A região Amazônica é coberta por um envoltório de mitos. A cultura local é depredada mundo afora tendo, através de certos meios midiáticos, um auxílio nesta divulgação. É criada então, uma famosa lenda que ajuda na desconstrução do imaginário da Amazônia, baseando-se apenas nos conflitos fundiários que há na região. “Violência atrás de violência”, é o que dizem. E dizem mais: A Amazônia é terra de homens sem leis que escrevem com balas a trágica história de quem vai contra seus objetivos. A irmã Dorothy Stang foi vítima deste episódio. A missionária norte-americana, que morreu no ano de 2005, em Anapu; contribuiu para as estatísticas: a terra faz mais uma vítima e a justiça agiliza o processo (já que se trata de uma figura internacional, e não um reles trabalhador brasileiro). E a Amazônia vai para a capa de revistas como a Veja, com o título “Terra sem lei”.
Não, a região amazônica não é uma terra sem lei. E não, na Amazônia, a lei que rege não é a da selva. Até porque selva quase não se tem mais, por causa do desmatamento provocado pelos imigrantes que vieram para cá. (Milhões e milhões de madeira. O que ribeirinhos, que vivem às beiras de rios, levando vidas simples, sem capacidade ou estrutura para construir uma madeireira ou algo do gênero, fariam com tanta madeira?) Lei da Selva é a lei do capitalismo, na qual o mais forte sempre ganha.
Justiça e polícia faltam em todo o país, não apenas nessa região. O desenvolvimento da Amazônia não depende exclusivamente do fim de conflitos agrários entre trabalhadores da região. O desenvolvimento da Amazônia depende é de leis que a protejam a nível nacional e internacional, efetivamente. E principalmente, depende de colaboração e respeito. Coisa que, infelizmente, não depende apenas da população nortista. Porque se dependesse, não teria chegado aonde chegou.
Reduto de tráfico de drogas. Drogas são traficadas em boa parte do mundo e, a nível nacional, existe reduto pior que o das grandes favelas do Rio de Janeiro? Contrabando de armas. E quem é que as vende para cá? Tráfico de animais. Quem os compra? Com tantos animais, por qual motivo a população da Amazônia os comercializaria entre si? Exportar rende mais do que importar, reza a lenda. E o comércio só funciona porque tem gente que consume. Vale sempre lembrar.
“É preciso salvar também as cidades.” Claro, com certeza. Mas antes, é preciso salvar o Brasil. A corrupção que retira a renda destinada para melhorias nas cidades amazônicas para colocar no porquinho de figurões da política existe há muito tempo. E não começou entre os índios. Políticos geralmente seguem os exemplos de seus mestres. E dentro da região amazônica, o estado do Pará; com sua segurança pública e justiça perene (vide o antônimo, por favor), insere-se no mapa sangrento das mazelas oriundas do tráfico de drogas e a brutalidade no campo.
A real definição da Amazônia e de sua população não deve ser levada em consideração quando feita por um jornalismo que é feito pela moeda - e só de um lado dela.
Por Vivian Nery Mendes e Débora Quaresma Meireles, 4JLN11
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