição da memória da comunidade. Serão avaliados também pela competência em utilizar adequada e criativamente os recursos audiovisuais e a linguagem do gênero proposto. Por fim, no momento da exposição da reportagem em sala de aula, serão avaliados pelo conhecimento construído no decorrer da atividade proposta.

Justificativa
Esta oficina se justifica na importância de trabalhar com alunos do ensino básico o valor da memória e da identidade no processo de formação o indivíduo, bem como levar o aluno a conhecer a multiplicidade de vozes da comunidade em que está inserido, buscando compreender as possibilidades de apropriação dos meios audiovisuais em favor da própria comunidade.

Referências Bibliográficas
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BARLOW, Michel. Avaliação escolar: mitos e realidades. São Paulo: ARTMED, 2007.
BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: dialogismo e construção de sentido. 2ª ed. rev. – Campinas, SP. Editora Unicamp, 2005.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Trad. Maria Betânia Amoroso; Trad. de poemas José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
GLEISER, Marcelo. A dança do universo: dos mitos de criação ao Big Bang. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Trad. Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2009
KELLER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e reconstrução da educação. Trad. Márcia Barroso. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 104 - Especial, p. 687-715, out. 2008.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Trad. Bernardo Leitão et al. 5ª ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.
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MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. 2ª ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014.
MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2003.
PERRENOUND, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens ­– entre duas lógicas. Porto Alegre: ARTMED, 1999.
PÔRTO JR., Gilson (org.). História do tempo presente. Bauru, SP: Edusc, 2007.
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