Universidade
Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade
de Letras - FALE
Disciplina:
Tecnologia Educacionais e Ensino de Língua Portuguesa
Docente: Ivânia Neves
Alena do Carmo
Adriane Fiuza
Danyele Kaline
Ilma Monteiro
Maria Rosemere
INTRODUÇÃO
A sociedade em que vivemos está
permeada pelos meios de comunicação, propagando informação em tempo real sobre
os mais variados assuntos, dentre os quais destacamos os relacionados às
questões de gênero, por desencadearem algumas das reações mais extremas. Em um
país como o Brasil, considerado machista e com uma herança patriarcal advinda
da colonização europeia, a mulher vem sendo vista como submissa e inferior ao
homem até os dias atuais, embora as conquistas feministas ao longo da história
brasileira tenham mostrado o contrário.
Por
essa aparente superioridade masculina, a grande parte das pessoas tende a agir
de maneira preconceituosa sobre a mulher, e com a crescente visibilidade que as
comunidades LGBTs vêm alçando na mídia. Essa classe também sofre represálias
por aqueles que se julgam defensores da moral e da ética, criando um clima
hostil e de intolerância na sociedade em que vivemos. Nas salas de aula, não
podemos ignorar esta realidade. Sobre isso Freire (1996, p. 10) posiciona-se:
A ética do que falo é que se sabe afrontada na
manifestação discriminatória de raça, de gênero, de classe. É por esta ética
inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças,
jovens, ou com adultos que devemos lutar. E a melhor maneira de por ela lutar é
vivê-la em nossa prática, é testemunhá-la, vivaz, aos educandos em nossas
relações com eles.
Esse machismo está aliando a algumas
posições religiosas mais extremas e vai de encontro a tudo que é considerado
diferente. Torna mulheres e homossexuais vítimas, tanto da cultura do estupro,
quanto de homofobia. Essas pessoas não percebem que todos nós somos iguais não
importa nossa cor, nossa religião, sexo ou orientação sexual.
Assim, podemos verificar na reportagem a seguir sobre a cultura do
estupro, o machismo e o preconceito que as mulheres sofrem em nossa sociedade.
Vídeo 01: Cultura do estupro
Nesse sentido, prolifera-se um clima de incomunicação que Martín-Barbero (2014, p. 25) contextualiza como o
ambiente escolar ao afirmar que “a escola continua consagrando uma linguagem
retórica e distante da vida, de suas penas, suas ânsias e suas lutas, tornando
absoluta uma cultura que asfixia a voz própria [...]”. Temos nessa constatação
a prolongação no âmbito escolar da cultura do silêncio que tanto assolou a
sociedade em épocas passadas e retorna mascarada por princípios preconceituosos
e racistas dos que se julgam superiores sobre os excluídos socialmente.
Nesse cenário, criado em torno da
cultura do estupro e da homofobia temos a utilização das mídias como divisor de
águas, no sentido de apropriar-se da informação e usá-la na propagação de
ideias, conceitos e ideologias divergentes. Vemos que essas forças antagônicas
“começaram a derrubar os muros que separam esses diferentes meios de
comunicação. Novas tecnologias midiáticas permitiram que o mesmo conteúdo
fluísse por vários canais diferentes e assumisse formas distintas no ponto de
recepção” (JENKINS, 2009, p. 36) esse processo é definido por Jenkins como cultura da convergência.
Ao nos determos mais atentamente ao
fato de as mídias passarem a exibir conteúdos relacionados às temáticas
apresentadas acima temos a construção de conceitos advindos de cultura de
convergência, o primeiro deles é a inteligência
coletiva, a qual consiste na união de diferentes opiniões que são
associadas às diversas habilidades dos indivíduos.
Ainda sobre a cultura de convergência podemos destacar a cultura participativa, que corresponde
na interação dos participantes. Segundo a qual, a partir do momento em que esse
conhecimento passa a ser partilhado e comungado pela coletividade torna-se
cultural, ou seja, os recursos midiáticos colaboram bastante para propagação dos
conteúdos que englobam várias questões, entre as quais a homofobia e a cultura
do estupro, pois são temas que difundem a cultura da convergência. Como podemos
exemplificar através do vídeo que relata a violência sofrida por homossexuais em
seus depoimentos.
Nesse sentido, cabe ao professor em sua prática educativa propiciar aos
alunos discussões que envolvem os conteúdos mais abordados nas mídias, a fim de
desenvolver nos educandos o olhar crítico sobre as questões sociais que os
envolvem e assim fazê-los refletir sobre a ética universal como algo
indispensável à convivência humana.
REFERÊNCIAS
FREIRE,
Paulo, Pedagogia da autonomia: saberes necessários á prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 2011.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. A comunicação na
educação. Trad. Maria Lopes e Dafne Melo. São Paulo: Contexto, 2014.
JENKINS,
Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph. 2008.
PLANO DE
AULA
Público-alvo:
Alunos do 1º ano do Ensino Médio.
Duração: 01 mês, divido em 04 semanas. (03 aulas
por semana de 45 minutos cada)
OBJETIVOS
Objetivo Geral: Analisar criticamente os discursos sobre
homofobia e cultura do estupro, propagados nos meios de comunicação.
Objetivos específicos:
·
Apresentar
uma abordagem sobre ética, levando os discentes a refletirem sobre seus
princípios éticos diante dos assuntos que serão discutidos em sala;
·
Trabalhar
conceitos e expor conteúdos midiáticos a respeito da homofobia e cultura do
estupro;
·
Discutir
as diferentes opiniões que envolvem o preconceito, impunidade, etc.;
·
Produzir
textos dissertativo-argumentivos sobre homofobia e cultura do estupro;
·
Criar
vídeos que vise conscientizar as demais pessoas contra as práticas de
preconceito abordadas.
RECURSOS
DIDÁTICOS
Datashow,
computador, recursos audiovisuais, material impresso, celulares, câmera
digital.
JUSTIFICATIVA
Nunca antes na história do Brasil tivemos uma repercussão
tão grande em relação às questões de gênero, o reflexo disso na sociedade está
criando uma onda de intolerância na qual a ética faz-se necessária na mediação
desse conflito e um dos palcos onde podemos agir de forma mais atuante sobre
essa temática é o da docência. Assim, este trabalho consiste em quebrar a
cultura do silêncio na escola, através de conteúdos que discutem a homofobia e
a cultura do estupro, sobretudo, enfatizadas nos meios midiáticos.
METODOLOGIA
1º Momento
Na
primeira aula será apresentado um texto falando sobre ética, após a leitura do
texto haverá a socialização do tema entre professor/alunos.
Ética para hoje
É a única maneira de viver as nossas vidas. Ética é algo objetivo,
ou você tem ou não tem. Tem que estar dentro de todos, tem que vir da “alma”.
Um comportamento digno que se aprende no berço. É o que pode e o que não pode.
Ser correto e verdadeiro é condição essencial para o crescimento humano,
para o desenvolvimento sustentável de um povo. Ética é não jogar o papel no
chão, é não tentar “dar um jeitinho”, é pagar os impostos, é não querer levar
vantagem. É exercer os direitos, mas principalmente os deveres da cidadania.
Devemos esperar do outro um comportamento ético sim, mas é imprescindível que
cada um faça a sua parte, antes de tudo.
Ser ético é ser generoso e responsável. Nas relações pessoais, nas
reuniões com grupos de pessoas, no espaço coletivo; na sua cidade, na rua, a
ética é necessária. Todos temos nossas ideias e convicções, mas, antes está o
bem comum, a ética.
Ética não pode ser um atributo ou qualidade, tem que ser uma
condição natural, algo que se espera de todos. É uma obrigação não apenas do
cidadão, ética é obrigação da nação, um princípio fundamental para que se possa
construir uma sociedade justa. Aos que governam e representam a nação, ter
ética é um dever básico. Ter respeito pelo que é nosso.
Ética é atitude, o que se espera, não do
amanhã, mas de hoje. É nosso dever ajudar a construir um país melhor, é nosso
desejo viver em um Brasil mais ético.
2º Momento
Exibição
de reportagem sobre cultura do estupro. Em seguida, haverá uma conversa sobre o
conteúdo da reportagem e depois os alunos serão orientados a produzirem textos
dissertativo-argumentativos acerca da temática do vídeo. As produções deverão
apresentar a norma padrão da língua, coesão e coerência textual. Os textos serão
socializados em sala pelo compartilhamento das produções entre os alunos.
3º Momento
Aplicação do vídeo sobre homofobia. Após a
apresentação do vídeo, será discutido o assunto abordado. Posteriormente, o
professor fará a divisão da turma em oito equipes, das quais quatro terão de
produzir vídeos que tenham como conteúdo uma proposta contra o preconceito
homofóbico e as outras quatro equipes produzirão vídeos contra a cultura do
estupro.
4º momento
Nesse momento a turma se reunirá para as
apresentações dos vídeos produzidos pelos alunos, o educador orientará os
educandos a publicarem e compartilharem os vídeos produzidos por eles nas redes
sociais (facebook, whatsApp, instagran, e outros.). A comunidade escolar será
convidada para participar dessa culminância, cujo objetivo é conscientizar as
pessoas fazendo-as refletirem sobre seus princípios éticos diante desses temas
polêmicos que se agravam cada vez mais no Brasil e no mundo inteiro.
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