NARRATIVAS
ORAIS AMAZÔNICAS NA OBRA DE WALCYR MONTEIRO:
DO LIVRO AO VÍDEO
Fonte:
Google
Imagens
Sabe-se que o inventário de manifestações
culturais e histórias orais projetam a Amazônia como um lugar rico e
infinitamente inspirador para os eventos populares. Histórias de criaturas
fantásticas, animais e assombrações tipicamente oriundas do Norte são repassadas
de geração para geração como um legado cultural capaz de estimular a imaginação
e o sentimento de identificação daqueles que as ouvem. Nesse sentido, o mote da
proposta de aulas se dá em torno de duas narrativas retiradas do livro
“Visagens e Assombrações de Belém”, do escritor paraense Walcyr Monteiro,
publicado em 2003 pela editora Paka-Tatu. São elas “A Porca do Reduto” e “A mãe
d’Água do Igarapé de São Joaquim”. Tais histórias foram selecionadas por se
localizarem em um cenário urbano, próximo da realidade dos
estudantes, e ideal para o trabalho de culminância das aulas: a confecção de vídeos de curta duração com o
objetivo de recontar as mesmas histórias, com a perspectiva e o olhar
atualizado dos alunos.
Fonte: MONTEIRO, 2003, p. 23 e p. 46.
A
região amazônica como complexo geoeconômico exerce fascínio nacional e
internacionalmente por conta de sua exuberância de recursos naturais, extensão
territorial e riqueza cultural. Para além da questão econômica e política, a
tradição e a memória da parte norte do país rompe barreiras físicas e
simbólicas ao conquistar atenção por meio de suas narrativas orais. Essas
histórias encontram na Amazônia cenário fértil e personagens peculiares, que
vão desde animais da floresta (como onça, cobras e aves), dos rios (como as
histórias de boto) e até os próprios moradores da sociedade regional
(verifica-se na narrativa da Matinta Pereira, por exemplo).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Publicação original 1996.
JENKINS,
Henry. Cultura da Convergência. São
Paulo: Aleph, 2009. (Introdução e Capítulo 05).
KELLNER,
Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a
leitura crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da Educação.
Revista Educação e Sociedade, vol. 29, 2008.
MARTÍN-BARBERO,
J. A Comunicação na Educação. São
Paulo: Contexto, 2014. (Introdução, Cap. 01 e 02).
MONTEIRO,
Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém.
3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2000.
Planejamento da Oficina
Público – alvo: alunos do 1º ano do
ensino médio.
Duração: 20h. (5 Aulas com duração
de 4h)
JUSTIFICATIVA
A região amazônica como complexo
geoeconômico exerce fascínio nacional e internacionalmente por conta de sua
exuberância de recursos naturais, extensão territorial e riqueza cultural. Para
além da questão econômica e política, a tradição e a memória da parte norte do
país rompe barreiras físicas e simbólicas ao conquistar atenção por meio de
suas narrativas orais. As manifestações míticas e folclóricas encontram na
Amazônia cenário fértil e personagens peculiares, que vão desde animais da
floresta (como onça, cobras e aves), dos rios (como as histórias de boto) e até
os próprios moradores da sociedade regional (verifica-se na narrativa da
Matinta Pereira, por exemplo).
Servindo como livro-base para a
produção desta oficina, observamos em Visagens e Assombrações de Belém (2004) escrito pelo paraense Walcyr
Monteiro, que as narrativas orais contemplam não somente as populações
interioranas da Amazônia, mas também a zona urbana compõe parte desse
inventário, constituindo importante fonte dos relatos que comumente os alunos
paraenses mantêm contato e que raramente a escola explora como tema das aulas.
Em Pedagogia da Autonomia (1996), Paulo Freire discorre sobre a questão
de possibilitar ao aluno a conexão de seus saberes prévios com o conhecimento
teórico, isto é, o aluno não seria uma figura estática a qual o professor
deposita o conhecimento, mas um ser ativo que constrói o conhecimento teórico
apoiando-se no que aprendera em sua realidade, de forma prática ou empírica.
Nesse sentido, a proposta justifica-se por trazer à sala de aula um debate
teórico relevante acerca da importância da cultura oral e da identidade
amazônica apoiado nas contribuições próprias dos alunos, das histórias por eles
ouvidas e contadas há gerações nas quais a região metropolitana de Belém é a
grande protagonista. Pretende-se com esse projeto ampliar o repertório cultural
que os alunos naturalmente carregam consigo e apresentar a eles a importância
das narrativas orais amazônicas como instrumento de memória e de suporte
educativo.
OBJETIVOS
OBJETIVO
GERAL
Aperfeiçoar o conhecimento dos alunos
acerca da importância das narrativas orais amazônicas e estimulá-los a
divulgarem e a produzirem conteúdo a partir dessa matriz.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
ü
Estimular a reflexão acerca das narrativas orais
mais presentes no cotidiano do alunado, fazendo com que interajam coletivamente
recontando as histórias e administrando apontamentos sobre elas.
ü
Apresentar aos alunos o livro-base da oficina, a
fim de que sejam lidas de forma integral as histórias selecionadas pelas
estagiárias.
ü
Executar uma visita monitorada aos lugares nos
quais estão situadas as narrativas “A porca do Reduto” e “A mãe d’água do
igarapé de São Joaquim”, a fim de que os alunos registrem e reconheçam as
mudanças físicas e simbólicas do espaço.
ü Propor e sistematizar a produção de um conteúdo
transmidiático acerca do tema da oficina.
METODOLOGIA
AULA
I – Carga horária: 4h
1º
momento: A partir da técnica de investigação temática sugerida por Paulo
Freire, pretende-se em um primeiro momento conversar com os alunos sobre quais
narrativas orais fazem parte do seu conhecimento, a fim de que o debate
estimule a troca de histórias por eles ouvidas ao longo de suas existências. É
importante que a disposição do espaço físico na sala de aula proporcione a
possibilidade de todos conseguirem ver os rostos e as expressões de quem
narrará, bem como possibilite a intervenção à medida que surgirem apontamentos.
Sugere-se o alinhamento dos alunos em forma de círculo.
2º
momento: Será apresentado aos alunos o livro-base da oficina, de modo que
todos possam folhear e conferir quais histórias fazem parte da edição. Serão
apontados dados biográficos sobre o autor e se dará a evolução da conversa
mantida no primeiro momento, ou seja, de modo mais específico delimitaremos o
tema no ambiente urbano de Belém, para introduzirmos os assuntos tratados pelas
duas histórias selecionadas a serem lidas na aula seguinte. Pretende-se com
isso aguçar a curiosidade e a expectativas dos alunos para com as narrativas.
3º
momento: Deve-se apresentar aos discentes a sugestão de visita monitorada a
ser realizada na aula IV, a fim de diagnosticar o interesse geral e as ações
práticas que envolvam locomoção e autorizações dos responsáveis.
AULA
II – Carga horária 4h
1º
momento: Serão distribuídas aos alunos as cópias impressas do livro contendo
as histórias sobre “A Porca do Reduto” e “A mãe d’água do Igarapé de São
Joaquim”. Antes de iniciar a leitura, perguntaremos a eles sobre o conhecimento
acerca das narrativas ou sobre o cenário em que estão inseridas.
2º
momento: Após os breves apontamentos dos discentes, leremos a primeira
história: “A porca do reduto”. A leitura deve ser feita de modo integral e com
pausas à medida que surgirem dúvidas ou contribuições do alunado.
3º
momento: Discutiremos acerca dos temas envolvidos na narrativa, como por
exemplo, a existência e a simbologia do “igarapé das almas” ou “das armas”. O
tema da Cabanagem também deve ser aperfeiçoado, tendo em vista a série dos
alunos é provável que não saibam com profundidade no que se constituiu o
movimento. Localizar onde está situada a história atualmente e discutir acerca
da simbologia do animal porco também são elementos imprescindíveis para uma completa
compreensão da narrativa.
AULA
III – Carga horária 4h
1º
momento: Retomaremos as leituras das narrativas, dando início à segunda
história: “A mãe d’água do Igarapé de São Joaquim”. A leitura deve ser feita de
modo integral e com pausas à medida que surgirem dúvidas ou contribuições do
alunado.
2º
momento: Discutiremos acerca dos temas envolvidos na narrativa, como por
exemplo, a importância do bairro do Souza e adjacências como importante espaço
comercial e domiciliar atualmente, administrando esse conhecimento com o
contraponto presente na história, já que na narrativa o bairro mostra-se não
com essa forma, mas como local campestre e coberto de matas semi-virgens. A
atual Almirante Barroso antes conhecida como Avenida Tito Franco é o cenário
para o debate. Além da visão passado
versus futuro, pretende-se discutir com os alunos a figura da narradora, à
procura de estabelecer similitudes com o narrador da “Porca do reduto”. A
simbologia do animal cobra também será um tema abordado, assim como a figura
mística da “mãe d’água”.
3º
momento: No quadro, serão escritas as palavras igarapé, cobra, porco, mãe
d’água, Reduto e Souza, a fim de que os alunos possam, um a um, escolher uma
palavra e relacionar às duas histórias lidas, segundo as ideias de cenário,
protagonistas, animais “encantados” e semelhanças entre as duas narrativas.
AULA
IV – Carga horária 4h
Visita
monitorada aos bairros do Reduto e do Souza
1º
momento: Estando na Avenida Visconde de Souza Franco, os alunos serão
distribuídos em grupos a fim de que alguns façam registros escritos dos
lugares, relacionando-os com as narrativas lidas em sala; outros farão os
registros fotográficos e em vídeos.
Foto
retratando o Igarapé das Almas, cenário da história “Porca do Reduto”.
Disponível em:
Foto
retratando o atual canal da Avenida Visconde de Souza Franco (Doca). Disponível
em https://olhares.uol.com.br/doca-de-souza-franco-belempa-foto7908693.html
2º
momento: Estando na Avenida Almirante Barroso, os alunos continuarão as
suas observações, entre registros escritos e digitais, deverão discutir
oralmente sobre as mudanças referentes ao espaço e à situação sócio-econômica
dos cenários das narrativas.
Foto
retratando o antigo Igarapé de São Joaquim. Disponível em: http://blogdatese.blogspot.com.br/2013/09/
Foto retratando um trecho da Avenida
Almirante Barroso, onde se localiza o Bosque Rodrigues Alves. Disponível em: https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=589&tbm=isch&sa=1&q=almirante+barroso+bel%C3%A9m+bosque&oq=almirante+barroso+bel%C3%A9m+bosque&gs_l=psy-ab.3...44640.47289.0.47440.7.7.0.0.0.0.166.469.0j3.3.0....0...1.1.64.psy-ab..4.1.165...0i30k1j0i5i30k1.itghvzjfOxo#imgrc=H-kIBgBtGR0PnM:
AULA
V – Carga Horária: 4h
1º momento: Os alunos serão divididos
em equipes e cada grupo deverá reunir entre seus membros os apontamentos e
registros emitidos no momento das visitas monitoradas da aula anterior.
2º momento: Cada grupo deverá fazer uma
proposta de produção em vídeo, seja recontando as narrativas orais de forma
“atualizada” ou algum protótipo de reportagem reconhecendo a importância das
narrativas e as mudanças sofridas pelos cenários das histórias trabalhadas em
sala de aula.
3º momento: O vídeo deverá ser
reproduzido nas redes sociais dos alunos, com duração máxima de 10 minutos.
RECURSOS METODOLÓGICOS
Cópias impressas das narrativas orais; Quadro e
pincel; visita monitorada; câmeras de celulares.
ATIVIDADE AVALIATIVA
A avaliação será feita por meio da observação dos conteúdos
em mídia digital produzidos pelos alunos em suas páginas no Facebook, diagnosticando
os conceitos por eles absorvidos/aperfeiçoados e a articulação dos
conhecimentos em equipe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da
Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Publicação original
1996.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo:
Aleph, 2009. (Introdução e Capítulo 05).
KELLNER, Douglas;
SHARE, Jeff. Educação para a leitura
crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da Educação. Revista
Educação e Sociedade, vol. 29, 2008.
MARTÍN-BARBERO,
J. A Comunicação na Educação. São
Paulo: Contexto, 2014. (Introdução, Cap. 01 e 02).
MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a
Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2000.
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