segunda-feira, 26 de setembro de 2016


MEMES SOBRE A CRISE NO BRASIL

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras - FALE
Disciplina: Tecnologia Educacionais e Ensino de Língua Portuguesa
Docente: Ivânia Neves



Memes sobre a crise no Brasil
Anderson Luiz TeixeiraPereira
Rui Lobato Bahia Junior



Introdução

            A internet, bem como outros grandes meios de comunicação de massa, ocupa um espaço importante na vida dos jovens brasileiros, o que provoca a necessidade de se pensar em formas específicas de integração do ensino de língua portuguesa a este contexto, no intuito de contribuir com o processo de ensino-aprendizagem.
            Para o desenvolvimento deste trabalho, assumiram-se com os seus pilares tanto as propostas de Bakhtin (1997), no tocante aos gêneros do discurso, quanto a temática “Memes sobre a crise no Brasil”. Conforme o escreve o linguista, em Estética da Criação Verbal:

Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana, o que não contradiz a unidade nacional de uma língua. A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. (BAKHTIN, 1997, p. 279)

Desta forma, compreende-se que o gênero meme seja uma estratégia interessante para a reflexão sobre a crise instaurada no Brasil, uma vez que ele surge de uma esfera de atividade humana que se estabelece na internet, além de permitir uma leitura crítica, por meio do humor, sobre os fatos veiculados a respeito dos males sociais do Brasil e de elementos que fazem farte da cultura nacional. Os memes constituem práticas discursivas materializadas em imagens, ao apresentarem em seus enunciados um posicionamento político-ideológico, fato importante que permite ao aluno realizar diferentes leituras sobre um mesmo fato, isto é, na construção deste gênero se agrega uma informação que faz parte do conhecimento da cultura popular, e sobre essa informação se estabelece um novo enunciado, criando um novo discurso sobre a informação anterior.
 Freire (2002) ensina que a curiosidade como “inquietação indagadora” é vital a todos, por isso, o meme, quando percebido como objeto de indagação, permite o estabelecimento de um olhar crítico sobre a realidade. Além disso, Freire (2002) deixa claro que ensinar pressupõe trabalhar com a possibilidade de mudanças e, no que tange aos meios de comunicação, isso se dá a partir da apreensão de discursos recorrentes que permeiam estes gêneros e que estão relacionados aos meios de comunicação midiáticos.
Compreende-se que este gênero representa uma parte concreta das mudanças ocorridas nos meios midiáticos, nas últimas décadas: antes, o acesso à informação se dava em sua maior parte por meio dos jornais televisivos e impressos e pelos rádios; em contrapartida, com o advento da internet e, consequentemente, das redes sociais, os processos de comunicação começaram a convergir para esse novo espaço virtual.
A respeito dos processos de construção de sentido crítico sobre a crise no Brasil —presentes nos enunciados dos memes, que partem de diversos usuários da rede mundial de computadores e utilizam a internet como meio midiático para a exposição da situação atual do país — entende-se que possuam estreita relação com o processo de “convergência cultural”, expressado por Jenkins (2008), em A Cultura da convergência. De maneira similar, entendemos como sendo possível o estabelecimento de outra conexão, desta vez com a proposta de Martin-Barbeiro (2014), referente à comunicação como um processo de compartilhamento, totalmente necessário no contexto relativo à aprendizagem, quer dizer, as convergências dos meios midiáticos promoveram um maior compartilhamento de conhecimento da cultura de massa na rede mundial de computadores; fato que permite pensar, também, os memes como uma forma de compartilhamento de conhecimento.
Observe-se a imagem abaixo:



Esta imagem expressa bem o processo de convergência proposto por Jenkins (2008). Nela está presente o entrecruzamento de velhas e novos mídias, na medida em que o produtor do texto valeu-se de vários fragmentos oriundos de diversos meios de comunicação, como televisão e rádio ─ que noticiaram sobre a “figura da falsa mulher grávida” ─, associados à internet, a fim de estabelecer um novo enunciado. Analisando-se a imagem é possível perceber que há uma crítica que se dá pela relação da “figura da falsa mulher grávida” com a ideia que se tem do Brasil, objetivando mostrar, portanto, que “ A ordem e o progresso” e o discurso do Brasil como um país grandioso são tão falsos quanto a “gravidez da falsa grávida” que, apesar de perceptível, conseguiu enganar algumas pessoas.
A grande transformação possível neste processo de convergência é a participação ativa do “consumidor”. Essa convergência cultural permitiu que fosse criada uma situação capaz de expressar a realidade brasileira, e não apenas isso, que pudesse, além disso, ser compartilhada com vários outros usuários da internet.
O referido processo de convergência, baseado nas ideias de Paulo Freire, dialoga com o que Martin-Barbeiro (2014) chama de “Textura dialógica da comunicação”, que concebe a porta para comunicação a partir da estrutura dialógica, pois, segundo ele, a comunicação se realiza quando “há forma à conflituosa experiência de conviver, quando se constitui em horizonte de reciprocidade de cada homem com os outros no mundo” (MARTIN-BARBERO, 2014, p. 29)

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Maria Ermantina Pereira ─ São Paulo: Martins Fontes, 1997.
FERREIRA, Marcos Vinícius. O gênero “meme” em propostas de produção de textos: implicações discursivas e multimodais. In: Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. ─ Rio de Janeiro: Paz e terra, 1967.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HORTA, Natália Botelho. O meme como linguagem da internet: uma perspectiva semiótica. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília. Brasília, 2015.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph. 2008
MARTÍN-BARBERO, Jesús. A comunicação na educação. Trad. Maria Lopes e Dafne Melo. São Paulo: Contexto, 2014.

PLANO DE AULA


Público-alvo: Ensino médio em geral.
Duração: 20 horas divididas em 5 aulas.


OBJETIVOS

Objetivo Geral: 
  • Analisar a crise instaurada no Brasil a partir de leituras de Memes que circulam na internet


Objetivos específicos:

  •  Constatar como os meios de comunicação são permeados por posicionamentos político-ideológicos.
  •   Identificar como os gêneros textuais constituem-se práticas discursivas nos meios de comunicação.
  •  Discutir as diferentes opiniões sobre o tema proposto, reconhecendo-as nos memes.
  • Apresentar a construção semântico-pragmático do gênero meme.
  • Propor uma atividade de construção de um meme sobre a crise no Brasil.
  • Verificar em que medida o aluno consegue perceber ou discernir as características contextuais das quais faz parte, por meio da leitura de memes.



RECURSOS DIDÁTICOS
Data show, quadro magnético, celular, computador, gêneros textuais, redes sociais.


JUSTIFICATIVA
            A presente sequencia didática justifica-se pela necessidade de desenvolver oficinas de língua portuguesa que integrem os recursos tecnológicos às aulas, com a finalidade de aprimorar as práticas de leituras-críticas contextualizadas, permitindo ao aluno, por meio do entendimento crítico, perceber como a linguagem e a comunicação operam na esfera da internet e como elas são importantes para a construção da cultura popular. Nesse sentido, cabe ao professor propor aos alunos discussões que desenvolvam o seu espírito crítico. Portanto, o gênero meme torna-se uma ferramenta importantíssima para se trabalhar a questão dos vários discursos nos meios de comunicação, de maneira que aluno perceba que este gênero não é valido apenas para causar o humor e sim como objeto reflexivo.

AVALIAÇÂO
            A avaliação será formativa e continuada, e se efetivará a partir das atividades designadas para a verificação do envolvimento dos alunos em relação ao conteúdo trabalhado na oficina. Destacamos os momentos como “1.3. sondagem”, “2.2. sondagem”, “2.4. culminância”, “3.3 Atividade de sondagem”, “3.4. debate” e, sobretudo o “momento cinco”, no qual será realizada a exposição oral dos textos produzidos pelos alunos. Por fim, os relatos de experiência deles – último momento − servirá para a avaliação final.

METODOLOGIA

1º Momento: Contextualização (4h)
1.1.Introdução (60 min)
A temática a ser discutida será apresentada aos alunos; em seguida ser-lhes-á dada a oportunidade de apresentarem os seus respectivos posicionamentos sobre o assunto, ressaltando-se que a discussão será medida pelos professores. ­

1.2. Leitura (90 min)
Diálogo acerca das redes sociais, sob o tema “ O que é notícia nas redes sociais? ”. Para esse momento iremos realizar a leitura dos textos “As redes sociais e a opinião pública diante da crise política” — retirado do site “CanalTech” e “O poder das redes sociais” retirado do site da Federação das indústrias do estado de São Paulo , os quais abordam questões gerais acerca da importância das redes sociais no dia a dia das pessoas. O objetivo deste momento é fazer com que o aluno perceba a importância das redes sociais como um espaço de circulação de conteúdo e de opinião pública.

Texto 1: As redes sociais e a opinião pública diante da crise política brasileira

O bombardeio de informações sobre a atual crise política no país não é novidade, e você deve ter acompanhado a verdadeira guerra virtual que se estabeleceu nas últimas semanas. Desde o início da Operação Lava Jato, que investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras envolvendo diversos políticos e empreiteiras, uma onda de manifestações tomou conta das redes sociais, as quais tem um poder enorme de influenciar o comportamento individual e social.
A viralização de certos conteúdos é assunto bastante complexo, e Lauren Colvaren, psicóloga, estudou em sua tese de doutorado a situação da subjetividade em tempos de redes sociais. A tese, defendida no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP), entre outros assuntos, fala sobre os conteúdos virais, relacionando-os com rotas preguiçosas de expressão, já que, ao compartilhar uma informação, o usuário dispensa a colocação de suas próprias palavras. 
Mas afinal, o que isso tem a ver com as últimas questões políticas ocorridas no Brasil? Tudo, pois o que pode ser observado, por meio das fan pages, comunidades e afins, é uma infinidade de informações e embates baseados em opiniões que rapidamente viralizaram, via Facebook, Twitter e WhatsApp.                  
É interessante perceber, diante dessas manifestações virtuais, que as redes sociais são utilizadas também como fontes de pesquisa interativa, onde o leitor não é passivo diante das notícias e informações recebidas.  O que se vê é que com a oportunidade de se expressar, por meio das redes, qualquer pessoa é capaz, não só de partilhar e ter acesso às informações, mas também de produzi-las e se tornar formadora de opinião, ainda que não seja expert no assunto.
Aí está a magia do uso das redes sociais, a liberdade de expressão diante dos fatos no lugar da passividade de recepção de dados e notícias das mídias impressas. Essa imensa capacidade interativa e de liberdade gera dificuldades para quem deseja controlar a opinião pública, já que a rede é um espaço criado e utilizado em que todos podem publicar suas opiniões, insatisfações, pensamentos e sentimentos em relação ao mundo.
Diante dos últimos acontecimentos relacionados à crise política no Brasil, pôde-se perceber o poder do uso das redes sociais, que se mostraram enquanto local de mobilizações, manifestações e reivindicações. Notícias sobre as decisões do poder público, abaixo assinados, e até memes sobre toda a situação do país viralizaram e ganharam força na mídia. A luta, independente de partido político, mostrou-se protagonizada por grupos com objetivos bem definidos.
Algumas pessoas não consideram as manifestações virtuais como práticas genuínas, por acreditarem que a luta se faz nas ruas, porém, não se pode negar que por meio das redes milhares de pessoas foram mobilizadas para a luta na sociedade. As manifestações que tomaram a Av. Paulista e tantos outros lugares no país ganharam força pela potencialização da comunicação possibilitada pela internet.
Diversos estudos, nas mais variadas áreas, tratam da influência das redes sociais no comportamento da sociedade, e os eventos ocorridos ao longo do mês só reforçam essa ideia. A opinião pública é influenciada pelo compartilhamento de informações, que se dá de forma extremamente veloz. Foi por meio do Facebook que ativistas dos dois lados (a favor do governo e contra o governo) se mobilizaram para combinar datas e outros detalhes das manifestações, além de utilizarem o espaço da rede para discutir os pontos que seriam reivindicados. Vale lembrar que o alcance foi de grande magnitude, repercutindo em matérias por todo o mundo.
 Seja para pedir o impeachment da presidente do país, seja para defender o atual governo, é importante que todo leitor-participante tenha criticidade e possa fazer uso das redes sociais da forma mais saudável possível. As vantagens do uso da internet, quando se trata de manifestação já está mais que provada, mas a conscientização de cada um no que se refere ao comportamento social deve ser prioridade, para que toda a possibilidade de disseminação de ideias não seja fonte de arbitrariedades e violência, como o que vem ocorrendo no último mês.  E você? Como se informa sobre todas essas questões?

Autoria de Andressa Neves
Disponível em: http://canaltech.com.br/materia/redes-sociais/o-que-as-redes-sociais-tem-a-ver-com-a-crise-politica-no-brasil-60657/

Texto 2:  O poder das redes sociais

Muitas pessoas confundem redes sociais com mídias socias. Redes sociais = Pessoas “conectadas” por relações onde se emite e recebe mensagens entre ambos. Quando há esta relação de troca, podemos dizer que existe conexão. Mídias sociais = Ferramentas digitais personalizadas ou de prestação de serviços que permitem publicação de conteúdo e formação de relacionamento, todavia apenas por meios virtuais.
É o caso do Facebook, Linkedin, WordPress, Orkut, MSN etc. Na terminologia da palavra, podemos afirmar que redes são novas visões da sociedade, política, internet em um mundo globalizado onde podemos dizer que tudo que é sustentável tem o padrão de rede.
Temos que tomar cuidado para não confundir Rede Social com Institucional, ou seja, em uma rede não pode haver hierarquia e burocracias.
A vida é formada por redes e conexões em um pensamento sistêmico. No seu livro a “Teia da Vida” o Profº Fritjov Capra defende que há uma interligação ecológica de todos os eventos que permite a vida humana e animal. “Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependência” (Capra, 1999 – Teia da Vida).
Temos que tomar cuidado para não confundir Rede Social com Institucional, ou seja, em uma rede não pode haver hierarquia e burocracias. Uma rede social não pode ser um grupo seleto, guetos ou um clube de pessoas. Networking = Rede de interesses/competitividade. Busca-se a potencialização profissional através de alianças estratégicas, relações comerciais e interesses próprios. Neste tipo de ganha a ganho, apenas um indivíduo se beneficia. Mídia Social – Linkedin e Branchout por exemplo.
O networking desta forma já não está sendo visto com tanto valor na sociedade e corporativo. O netweaving possibilitou esta evolução. Netweaving = Rede de causas/cooperação. A proposta é poder guardar seu conhecimento com as outras pessoas e fazer uma animação de redes de modo a ajudar, mobilizar, inspirar e colaborar com a sociedade. Nela você abre a mão de ter guetos ou grupos fechados e faz uma distribuição em torno de agendas compartilhadas. Plataformas virtuais como o NING possibilitam esta reunião de pessoas.
Sendo prático, vamos pensar em inovação. Você quer inovar (x), sendo assim você começa a se conectar com pessoas que também querem inovar (x) ou (x+y). Estas pontes e mobilizações reúnem pessoas dentro de uma rede de causa. Esta rede animada começa a produzir, produzir e começa a CONTAMINAR mais pessoas. Você atingiu os resultados, criou mais situações e uma rede. REDES CONTAMINAM E INFLUENCIAM PESSOAS.
A rede derrubou do poder o Presidente do Egito e pode derrubar um CEO. De acordo com o profº Augusto de Franco, quatro tentações devem ser evitadas para quebrar uma rede netweaving: Fazê-la uma instituição; reuniões para decidir quem e o que fazer ao invés de deixar as pessoas fazerem acontecer; tratar as pessoas como “massas” a serem mobilizadas ao invés de amigos pessoais a serem conquistados e monopolizar lideranças ao invés de estimular a emergência da multiliderança.
Por que está se criando uma anarquia positiva? (1) Acabou-se a BARSA e a Enciclopédia Larrousse Cultural. Temos o google com qualquer conteúdo. O conhecimento gratuito disponível 24 horas a qualquer pessoa e idade. (2) Acabou-se o muro de conhecer pessoas, cidades, projetos e países. A internet, facebook, flickr etc.trouxeram uma nova economia e sociedade livre. Economia Glocalizada. (3) Acabou-se o monopólio das mídias televisivas, rádios e revistas. Blogs e demais meios possibilitam gratuitamente aproximar consumidores e produtos. (4) Acabou-se as ditaduras políticas e silêncio de expressão. (5) Acabou-se e estão se destruindo tantos muros que vejo uma sociedade mais justa e sustentável daqui pra frente.
Esta anarquia positiva por enquanto ainda não deu muitos sinais do que estas liberdade e conectividade podem causar futuramente. Vendo esta mudança de cenários econômicos e sociais, te pergunto: dá ainda para existir nas empresas hierarquias verticais? O CEO e o Diretor intocável, formado em Harvard e detentor do conhecimento e poder? Dá para existir ainda monopólios de agências de propagandas? Dá para existir ainda clusters, clube do café, grupinhos e guetos dentro das empresas? Dá para existir ainda gestão oculta? Nenhuma área pode saber da outra ou participar das agendas?
O Chefe das ocultas acabou. Este não é o futuro. A empresa é uma rede social colaborativa onde se produz conhecimento e deve ser compartilhado, mão de obra produtiva, a fim de manter a prosperidade econômica da empresa, funcionário e país, conectar pessoas como amigos pessoais e autodesenvolvimento da rede e, por fim, criar impactos positivos para a sustentabilidade e pessoas. Faça de sua empresa e equipe uma REDE SOCIAL. VIVA LA REVOLUCIÓN!

Autoria de Maurílio Santos Jr
Acessado em: 18/09/2016

1.3. Sondagem (40 min)
Pretende-se sondar, por meio de questionamentos, a dinâmica do processo de envolvimento dos alunos da oficina com a produção e recepção de conteúdo, nas redes sociais deles, referente à crise por que passa o Brasil.

Perguntas:
1)  Como você lida com as redes sociais no seu dia a dia?
2) Você já publicou, compartilhou ou recebeu algum meme nas suas redes sociais?
3)  Quais são os assuntos mais recorrentes nas redes sociais neste momento, na sua opinião?
4) Você acha que as redes sócias podem contribuir para que se reflita e que se mude algo do atual cenário nacional brasileiro?
5) Na sua opinião, a temática “A crise instaurada no Brasil” está sendo discutida nas redes socias?

1.4 Culminância (50 min)
Discutir-se-á, de maneira específica, questões relacionadas ao gênero meme, ressaltando, sobretudo, a circulação deles nas redes sociais. A aula será finalizada com a exibição do vídeo“ Os grandes memes de 2015”, retirado do canal de vídeos “Canaltech”, do “You tube”; o vídeo será importante, posteriormente, para auxiliar no entendimento do aluno sobre o processo de construção do gênero.


Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KRbTowuNVBc

2º Momento: Conceituação (4h)
2.1  Introdução (60 min)
Serão apresentadas, aos alunos, as estruturas do gênero meme, por meio da exibição de três vídeos, sendo que os dois primeiros explicarão o que é um meme e como ele pode ser construído, e o último mostrará alguns dos melhores memes do ano de 2016; para finalizar este momento será apresentado o site memepedia (http://youpix.virgula.uol.com.br/memepedia/), primeira enciclopédia de memes do Brasil, a fim de que os alunos possam fixar melhor as ideias sobre o gênero.
Os vídeos a serem exibidos serão: Memes: o que são? (https://youtu.be/_9RQUtnE60I); O que são Memes? | Galo Digitalks #Piloto (https://youtu.be/vuolZojRP7I); Os melhores memes de maio a julho [TOP Memes] (https://youtu.be/ldmaBI7Huks).

2.2 Leitura (90 min)
Momento em que serão lidos dois textos, para maiores esclarecimentos. No intervalo entre um e outro, os alunos serão levados a refleti sobre a relação do gênero com o contexto de crise institucional pelo qual passa o Brasil.

Texto 1: Memes para reflexão, parte 1




Muita gente passou a conhecer os memes após o advento das redes sociais online. O que pouca gente sabe, no entanto, é que os memes da internet nada mais são do que uma espécie de “subgrupo” de um conceito muito mais abrangente, poderoso, e até mesmo místico:
Um meme – conforme proposto pelo biólogo britânico Richard Dawkins – é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros) e outros locais de armazenamento ou cérebros. No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma se autopropagar. Os memes podem ser ideias, línguas, sons, desenhos, doutrinas religiosas, valores estéticos e morais etc. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética.
Apesar de ser um conceito puramente metafísico, ele tem sido capaz de explicar muita coisa que ocorre dentro da mente humana, particularmente no que tange a troca de informações sociais e culturais. Assim, se é verdade que muitos memes da internet não passam de pequenas peças de humor, não é verdade que todos eles possam ser considerados somente isso.
Conforme um dia nos explicou Ralph Waldo Emerson, “A chave de todo ser humano é seu pensamento. Resistente e desafiante aos olhares, tem oculto um estandarte que obedece, que é a ideia ante a qual todos os seus fatos são interpretados. O ser humano pode somente ser reformado mostrando-lhe uma ideia nova que supere a antiga e traga comandos próprios”.
É levando isto em consideração que eu pensei comigo mesmo, “Ora, se há tantos memes bobos que alcançaram tamanho sucesso em se replicar pelas mentes alheias, por que não usar do mesmo expediente para tentar refletir adiante ideias um pouco mais profundas?”.
Foi assim que me senti inspirado para criar alguns “memes para reflexão” e publicá-los em nossa página no Facebook. A minha ideia, é claro, não é criar memes “acadêmicos” ou “muito sérios”, mas me aproveitar do bom humor e do grande alcance deste tipo de linguagem online para, como sempre tento fazer, levar as pessoas a refletirem um pouco mais sobre algumas ideias que talvez estejam já velhas demais, solidificadas demais, dogmáticas demais.

       Com isso não quero denegrir ou reduzir tais ideias, que são memes muito mais antigos e duradouros do que qualquer meme de internet, mas pelo contrário: mostrar outros pontos de vista para, quem sabe, trazer tais ideias ancestrais para o meio do século 21, onde há um verdadeiro Dilúvio de informação irrelevante; de modo que as ideias relevantes talvez precisem ser guardadas com carinho, na segurança de nossa Arca de Noé, esta que sempre navegou em nossa própria alma.
Na sequência, trarei alguns dos memes publicados em nossa galeria no Facebook, com uma pequena explicação sobre o que exatamente quis passar com cada um, assim como uma rápida descrição das discussões geradas por aqueles que foram mais compartilhados.

Crédito da imagem: Raph/Google Image Search
Disponível em: http://textosparareflexao.blogspot.com/2015/08/memes-para-reflexao-parte-1.html
Acessado em: 20/08/2016

Texto 2:  Como fazer um Meme

Memes são todo o furor da internet, são textos e montagens feitas de forma bem-humorada, irônica ou sarcástica para retratar um ponto de vista. Se há uma observação engraçada que você fez na vida, faça disso um meme! Veja como.

1 - Pense em algo engraçado que pode ser expresso em duas linhas. A parte engraçada deve estar contida na segunda linha. Procure um sentimento que possa ser relatado e que outras pessoas também acharão divertido.

2 - Decida se você quer reciclar um meme existente ou fazer upload de uma imagem sua pra criar o meme. A maioria dos criadores de meme oferecerão as duas opções.

3 - Escolha o criador de meme. Sites populares incluem:

Disponível em: http://pt.wikihow.com/Fazer-um-Meme
Acessado em: 20/08/2016

2.3 Sondagem (40 min)
Pretende-se sondar, por meio de questionamentos a serem respondidos e entregues ao professor, o nível de entendimento dos alunos quanto ao aspecto conceitual e estrutural do gênero “meme”.

Perguntas:
   1- O que você entende por “meme”?
  2 - Você poderia apontar as características principais do gênero?
  3 - Você se acha capaz de produzir um “meme”?
 4 - Você achou importante esta aula? Se achou, em que medida ela contribuiu com os seus conhecimentos?
  5 - Você pretende utilizar os conhecimentos adquiridos nesta aula? De que forma?

2.4 Culminância (50 min)

A turma será dividida em grupos. Solicitar-se-á que eles conversem a respeito de como fariam para elaborar dois memes, um de tema livre, o outro voltado a questões que envolvam aspectos de crise por que passa o Brasil na atualidade; e, por fim, será pedido a cada grupo que escolha um representante, a fim de explanar, para o restante da turma, o que foi discutido entre eles.




3º Momento: Leitura e prática  
3.1. Introdução (60 min)
Esta aula será iniciada com a leitura e discussão do texto “fenômeno dos memes”, o qual retoma conceitos básicos sobre o gênero, discutidos anteriormente.

Texto 1: O fenômeno dos memes 

No contexto da internet, meme é uma mensagem quase sempre de tom jocoso ou irônico que pode ou não ser acompanhada por uma imagem ou vídeo e que é intensamente compartilhada por usuários nas mídias sociais. O termo foi cunhado pelo zoólogo Richard Dawkins em sua obra O gene egoísta, de 1976, para fazer uma comparação com o conceito de gene. Assim, para Dawkins, meme seria "uma unidade de transmissão cultural, ou de imitação", ou seja, tudo aquilo que se transmite através da repetição, como hábitos e costumes dentro de uma determinada cultura. Adaptado para a internet, especialmente para as redes sociais, o conceito de meme passa a ser uma "unidade" propagada ou transmitida através da repetição e imitação, de usuário para usuário ou de grupo para grupo.
Essa associação, que resultou no conceito contemporâneo de meme, nasceu no final da década de 1990, quando um dos criadores da página del.icio.us(um site agregador de links) criou a página Memepool ("piscina de memes", em tradução livre), que compilava links e outros conteúdos compartilhados pelos usuários na web. No final dos anos 2000, Jonah Peretti, um dos fundadores do portal Huffington Post, gerenciava com alguns amigos a página Contagious Media (algo como mídia contagiante), onde realizava "experimentos" com conteúdos publicados na web. Essas iniciativas culminaram em um "festival de virais", onde a maioria dos participantes se baseava no conceito de Dawkins para remeter a algo que se propagava pela rede.

CONTEÚDO VIRAL
Para a pesquisadora em comunicação digital e professora da Faculdade Cásper Líbero, Janaíra França, os memes são mais antigos que a própria cultura digital, mas encontraram nela solo fértil para se expandir devido à capacidade de propagação. "A facilidade com que esses canais permitem que uma dada informação seja repassada adiante é a força motriz da linguagem dos memes", comenta. A propagação se dá, segundo França, por uma série de fatores inerentes ao meio digital. "Os memes são apropriações temáticas que vão desde o humor sobre amenidades até assuntos como política e economia, e que têm, na maioria das vezes, mensagens de compreensão fácil e rápida. Some a isso a facilidade de publicação e o compartilhamento, sobretudo pelas redes sociais, e teremos a viralização do conteúdo", complementa a professora.
Também emprestado da biologia, o termo viralização remete a algo que se espalha de maneira contagiosa, infectando e se disseminando na internet. Essa talvez seja uma das características mais marcantes do fenômeno meme na cultura digital, mas não é a única. Assim como na concepção original de Richard Dawkins, um meme precisa evoluir para conseguir se propagar na rede, já que não é fácil conquistar a atenção dos usuários nesse emaranhado de likes, shares selfies.
Segundo a professora e jornalista especializada em marketing, Silvia Ferreira, da Universidade Bilac, em São José dos Campos (SP), na cultura digital os memes devem se adaptar aos mais diferentes contextos para fisgar a atenção das pessoas. "Um meme pode ser tudo, menos estático. Se não inovar na mensagem ou na forma, estará fadado ao esquecimento", diz. Ferreira lembra que até em ambientes corporativos podemos ver essa adaptação. "Muitas empresas e instituições já possuem departamentos de comunicação que se encarregam de produzir memes. Se não entregarem algo novo, adaptado ao público, o meme pode ser subtraído da rede e sua evolução cessará", enfatiza. O processo adaptativo do meme leva em consideração, segundo França, a própria audiência para quem essa mensagem se dirige. "Eles são um tipo de linguagem que tenta expressar o que a audiência digital tem interesse em determinado momento. Deve ser lúdico, divertido", coloca.

Autoria de Ton Torres 
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252016000300018&script=sci_arttext
Acessado em: 18/09/2016

3.2. Exposição dos memes (30 min)
       Exibição do acervo composto por 40 memes coletados para a execução desta oficina. 

3.3. Atividade de sondagem (90 min)
Será desenvolvida uma atividade em grupos compostos por quatro alunos cada, os quais terão como finalidade realizar uma leitura de um meme e, em seguida, socializar suas análises.
 Serão dados como critérios para nortear a leitura dos textos as seguintes perguntas:
a) Quais os possíveis locais de circulação deste gênero?
b)  Qual o contexto sócio-histórico?
c) Este gênero constitui uma prática discursiva pertinente a qual esfera de comunicação?
d) Apresenta conteúdo irônico ou apenas humorístico?
e) Propõe reflexão?
f) Qual o posicionamento crítico do enunciador sobre o assunto? Vocês concordam?
g) O plano de fundo utilizado para a construção deste meme é um viral nas redes sociais? Isso contribuiu para a construção do enunciado?
h) Vocês compartilhariam este texto nas suas redes sociais?

3.4. Debate (60 min)

Para a finalização deste dia utilizaremos os memes apresentados ao longo da aula, como textos geradores de reflexão. A turma será dividida em dois grandes grupos, os quais irão debater sobre o seguinte tema:
  •         Na sua opinião, os memes podem ser utilizados para causar reflexões e mudanças, sim ou não?


4º momento: produção textual (4h)

Neste momento será proposta uma atividade de produção textual, que proporcionará aos alunos um momento crítico e criativo, permitindo-lhes que se sintam como participantes ativos no processo de comunicação de memes, nas redes sociais. Os alunos produzirão vários memes sob a temática “a crise no Brasil”.
Serão utilizadas como possibilidades de planos de fundos para a criação dos textos as seguintes imagens, que viralizaram na internet:

                                      Chapolin sincero                                                  
              
                                                                 Alienígena me solta

                                                                  Já acabou Jéssica?


                                                                           Reflitão



                                                             Inês Brasil


                                                           Menina Cloe


       A partir da utilização destas imagens os alunos criarão enunciados sobre a crise no Brasil. Esta atividade será realizada por meio de diversos sites de criação de memes, no laboratório de informática, com a utilização da internet.
Abaixo apresentamos dois memes criados pelos autores desta oficina, utilizando o site “Geradordememes.com”:




5º momento
           5.1.Avaliação
Neste momento será realizada a socialização dos textos. Todos irão expor seus memes e explicarão, oralmente, como se deu o processo de criação. Posteriormente, a partir da utilização de recursos tecnológicos como computador, celular, internet e outros, os alunos compartilharão os seus textos em suas próprias redes sociais.




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