terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Os discursos étnicos na escola: o grafite como aliado em sala de aula.

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina:Recursos Tecnológicos
Docente:Ivânia Neves 

Roberta Moema Sodré de Deus
Valéria Mariana da Silva 

Em 2016, a cidade de Belém completa 400 anos, datados a partir da colonização, e ao pensarmos em colonização, consequentemente, retomamos ao momento em que a visão europeia começa a predominar em terras Tupi. Todavia, essas conjeturas que foram estabelecidas nos séculos passados, as quais tornaram Belém conhecida como Paris na América e influenciaram nos exarcebados investimentos das elites econômicas na época áurea da borracha estão instauradas na memória oficial da cidade. Entretanto, índios e negros foram atores sociais silenciados e apagados dessa paisagem da Belle Époque, e ainda hoje estão sendo observados por poucos e raramente lembrados como integrantes ativos para a constituição e memória da cidade. 

Foto:Roberta Sodré

         Segundo Foucault (2008), a noção de arquivo admite que o que temos enquanto permanência e apagamento são passíveis de mudanças, e assim como já podemos observar a partir da recente Lei 10.639/2003 e o Parecer CNE/CP 03/2004 que visam à pluralidade étnico-racial no Brasil, notamos que aos poucos estas mudanças estão sendo instauradas no meio social e educacional. E em meio a esse processo de intensificação da aceitação e auto- aceitação do ser negro/negra, que a difusão do empoderamento da estética negra ganha maior visibilidade, contrapondo o longo período ao qual a mídia massiva através da televisão, rádio e alguns outros meios, estigmatizavam a mulher negra como a passista, a empregada, a funkeira – a “mulata”. Com o auxílio das convergências midiáticas a inserção da mulher negra em meios anteriormente impensados, mesmo sendo um processo em transição, admite que esteja se tornando possível o destaque da mesma ao invés de sua esteriotipação. Nesta perspectiva, o presente trabalho objetiva fazer uma abordagem sobre o grafite em Belém analisando os processos de identificação e pertencimento das mulheres negras na cidade de Belém através das relações estabelecidas por Negra Suh em suas intervenções urbanas, sob a perspectiva enunciativa de Foucault, para o qual o enunciado é marcado pela possibilidade de pensar o passado através de materiais e memórias. 
http://gramlove.com/media.php?id=1092978342585735932_1763280293

      Considerando também os pressupostos teóricos de Jenkins (2009), para quem a cultura local é direcionada para as mais diversificadas mídias por meio da intensificação dos fluxos e multiplicidades de conteúdos nas mídias, nós nos voltaremos para o grafite produzido em Belém, em seus elos precedentes e seu atual reflexo no processo de comunicação e considerando- o como um elemento estético-visual, inicialmente presente apenas nos muros, mas agora também difundido por meio das redes sócias, dentro do processo de convergência cultural e midiática que vivem os moradores da cidade. Links relacionados:






Plano de Aula 

1. IDENTIFICAÇÃO

Título: Os discursos étnicos na escola: o grafite como aliado em sala de aula. 

Proponentes:
Roberta Moema Sodré de Deus
Valéria Mariana da Silva

2. OBJETIVOS

OBJETIVO

 Demonstrar por meio dos grafites feitos por Negra Suh, as relações de pluralidades étnico- raciais em Belém (PA).

3. JUSTIFICATIVA

O presente Plano de Aula justifica-se com fim de realizar uma leitura da situação histórico- social de Belém por meio dos grafites de Nega Suh,  enfocando as questões das multietinicidades e do contínuo de cores presentes nas relações dos alunos que perpassam a vida cotidiana e invadem o ambiente escolar . Todavia, o trabalho não visa uma análise critica das mídias como motivadoras ou não de preconceito racial, objetiva-se pensar a mídia como componente de reconhecimento e visibilidade do ser negro. Pretende-se contribuir com a desconstrução da imagem da  pessoa negra em relação ao grafite e  também almejamos imprimir nos alunos a importância do negro se reconhecer  e reconhecer a realidade de outros negros nos muros da cidade.

4. CONTEÚDO
Reconhecimento étnico, convergência culturais e a presença do grafite nas mídias.

5. RECURSOS DIDÁTICOS
 Data-show e computador com acesso à internet 
6. METODOLOGIA

1° MOMENTO: Com o auxilio do projetor mostraremos aos alunos a imagem do painel grafitado no muro do Instituto Federal de Goiás.
http://ifg.edu.br/anapolis/images/stories/grafite_ifg.jpg




2° MOMENTO: Será feito uma leitura da letra da música A cor do Brasil, de Victor Kreutz, a que focaliza a diversidade étnica e cultural do povo brasileiro, fazendo referências a miscigenação.

 A Cor do Brasil (Victor Kreutz)

Negro branco
Pardo, colorido
Caucasiano
Todos em um grito de não
Ao preconceito
Viva a miscigenação!
Mistura de raças
Somos a cor do brasil
Brasil, Brasil, Brasil
Negro branco
Pardo, colorido
Caucasiano
Todos em um grito de sim
Somos iguais e nossa pele é uma casca
A nossa tribo tem branca e tem mulata
Mas levo em minha pele, no meu coração
A cor do Brasil
                  Leia mais

 3º MOMENTO: A partir da música e do grafite apresentado buscaremos saber os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema por meio de questionamentos, como:
·         O que vocês conhecem sobre o grafite? O que vocês entenderam a respeito do grafite apresentado? Todo grafite é pichação? Pode existir relação entre rap e grafite? Vocês conhecem letras de rap que buscam falar da miscigenação das etnias, assim como a música de Victor Kreutz?
Lembrando que as falas dos alunos serão registradas no quadro magnético para que todos visualizem.


4°  MOMENTO:
Buscaremos relacionar as respostas apontando o que for pertinente para o contexto do movimento hip-hop: grafite x rap. Focalizando, em seguida, a relação do grafite em Belém.


5° MOMENTO: Através do laboratório de informática demonstraremos o uso do grafite nas redes sociais: facebook, blogs e instagran. A intenção é que os alunos percebam que o grafite está cada vez mais presente nos meios midiáticos, deixando de ser objeto apenas dos muros.


6° MOMENTO: Contextualizar a presença da mulher negra nos meios midiáticos

7° MOMENTO: Apresentar os grafites de Nega Suh por meio de fotos registradas na cidade e através da entrevista presentes no blog “Blogueiras Negras” , link: http://blogueirasnegras.org/2015/03/09/nossa-historia-nossos-muros-nossa-midia-salve-tia-anastacia/



6. AVALIAÇÃO

•    Pedir para que os alunos fotografem os grafites que mais lhe chamaram atenção que expressem a questão étnica.
•    Selecionar uma imagem e construir um texto dissertativo-argumentativo considerando a pluralidade étnica de nosso país;
•    O texto produzido pelos alunos será componente final do requisito avaliativo da disciplina.
•    Será criada uma fanpage onde serão publicadas as fotos com suas respectivas legendas.
•    Após isso acontecerá um debate sobre o que os alunos aprenderam de relevante com a oficina.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.
FOUCAULT, Michel. A  arqueologia  do  saber.  6  ed.  Rio  de  Janeiro:  Forense Universitária, 2002.



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