terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Da princesa do pop à cinderela: a assimilação e convergência de elementos culturais no curta Encantada do Brega.

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos
Docente:Ivânia Neves
Tainah Maria Fonseca Ferreira
Tiago Hulshof de Mendonça


https://www.youtube.com/watch?v=jkASByzPWcw


As mediações, em comunicação, podem ser consideradas lacunas presentes entre a produção e a recepção de uma mensagem a ser transmitida, determinadas pelo convívio social, pelo espaço em que é transmitida e pela competência cultural, que diz respeito a todas as pessoas. De acordo com Jesus Martín-Barbero, devemos conceber cultura como um produto antropológico que envolve as crenças, os valores seguidos por certas comunidades, a maneira como se expressam e expressam suas memórias, narrações, músicas... Assim, passamos a entender que cultura e comunicação estão interligadas e, consequentemente, estão diretamente relacionadas ao cotidiano.
Levando em consideração que, apesar dos meios de comunicação constituírem-se como potência na sociedade e exercerem um papel significativo na reprodução e reconstrução de pensamentos, devemos voltar as atenções para as mediações, pois são  estes “espaços” que revelam as relações sociais e as concepções de uma população sobre si mesma, evidenciando um processo muito mais complexo entre emissão e recepção de informações. A complexidade é ainda maior quando o conteúdo da mensagem carrega consigo uma carga de elementos culturais e de identificação bastante significativo.    
É seguindo essa linha de raciocínio que nos atentamos para o seguinte questionamento: “Como está sendo reproduzida a imagem da cidade de Belém nos meios de comunicação?” Muito mais do que isso: “Como as pessoas recebem e (re)criam a imagem de Belém (e sua própria imagem) através desses meios?” Já que, para Martin-barbero (1997), o receptor é aquele sujeito capaz de participar do processo de comunicação.
A cidade de Belém é conhecida por reunir, entre seus habitantes, opiniões  bem divergentes no que diz respeito à sua própria definição de cidade, de povo, de cultura. Alguns mantém um posicionamento um tanto ufanista sobre a cidade, o que alimenta, na mídia, a produção de conteúdos desse gênero. Em contrapartida, há aqueles que reconstroem a identidade de uma população, utilizando, para isso, as novas tecnologias de grande alcance, e projetam situações, linguagens, hábitos que já nos são recorrentes e, mesmo assim, causam um impacto positivo de reflexão sobre nós mesmos. Esse mesmo espaço utilizado traz consigo, além da pluralidade cultural existente na cidade, marcas bem explícitas de fatores como: exclusão social, preconceito e violência, já que sabemos o quão imbricados estão estes fatores, principalmente em bairros periféricos.
Historicamente, Belém é marcada pelo período conhecido como Ciclo da Borracha, momento em que se instarou o auge econômico da “Belle Époque”nos centros urbanos da capital e de Manaus. Assim, foi imposta em nossa cidade a cultura europeia, criando-se um modelo ideal de civilização urbana em um espaço que, sabemos, é múltiplo e híbrido e formada por vários “atores sociais”. O auge econômico, portanto, não significou uma representação plural/real da diversidade étnica, racial e cultural da região. Tratando-se de estereótipos, a capital do Grão-Pará é  vista, de fora, como predominantemente indígena, sem que haja uma reflexão sobre como se constitui a  população belenense. Raramente dá-se conta de que se trata de uma metrópole globalizada, que sofre constantes interferências internas e externas simultaneamente.
As transformações, contradições e diversidades de Belém podem – e devem – ser repensadas através das novas representações midiáticas sobre a cidade, que ganharam espaço com o advento de meios tecnológicos de comunicação. Nesse sentido, o objeto de estudo para esta oficina é o curta-metragem “Encantada do Brega”, da Platô Produções, divulgado no “YouTube”, o qual propõe uma hibridização cultural, inerente ao desenvolvimento de qualquer centro urbano, constituindo uma identidade belenense.
Partindo desse princípio, BARBERO (2000) aponta a observação do espaço,  que medeia a relação entre os papeis de emissor e receptor em uma comunicação, como fundamental para que se possa articular os movimentos sociais e as diferentes temporalidades  e  matrizes culturais. Mediar seria, aqui, observar as inter-relações existentes no espaço e analisá-las como estratégia de comunicação, capaz de conceber o ser humano no âmbito individual e coletivo.  Assim, os novos meios de propagação e produção de elementos culturais estão intimamente ligadas à ideia de povo, de (des)igualdades sociais e de como formou-se, nesse caso, a população urbana de Belém.

https://www.youtube.com/watch?v=-qW_7lwW_30

PLANO DE AULA
Título : Da princesa do pop à cinderela: a assimilação e convergência de elementos culturais no curta Encantada do Brega.

Público alvo: alunos do 1º ano - Ensino Médio, residentes em Belém.
Duração: 3 aulas, com duração de 50 minutos.

OBJETIVOS
Objetivo Principal:
Promover a discussão sobre como a cultura, a identidade e a diversidade da cidade de Belém são difundidas nas mídias sociais.
Objetivos Específicos:
Analisar o curta-metragem “Encantada do Brega” como um recurso midiático, que (re)produz a identidade urbana de Belém;
Levantar questionamentos sobre alguns elementos culturais presentes em Belém e como são vistos pela sociedade;
Identificar os diversos tipos de linguagens, estigmas e atores sociais presentes no curta-metragem;
Perceber como as assimilações e convergências entre culturas ocorrem e são decisivos para a construção da identidade do belenense;

JUSTIFICATIVA
Com os avanços dos processos tecnológicos de comunicação, os sujeitos têm uma capacidade cada vez maior de interagirem entre si. Hoje, o receptor de uma informação pode conceber-se também como produtor de novas informações. Levando em consideração que a comunicação midiática é determinante para o processo de reconstrução e, por vezes, desconstrução de concepções, o presente trabalho justifica-se pelo fato de que é necessário avaliar o material produzido por belenenses, que buscam traduzir a identidade e a cultura da população urbana de Belém. Assim, busca-se analisar como a cidade é representada nas mídias sociais e, mais especificamente, no curta-metragem objeto de análise deste trabalho, além de identificar aspectos de negociações entre culturas para a construção de novos pensamentos e novas linguagens.

RECURSOS DIDÁTICOS
Curta-metragem e vídeo exibidos por meio de data show, computador e caixas de som.

METODOLOGIA
1º Momento
Apresentar a oficina e seus objetivos. Em seguida, discutir quais elementos culturais paraenses populares e cotidianos eles conseguem perceber. Haverá a utilização de imagens como auxílio.

2º Momento
Apresentação do vídeo “Afinal, o que é CULTURA?”, para introduzir, mesmo que de forma pouco aprofundada, uma ideia sobre cultura. Além disso, definir o termo  mediação, de acordo com BARBERO, e tentar construir, junto à turma, definições para identidade e assimilação cultural.

3º Momento
Breve explanação do passo-a-passo da oficina. Em seguida, fazer sondagem objetivando observar o conhecimento dos alunos acerca do conto de fadas Cinderela – os alunos terão de, por si só, recontar a história.

4º Momento
Focando-se nos elementos culturais populares paraenses (como utilização de música, as linguagens, os ícones culturais e etc.) e/ou negociações, os alunos assistirão ao curta-metragem Encantada do Brega, tomando nota do que acharam interessante ou que não se atentaram na discussão do primeiro momento.

5º Momento
Neste momento, haverá uma breve diálogo com a turma a fim de observar a compreensão acerca do vídeo. Em seguida, haverá um brainstorm com a utilização do quadro, em que os alunos listarão alguns elementos/negociações culturais. A partir disso, será feita uma discussão acerca da convergência midiática, tendo o curta como objeto de análise.

6º Momento – Produção
Os alunos produzirão uma história em quadrinhos, em que a narrativa deverá ser uma recontextualização paraense a partir de outro texto, de forma similar à maneira como foi criada a Encantada do Brega.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BARBERO, Martin. A comunicação na educação. Editora contexto,2014.



Círio de Nazaré: Entrelaçamento de Cultura & Tecnologia

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos

Docente: Ivânia Neves
Gleyciane da Costa Pimentel
Introdução
        No mês de outubro a capital do estado do Pará, Belém, comemora uma das maiores manifestações religiosas do mundo, o Círio de Nazaré. A cidade é enfeitada com cartazes, fitas e faixas em homenagem a Santa de Nazaré. O termo “Círio” é etimologicamente originário do latim “cerus” (cera) que significa vela grande de cera, ao longo do tempo a palavra sofreu modificação de sentido, passando a significar procissão de Nazaré.
          Ocorrem várias procissões durante o mês de outubro, como as romarias: rodoviária, fluvial, moto-romaria, transladação dentre outras, porém a precípua é a que acontece no segundo domingo do referido mês. Um dos acontecimentos que mais impressionam durante a procissão é a quantidade de pessoas que pagam promessas, são os chamados promesseiros. Tais promessas vão desde a distribuição de água, terços e fitas, até pessoas carregando objetos de cera e casinhas de miriti, e outras puxando a corda que possui cerca de 400 metros de comprimento que fica atrelada a berlinda. Tudo para agradecer as graças alcançadas. Após a procissão as pessoas retornam as suas casas para o tradicional “almoço do Círio”, um banquete preparado com a culinária local: pato no tucupi, arroz paraense, maniçoba e vatapá. Famílias se reúnem para confraternizar. Esse momento constitui um verdadeiro ritual cultural. Nesse período festivo a cidade de Belém recebe decorações especiais, como José Maria da Silva ressalta:
        Mais próximo ao dia do Círio e das procissões, a cidade vai sendo ambientada com cartazes da festa e decorações nas ruas. Na rua que passa ao lado da igreja e da Praça Santuário, a Diretoria da Festa monta arcos de extensão da rua com decoração comemorativa a cada edição dos festejos. Além disso, esta área recebe uma iluminação especial, sendo que nos últimos anos essa ambientação da cidade é realizada com base em uma temática definida para homenagear a santa a cada ano. 

       O Círio de Nazaré é de suma importância para a cidade de Belém, pois por ser uma festa religiosa grandiosa, em setembro de 2004 passou a ser considerado um patrimônio cultural de natureza imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A cidade passou a se tornar conhecida no Brasil e no mundo. Todo o ano nesse período Belém recebe a visita, em média, de dois milhões de turistas, com isso, a articulação de várias esferas sociais além da econômica e religiosa, como a turística e a artística. Cabe salientar que o Círio de Nazaré é uma festa de cunho religioso, no entanto, não se limita unicamente ao plano do sagrado, haja vista que congrega uma série de outras esferas sociais.
        Pretendo analisar, a partir da definição de “Cultura da Convergência”, de Henry Jenkins(2009) como o Círio de Nazaré está presente nos aplicativos voltados para smartphones. Mas para isso, a priori é necessário entender que o termo convergência se refere ao movimento de conteúdos por meio dos mais variados suportes de mídia e dentro da mente de cada consumidor, à relação que se estabelece entre os mercados midiáticos e a maneira que se comportam os usuários dos meios de comunicação. Jenks enfatiza a tese de que convergência representa uma forma em que são consumidos os conteúdos, haja vista que os consumidores são incentivados a ir em busca de novas informações e conectar conteúdos midiáticos diversos. Jenkins (2009) pensa:
       A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de nós constrói a própria mitologia pessoal , a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos do luxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos nossa vida cotidiana.

       A tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas. O indivíduo está se tornando extremamente dependente principalmente de aparelhos móveis, como celulares, smartphones e tablets. Quase que a todo o momento são instigadas a utilizarem a tecnologia para terem mais praticidade, no entanto, acabaram tornando-se inclusive dependentes de tal tecnologia.
       No ano de 2012 foi o surgimento de aplicativos grátis que podem ser baixados para smartphones, como os intitulados “Kd a Berlinda?” e o “Círio de Nazaré”. Esses aplicativos inovadores disponibilizam várias informações sobre a grande festa religiosa do povo paraense, informações como: sua história, símbolos, orações, cartazes, procissões, hinos, programação e até mesmo a localização da berlinda durante todo o trajeto percorrido no segundo domingo do mês dez. O “Kd a berlinda” já ultrapassou 250 mil  acessos neste ano de 2015. Além desses, as redes sociais como WhatsApp e Facebook também são  recursos  usados para divulgação de  conteúdos midiáticos, que envolvem produção e consumo dos meios de comunicação.

 https://www.youtube.com/watch?v=3icFVY-v_vk

Plano de Aula
1.      Identificação
Título: Círio de Nazaré: Entrelaçamento de Cultura & Tecnologia
Proponente: Gleyciane da Costa Pimentel

2.      Objetivos:
·         Geral: Mostrar diante dos recursos midiáticos como o Círio de Nazaré converge nos aparelhos por meio dos aplicativos.
·         Específicos:
·         Analisar como a cultura paraense é exposta nos aplicativos sobre o Círio de Nazaré voltados para smartphones e tablets
·         Analisar aplicativos sobre o Círio de Nazaré
·         Relacionar cultura e tecnologia

3.     Justificativa
      O presente plano de ensino surgiu como pré-requisito para a aprovação na disciplina Recursos Tecnológicos ministrada pela professora Ivânia Neves na Universidade Federal do Pará para os alunos do 7º semestre do Curso de Letras com habilitação em Língua Portuguesa. Este projeto visa analisar como a convergência acontece no Círio de Nazaré por meio dos aplicativos “Kd a Berlinda?” e Círio de Nazaré”. Tal projeto assume grande importância para a compreensão da relação que existe entre cultura e tecnologia abordada por Henry Jenkins em “A Cultura da Convergência”. O Círio de Nazaré apesar de uma festa de essência religiosa não se limita apenas ao campo do religioso, pois é considerado uma manifestação cultural paraense que envolve outras esferas sociais.  
      Com o título “Círio de Nazaré: Entrelaçamento de Cultura & Tecnologia” pretendo expor as faces da tese defendida por Jenkins sobre convergência utilizando o Círio de Nazaré e a tecnologia dos aplicativos criados justamente para possibilitar os usuários de ter acesso a conteúdos como também, acompanharem os trajeto ou localizar a Santa de Nazaré em pontos do percurso.
      Assim, partindo do que foi abordado, este se justifica pela grande importância da compreensão que os  alunos devem ter das relações que existem entre cultura e tecnologia.

4.      Conteúdo
     Cultura paraense e tecnologia
5.      Recursos midiáticos
Imagens, videoclip, assim como data-show, computador e caixa de som.

6.      Metodologia

 1º Momento:
A princípio farei a apresentação do tema da oficina e exposição do cronograma, posteriormente, ocorrerá uma leitura coletiva (cada aluno irá ler uma parte do texto) do livro cultura da convergência, de Henry Jenks, com a finalidade de fazer com que os alunos compreendam o posicionamento do autor em relação à cultura e tecnologia.

2º Momento
Discussão sobre cultura (Círio de Nazaré) e tecnologia (aplicativos)

3º Momento
Ao final, para verificar se os alunos compreenderam o que foi abordado durante a oficina, eles terão que produzir um texto dissertativo de acordo com o tema “Cultura paraense em aplicativos”

7.      Avaliação
1-      Produção textual sobre o tema:
      “Círio de Nazaré em aplicativos”

8.      Referências
JENKS, Henry. Cultura da Convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. 2ª ed. – São Paulo: Aleph, 2009.
Site: www.xiconlab.eventos.dype.com.br>anais

Os discursos étnicos na escola: o grafite como aliado em sala de aula.

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina:Recursos Tecnológicos
Docente:Ivânia Neves 

Roberta Moema Sodré de Deus
Valéria Mariana da Silva 

Em 2016, a cidade de Belém completa 400 anos, datados a partir da colonização, e ao pensarmos em colonização, consequentemente, retomamos ao momento em que a visão europeia começa a predominar em terras Tupi. Todavia, essas conjeturas que foram estabelecidas nos séculos passados, as quais tornaram Belém conhecida como Paris na América e influenciaram nos exarcebados investimentos das elites econômicas na época áurea da borracha estão instauradas na memória oficial da cidade. Entretanto, índios e negros foram atores sociais silenciados e apagados dessa paisagem da Belle Époque, e ainda hoje estão sendo observados por poucos e raramente lembrados como integrantes ativos para a constituição e memória da cidade. 

Foto:Roberta Sodré

         Segundo Foucault (2008), a noção de arquivo admite que o que temos enquanto permanência e apagamento são passíveis de mudanças, e assim como já podemos observar a partir da recente Lei 10.639/2003 e o Parecer CNE/CP 03/2004 que visam à pluralidade étnico-racial no Brasil, notamos que aos poucos estas mudanças estão sendo instauradas no meio social e educacional. E em meio a esse processo de intensificação da aceitação e auto- aceitação do ser negro/negra, que a difusão do empoderamento da estética negra ganha maior visibilidade, contrapondo o longo período ao qual a mídia massiva através da televisão, rádio e alguns outros meios, estigmatizavam a mulher negra como a passista, a empregada, a funkeira – a “mulata”. Com o auxílio das convergências midiáticas a inserção da mulher negra em meios anteriormente impensados, mesmo sendo um processo em transição, admite que esteja se tornando possível o destaque da mesma ao invés de sua esteriotipação. Nesta perspectiva, o presente trabalho objetiva fazer uma abordagem sobre o grafite em Belém analisando os processos de identificação e pertencimento das mulheres negras na cidade de Belém através das relações estabelecidas por Negra Suh em suas intervenções urbanas, sob a perspectiva enunciativa de Foucault, para o qual o enunciado é marcado pela possibilidade de pensar o passado através de materiais e memórias. 
http://gramlove.com/media.php?id=1092978342585735932_1763280293

      Considerando também os pressupostos teóricos de Jenkins (2009), para quem a cultura local é direcionada para as mais diversificadas mídias por meio da intensificação dos fluxos e multiplicidades de conteúdos nas mídias, nós nos voltaremos para o grafite produzido em Belém, em seus elos precedentes e seu atual reflexo no processo de comunicação e considerando- o como um elemento estético-visual, inicialmente presente apenas nos muros, mas agora também difundido por meio das redes sócias, dentro do processo de convergência cultural e midiática que vivem os moradores da cidade. Links relacionados:






Plano de Aula 

1. IDENTIFICAÇÃO

Título: Os discursos étnicos na escola: o grafite como aliado em sala de aula. 

Proponentes:
Roberta Moema Sodré de Deus
Valéria Mariana da Silva

2. OBJETIVOS

OBJETIVO

 Demonstrar por meio dos grafites feitos por Negra Suh, as relações de pluralidades étnico- raciais em Belém (PA).

3. JUSTIFICATIVA

O presente Plano de Aula justifica-se com fim de realizar uma leitura da situação histórico- social de Belém por meio dos grafites de Nega Suh,  enfocando as questões das multietinicidades e do contínuo de cores presentes nas relações dos alunos que perpassam a vida cotidiana e invadem o ambiente escolar . Todavia, o trabalho não visa uma análise critica das mídias como motivadoras ou não de preconceito racial, objetiva-se pensar a mídia como componente de reconhecimento e visibilidade do ser negro. Pretende-se contribuir com a desconstrução da imagem da  pessoa negra em relação ao grafite e  também almejamos imprimir nos alunos a importância do negro se reconhecer  e reconhecer a realidade de outros negros nos muros da cidade.

4. CONTEÚDO
Reconhecimento étnico, convergência culturais e a presença do grafite nas mídias.

5. RECURSOS DIDÁTICOS
 Data-show e computador com acesso à internet 
6. METODOLOGIA

1° MOMENTO: Com o auxilio do projetor mostraremos aos alunos a imagem do painel grafitado no muro do Instituto Federal de Goiás.
http://ifg.edu.br/anapolis/images/stories/grafite_ifg.jpg




2° MOMENTO: Será feito uma leitura da letra da música A cor do Brasil, de Victor Kreutz, a que focaliza a diversidade étnica e cultural do povo brasileiro, fazendo referências a miscigenação.

 A Cor do Brasil (Victor Kreutz)

Negro branco
Pardo, colorido
Caucasiano
Todos em um grito de não
Ao preconceito
Viva a miscigenação!
Mistura de raças
Somos a cor do brasil
Brasil, Brasil, Brasil
Negro branco
Pardo, colorido
Caucasiano
Todos em um grito de sim
Somos iguais e nossa pele é uma casca
A nossa tribo tem branca e tem mulata
Mas levo em minha pele, no meu coração
A cor do Brasil
                  Leia mais

 3º MOMENTO: A partir da música e do grafite apresentado buscaremos saber os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema por meio de questionamentos, como:
·         O que vocês conhecem sobre o grafite? O que vocês entenderam a respeito do grafite apresentado? Todo grafite é pichação? Pode existir relação entre rap e grafite? Vocês conhecem letras de rap que buscam falar da miscigenação das etnias, assim como a música de Victor Kreutz?
Lembrando que as falas dos alunos serão registradas no quadro magnético para que todos visualizem.


4°  MOMENTO:
Buscaremos relacionar as respostas apontando o que for pertinente para o contexto do movimento hip-hop: grafite x rap. Focalizando, em seguida, a relação do grafite em Belém.


5° MOMENTO: Através do laboratório de informática demonstraremos o uso do grafite nas redes sociais: facebook, blogs e instagran. A intenção é que os alunos percebam que o grafite está cada vez mais presente nos meios midiáticos, deixando de ser objeto apenas dos muros.


6° MOMENTO: Contextualizar a presença da mulher negra nos meios midiáticos

7° MOMENTO: Apresentar os grafites de Nega Suh por meio de fotos registradas na cidade e através da entrevista presentes no blog “Blogueiras Negras” , link: http://blogueirasnegras.org/2015/03/09/nossa-historia-nossos-muros-nossa-midia-salve-tia-anastacia/



6. AVALIAÇÃO

•    Pedir para que os alunos fotografem os grafites que mais lhe chamaram atenção que expressem a questão étnica.
•    Selecionar uma imagem e construir um texto dissertativo-argumentativo considerando a pluralidade étnica de nosso país;
•    O texto produzido pelos alunos será componente final do requisito avaliativo da disciplina.
•    Será criada uma fanpage onde serão publicadas as fotos com suas respectivas legendas.
•    Após isso acontecerá um debate sobre o que os alunos aprenderam de relevante com a oficina.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.
FOUCAULT, Michel. A  arqueologia  do  saber.  6  ed.  Rio  de  Janeiro:  Forense Universitária, 2002.



O IMAGINÁRIO POPULAR DE BRAGANÇA NA REDE

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Letras- Língua Portuguesa
Disciplina: Recursos Tecnológico
Docente: Ivânia Neves 
Felipe Venancio Ribeiro Araújo
INTRODUÇÃO

     Há mais de quatrocentos anos era fundada a cidade que hoje se conhece por “Pérola do Caeté”, “Terra da marujada”, “Amazônia Atlântida”, ou seja, Bragança. Sua formação se deu pela combinação das culturas indígena, africana e europeia que influenciaram direta e indiretamente em todos os campos culturais da sociedade bragantina. Culinária, Costumes, Dança, etc.
http://www.portalamazonia.com.br/cultura/files/2014/07/Bragan%C3%A7a-2.jpg

     Talvez, o campo mais bombardeado por essa miscigenação de culturas, tão distintas entre si, seja o vasto imaginário de contos e lendas que se formou ao decorrer do tempo. Neste trabalho buscou-se estudar a representação da cidade de Bragança, hoje, no século XXI, nas narrativas orais de sua população. Que ao serem passadas de geração a geração acabaram por ir parar no meio digital (blogs, sites, etc.). Aqui objetiva-se perceber como as narrativas, que antes eram compartilhadas somente, ou principalmente, de forma oral, comportam-se na internet. Pretende-se ainda verificar o que se tem de diferente na plataforma digital e o que ela proporciona de interessante às narrativas.
    No passado o lugar (a cidade de Bragança) tinha um papel muito significativo no imaginário de lendas e contos. A cidade muitas vezes deixava de ser uma mera representação espacial e passava a ser um elemento mais efetivo na história, como por exemplo: personagem. Isso se dava pelo fato de os mais velhos descreverem e narrarem a vida da cidade por meio de lendas e contos. Atualmente a cidade pode apresentar, na rede, uma ideia de elemento espaço-temporal por resgatar seus antecedentes e origens.
     Conforme o conceito de Henry Jenkins, de que os meios de comunicação estão se adaptando a internet (por meio da convergência midiática), e a certeza de que com o tempo os veículos de informação constroem linguagens independentes de suas origens este estudo deixa muito claro que uma sociedade não perde sua cultura ao leva-la para outros meios como a internet. O que acontece é um típico fenômeno de convergência em que a internet é usada como ferramenta de interação e de difusão do conhecimento.


PLANO DE AULA

1. IDENTIFICAÇÃO

Título: O Imaginário Popular de Bragança na Rede
Proponente: Felipe Venancio Ribeiro Araújo

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Investigar e analisar como contos e lendas típicos da cidade de Bragança são apresentados em meio à rede (internet).

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Observar como ocorre à transmutação das narrativas orais bragantinas para o meio digital;
- Analisar se esta transferência à rede pode causar mudanças na forma de narrar essas histórias;
- Investigar se, as narrativas, ao serem divulgadas na internet recebem alterações positivas e/ou negativas no seu enredo.

3. JUSTIFICATIVA

Este plano de aula tem como finalidade realizar uma leitura investigativa e analítica de como os contos e as lendas originários de Bragança são apresentados e divulgados na internet. Busca-se verificar em blogs narrativas que sirvam de exemplo deste vasto arcabouço de histórias, que tradicionalmente foram passadas boca a boca por gerações. Pretende-se ainda, averiguar se a convergência digital das narrativas pode promover algum tipo de mudança no enredo (história) e no modo de contar (narrador) característico das histórias bragantinas. Este plano não se trata de avaliar positiva e negativamente a imersão de contos e lendas característicos de uma determinada região na internet, mas sim de observar se as alterações sofridas neste novo meio podem ser positivas e/ou negativas ao enredo.

4. CONTEÚDO

Convergência do meio narrativo dos contos e lendas procedentes da cidade de Bragança.

5. RECURSOS DIDÁTICOS

Data-show e computador com acesso à internet para a coleta de narrativas em blogs.

6. METODOLOGIA

1º MOMENTO: Será feita uma seleção de narrativas, típicas da região de Bragança, presentes em blogs da internet. Neste momento pretende-se fazer com que os alunos tenham a experiência de buscar e conhecer contos e lendas com os quais não estão habituados. E assim os alunos poderão escolher duas ou três daquelas que mais lhe despertaram interesse.

OBS.: como forma de incentivo o professor pode apresentar aos alunos o seguinte blog: < http://profdariobenedito.blogspot.com.br/2011/04/cafe-das-almas-lenda-da-estrada-de.html>. Já que o mesmo é fruto de produção local.

2° MOMENTO: Aos alunos será feita a proposta de leitura de uma narrativa, retirada de um livro, para que se possa fazer uma comparação com as narrativas escolhidas por eles anteriormente. Aqui se pretende fazer com que os alunos atentem para a possibilidade de haver diferenças no enredo e na forma de narrar das histórias que foram retiradas do meio digital e do livro físico.

OBS.: é aconselhável ao professor que construa no quadro, junto com os alunos, uma tabela que contabilize essas diferenças, de enredo e forma de narrar, presentes nas histórias conforme o meio do qual foram extraídas.

3° MOMENTO: Aqui é o momento em que os alunos, após terem tido contato com narrativas selecionadas do meio digital e do livro físico, poderão observar como ocorreu à transmutação das narrativas orais bragantinas ao meio digital.

OBS.: esta etapa por ser um pouco mais cansativa é sugerido ao professor que faça uma leitura dinâmica com os alunos. Instigando alguns a comentarem o que observaram com as leituras. E depois perguntando ao restante da turma se concordam com o que foi exposto por seus colegas.

4° MOMENTO: Diante todo o trabalho desenvolvido nas etapas anteriores o professor deve mediar um debate, com os alunos, sobre a possibilidade de as alterações sofridas, pelas narrativas oriundas de Bragança, no meio digital, serem positivas e/ou negativas para o enredo.

OBS.: é de extrema importância que o professor deixe claro aos alunos que a oficina não busca tratar de avaliar positiva e negativamente a imersão de contos e lendas, característicos de Bragança, na internet.

7. AVALIAÇÃO

Após o que foi sugerido na metodologia o professor pode usar como método avaliativo a seguinte experiência:
- Selecionar e contar aos alunos uma das narrativas do grande arcabouço de contos e lendas da cidade de Bragança;
- Em seguida dividir a turma em duplas e/ou trios e pedir-lhes que com base no que ouviram transportem a narrativa ao meio digital.
Um prazo entre 30 e 45 minutos deve ser o bastante para que a atividade seja posta em prática. Ao final da atividade peça que os alunos compartilhem seus textos numa página da internet (sala de bate-papo, comunidade, grupo...) para que assim todos possam ver as narrativas que foram produzidas. E principalmente possam perceber as diferenças de enredo e na forma de narrar apresentadas pelos grupos.

8. REFERÊNCIA

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo (SP): Aleph, 2008.