Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina:Recursos Tecnológicos
Docente:Ivânia Neves
Roberta Moema Sodré de Deus
Valéria Mariana da Silva
Em
2016, a cidade de Belém completa 400 anos, datados a partir da colonização, e
ao pensarmos em colonização, consequentemente, retomamos ao momento em que a
visão europeia começa a predominar em terras Tupi. Todavia, essas conjeturas
que foram estabelecidas nos séculos passados, as quais tornaram Belém conhecida
como Paris na América e influenciaram nos exarcebados investimentos das elites
econômicas na época áurea da borracha estão instauradas na memória oficial da
cidade. Entretanto, índios e negros foram atores sociais silenciados e apagados
dessa paisagem da Belle Époque, e ainda hoje estão sendo observados por
poucos e raramente lembrados como integrantes ativos para a constituição e
memória da cidade.
Foto:Roberta Sodré |
Segundo
Foucault (2008), a noção de arquivo admite que o que temos enquanto permanência
e apagamento são passíveis de mudanças, e assim como já podemos observar a
partir da recente Lei 10.639/2003 e o Parecer CNE/CP 03/2004 que visam à
pluralidade étnico-racial no Brasil, notamos que aos poucos estas mudanças
estão sendo instauradas no meio social e educacional. E em meio a esse processo
de intensificação da aceitação e auto- aceitação do ser negro/negra, que a
difusão do empoderamento da estética negra ganha maior visibilidade,
contrapondo o longo período ao qual a mídia massiva através da televisão, rádio
e alguns outros meios, estigmatizavam a mulher negra como a passista, a
empregada, a funkeira – a “mulata”. Com o auxílio das convergências midiáticas
a inserção da mulher negra em meios anteriormente impensados, mesmo sendo um
processo em transição, admite que esteja se tornando possível o destaque da
mesma ao invés de sua esteriotipação. Nesta perspectiva, o presente trabalho
objetiva fazer uma abordagem sobre o grafite em Belém analisando os processos
de identificação e pertencimento das mulheres negras na cidade de Belém através
das relações estabelecidas por Negra Suh em suas intervenções urbanas, sob a
perspectiva enunciativa de Foucault, para o qual o enunciado é marcado pela
possibilidade de pensar o passado através de materiais e memórias.
http://gramlove.com/media.php?id=1092978342585735932_1763280293 |
Considerando
também os pressupostos teóricos de Jenkins (2009), para quem a cultura local é
direcionada para as mais diversificadas mídias por meio da intensificação dos
fluxos e multiplicidades de conteúdos nas mídias, nós nos voltaremos para o
grafite produzido em Belém, em seus elos precedentes e seu atual reflexo no
processo de comunicação e considerando- o como um elemento estético-visual,
inicialmente presente apenas nos muros, mas agora também difundido por meio das
redes sócias, dentro do processo de convergência cultural e midiática que vivem
os moradores da cidade. Links relacionados:
Plano
de Aula
1. IDENTIFICAÇÃO
Título: Os discursos étnicos na escola: o grafite
como aliado em sala de aula.
Proponentes:
Roberta Moema Sodré de Deus
Valéria Mariana da Silva
2. OBJETIVOS
OBJETIVO
Demonstrar por meio dos grafites feitos por Negra
Suh, as relações de pluralidades étnico- raciais em Belém (PA).
3. JUSTIFICATIVA
O presente Plano
de Aula justifica-se com fim de realizar uma leitura da situação histórico-
social de Belém por meio dos grafites de Nega Suh, enfocando as questões das multietinicidades e
do contínuo de cores presentes nas relações dos alunos que perpassam a vida
cotidiana e invadem o ambiente escolar . Todavia, o trabalho não visa uma
análise critica das mídias como motivadoras ou não de preconceito racial,
objetiva-se pensar a mídia como componente de reconhecimento e visibilidade do
ser negro. Pretende-se contribuir com a desconstrução da imagem da pessoa negra em relação ao grafite e também almejamos imprimir nos alunos a importância
do negro se reconhecer e reconhecer a
realidade de outros negros nos muros da cidade.
4. CONTEÚDO
Reconhecimento étnico, convergência culturais e a
presença do grafite nas mídias.
5. RECURSOS DIDÁTICOS
6. METODOLOGIA
1° MOMENTO: Com o auxilio do projetor mostraremos aos alunos a
imagem do painel grafitado no muro do Instituto Federal de Goiás.
|
2° MOMENTO: Será feito uma leitura da letra da música A cor do
Brasil, de Victor Kreutz, a que focaliza a diversidade étnica e cultural do
povo brasileiro, fazendo referências a miscigenação.
A Cor do Brasil (Victor Kreutz)
Negro branco Pardo, colorido Caucasiano Todos em um grito de não Ao preconceito Viva a miscigenação! Mistura de raças Somos a cor do brasil Brasil, Brasil, Brasil Negro branco Pardo, colorido Caucasiano Todos em um grito de sim Somos iguais e nossa pele é uma casca A nossa tribo tem branca e tem mulata Mas levo em minha pele, no meu coração A cor do Brasil |
3º MOMENTO:
A partir da música e do grafite apresentado buscaremos saber os conhecimentos
prévios dos alunos sobre o tema por meio de questionamentos, como:
·
O que vocês
conhecem sobre o grafite? O que vocês entenderam a respeito do grafite
apresentado? Todo grafite é pichação? Pode existir relação entre rap e
grafite? Vocês conhecem letras de rap que buscam falar da miscigenação das
etnias, assim como a música de Victor Kreutz?
Lembrando que as falas dos alunos serão registradas no
quadro magnético para que todos visualizem.
|
4° MOMENTO:
Buscaremos relacionar as respostas apontando o que for
pertinente para o contexto do movimento
hip-hop: grafite x rap. Focalizando, em seguida, a relação do grafite
em Belém.
|
5° MOMENTO: Através do laboratório de informática demonstraremos o
uso do grafite nas redes sociais: facebook, blogs e instagran. A intenção é
que os alunos percebam que o grafite está cada vez mais presente nos meios
midiáticos, deixando de ser objeto apenas dos muros.
|
6° MOMENTO: Contextualizar a presença da mulher negra nos
meios midiáticos
|
7° MOMENTO: Apresentar os
grafites de Nega Suh por meio de fotos registradas na cidade e através da
entrevista presentes no blog “Blogueiras
Negras” , link: http://blogueirasnegras.org/2015/03/09/nossa-historia-nossos-muros-nossa-midia-salve-tia-anastacia/
|
6. AVALIAÇÃO
•
Pedir para que os alunos fotografem os
grafites que mais lhe chamaram atenção que expressem a questão étnica.
• Selecionar uma imagem e construir um
texto dissertativo-argumentativo considerando a pluralidade étnica de nosso
país;
• O texto produzido pelos alunos será
componente final do requisito avaliativo da disciplina.
• Será criada uma fanpage onde serão publicadas as fotos com suas respectivas
legendas.
• Após isso acontecerá um debate sobre
o que os alunos aprenderam de relevante com a oficina.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo:
Aleph, 2009.
FOUCAULT, Michel. A
arqueologia do saber.
6 ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
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