Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina Recursos Tecnológicos
Professora Ivânia Neves
Junho/2014
Ana Carla Costa Castilho
Lidiana Oliveira de Almeida
Robert Leandro Silva Freitas
Introdução
A cidade de Belém do
Pará arraiga olhares clichês e na maioria ufanistas por parte dos próprios
paraenses e dos turistas que visitam a cidade, diante disso a mídia a partir
dos adventos da contemporaneidade se destaca como um dos principais meios de
construção de diversas realidades que perpassam o cotidiano das pessoas, com
suas entrevistas, aspas, notícias etc. remodelam identidades e projetam a
imagem de diversos locais a partir que ela noticia. O discurso proferido pelas
mídias nem sempre é de exaltação e furor, ele também pode desvelar temáticas
não tão comuns sobre uma determinada região ou espaço como, denuncias sociais,
saberes sobre determinados locais periféricos, entre outros que serão
enunciados e discutidos na presente pesquisa.
Principiemos nossa
pesquisa sob o olhar dos telejornais, nacionais e regionais. Para Cunha (2011)
apud Davallon (2007) Os jornais com suas entrevistas, imagens, depoimentos,
etc. são formatos que direcionam o leitor /telespectador ao real. Porém essas categorias
edificam diante das práticas de agenciamento realidades que são enunciadas à
medida que outras são negligenciadas ou embargadas. Deste modo, a mídia ou o
noticiário nacional ao falar da cidade de Belém dentro do “telejornal Hoje” se
posiciona a partir da voz de um jornalista de fora do estado, este se depara
com um enorme estoque de especiarias presente na metrópole da Amazônia.
Observa-se diante da reportagem uma Belém que na voz da jornalista é cercada por águas e muito semelhante com a capital portuguesa Lisboa, com sua arquitetura, e sua construção urbana... As imagens que deslizam sobre a reportagem servem de sustentação para uma narratologia histórica sobre o período do 1º reinado, em que Belém seria uma forte cidade a ser capital do reino. Pois possuía porto, áreas de preservação florestal etc. Belém não foi capital do reino, mas a partir da década de 70 vieram os imigrantes japoneses e trouxeram especiarias que marcaram e de uma forma bem acentuada a cultura e a economia da cidade... Note que o jornalismo de fora se destaca dentro desse ponto como noticiador de uma espécie de vislumbramento de uma redenção, em outras palavras, as especiarias japonesas poderiam alavancar ainda mais a economia da cidade, contribuindo dessa forma para que Belém se tornasse capital do império. A mídia se posiciona como transmissora de uma redenção para o povo de Belém do Pará. Ou seja, vamos mostrar que Belém poderia ser a capital da coroa, mas não foi e nem por isso ficou a margem...
A mídia local a partir do Jornal O liberal 1º edição vem mostrar Belém a partir de um olhar de cima, especificamente sobre um determinado ponto da cidade, ponto no qual se fez bem presente no noticiário nacional mostrado na reportagem acima, ou seja, a zona portuária da cidade. A mídia local mostra uma Belém que padece pela falta de condições de moradia e habitação, evidenciando a presença constante de palafitas e barracos para evidenciar uma cidade que sofre pelo abandono e descaso.
Tanto a mídia nacional
quanto a mídia local noticiaram a zona portuária da cidade de Belém, no entanto
os aspectos de visualidades se contrastaram nas duas reportagens, em que diante
do noticiário nacional a região portuária de Belém é foco de emprego, turismo,
renda, chegando próxima a ser capital da coroa no século XVIII. Todavia o
noticiário local mostra que essa mesma zona carece de condições melhores de
moradia, emprego, oportunidades, evidenciando com isso uma Belém da calamidade.
Vimos então que a mídia local dissocia-se do que foi exposto pela mídia
nacional para tomar outro lugar, o lugar daquilo que é silenciado/negligenciado
pela mídia nacional.
A imagem da cidade de
Belém também é repercutida em músicas, e assim como nos telejornais também há visões
sobre a cidade. No primeiro olhar temos músicas com teor ufanista, que exaltam
a cidade e demonstram todas as características e belezas da cidade, em um
segundo momento temos músicas que por um lado exaltam e por outro deixam
implícitos críticas sobre a cidade. É caso da música escrita pelo humorista paraense
Murilo Couto ( irônico).
A cidade de Belém foi, em meados do século
XVIII, um pequeno lugarejo que se tornou morada habitada por índios. A vasta
quantidade de tribos ainda existentes fez a cidade ser percebida como ainda não
“civilizada”.
O vídeo foi produzido
para o programa “The noite” (SBT) e mesmo inicia com a fala do humorista Danilo
Gentilli sobre a cidade de Belém, o apresentador brinca com o humorista Murilo
Couto que é paraense. Danilo pergunta a Murilo como está no nordeste, pois lá
tem seca, Murilo indignado (irônico) o xinga de burro e diz que está cansado,
que Belém fica no norte. No entanto Danilo faz diversas outras afirmativas estereotipando
os paraenses como: Índio Selvagem, Você tem Jacaré de estimação?, Belém não é
no meio do mato? Murilo Couto cansado desses estereótipos canta um rap
defendendo a cidade.
Aparentemente o rap é
ufanista, pois o humorista começa desmistificar aspectos que não são próprios
da cidade, porém no minuto 1:46 ele começa a dizer o que realmente há na cidade,
na tentativa (deboche) de dizer que a cidade é metrópole ele afirma que “temos
farmácia e até é possível andar de carro, tem a tecnologia do shampoo e jujuba”
ele gagueja em algumas partes intencionalmente mostrando que não há muitas
coisas na cidade. Quando é questionado pelo apresentador se há Metrô ele fica
sem argumentos. Percebemos então diante
do vídeo que a tentativa de defender a cidade só afirma ainda mais a visão
preconceituosa e estereotipada de Belém.
Já no videoclipe da
banda Calypso a imagem estereotipada de Belém é acentuada diante da música e
das imagens lançadas no produto do clipe. Deste modo no vídeo “Belém, Pará,
Brasil” da Banda Calypso é possível conhecer um pouco da beleza de Belém,
escutar e apreciar o carimbo, sendo uma dança típica da cultura paraense e
conhecer umas das comidas típicas da nossa Belém. Verificamos o quanto o vídeo
é compartilhado e curtido, sendo assim fica claro o quanto é possível trabalhar
em sala de aula com esse gênero digital. E analisar o que podemos extrair de
importante.
Na melodia a banda
Calypso faz um convite aos fãs e para o Brasil inteiro, pois é uma banda
conhecida mundialmente, provocando assim um convite para conhecer o estado do
Pará e apreciar a beleza paraense e seus encantos, promovendo assim o
conhecimento da mistura de raças: índio, loiro, moreno, existente em Belém e de
pessoas quentes, divertidas, encantadoras e trabalhadoras e que tudo sempre
acaba em festa, ou seja, em carimbo uma dança cheia de charme e sacudida que
não deixa ninguém parado e é um mistura de raça. Porque nós temos os nossos
encantos, o videoclipe mostra um dos
grandes pontos turísticos de Belém “o mangal das garças”. Nele nós conhecemos
um pouco da nossa fauna e flora paraense.
E claro não podemos
esquecer-nos das nossas comidas típicas que dão água na boca e ninguém resiste.
Hoje se ver que sempre os turistas ao sair de Belém levam o açaí, muito
conhecido no Japão e Estado Unidos para muitos fins, falam muito do tacacá uma
mistura de goma, camarão seco, folha de jambu e tucupi. Logo, fica impossível
resistir a esse convite magnífico de vir para nossa Belém, mesmo com essa
grande facilidade que temos hoje, de conhecer o mundo sem sair de casa e
compartilhando desta era digital.
Usando as plataformas
midiáticas do telejornal, vídeo clip e música, discorremos sobre os diversos
olhares da cidade de Belém em âmbito regional e nacional para isso usamos os
preceitos de convergência dos meios de comunicação proferido por Jenkins (2008), o autor afirma que o fluxo de
conteúdos através de múltiplas plataformas de mídias, à cooperação dos públicos
pelos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca de
experiências de entretenimento. Sendo assim percebemos o quanto se fala Cidade,
seja bem ou mal, ainda sim nos envolvemos com as mídias e somos capazes de
emitir juízo acerca do assunto.
REFERÊNCIAS
CUNHA,
TÃO LONGE, TÃO PERTO: A identidade paraense construída no discurso da mídia do
Sudeste brasileiro, Araraquara, UNESP, 2011
FOUCAULT,
M. A Arqueologia do Saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008a.
_____.
A Ordem do discurso. 17. ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1999.
_____.
Microfísica do Poder. 24. ed. São Paulo: Ed. Graal, 2007.
GREGOLIN,
M. R.. A mídia e a espetacularização da cultura. In: GREGOLIN, M. do R. (org.). Discurso
e Mídia: a cultura do espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003. p. 9-17.
JENKINS,
Henry, "Cultura da Convergência". São Paulo: Aleph, 2008.
KELLNER,
Douglas; SHARE, Jeff. "Educação para a leitura crítica da mídia,
democracia radical e a reconstrução da educação". Educ. Soc., Campinas,
vol. 29 - n. 104 - 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302008000300004
http://adamazonia2013.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-05-02T14:48:00-07:00&max-results=7&start=7&by-date=false
Plano de Aula
1. IDENTIFICAÇÃO
Título:
Os Vários Ângulos de Belém: Por entre
Sons, Telas e Desconstruções
Proponentes:
Ana
Carla Costa Castilho
Lidiana
Oliveira de Almeida
Robert
Leandro Silva Freitas
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Investigar e analisar como a cidade de Belém aparece
diante de diversos recursos midiáticos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Mostrar diante dos recursos midiáticos como: música e o telejornal edificam imagens acerca da cidade de Belém do Pará.
- Analisar a música, o vídeo Belém (Murilo
Couto feat Fafá de Belém) e o clipe “Belém, Pará Brasil” da banda calypso.
- Analisar
telejornais locais e nacionais.
3. JUSTIFICATIVA
O presente Plano de Ensino
justifica-se com fim de realizar uma leitura crítica de como o tema a cidade de
Belém é retratada por jornais paraenses de grande circulação local e por
Jornais de circulação nacional, e concomitantemente nas músicas. Pretende-se
verificar a contribuição dessas informações no incentivo da imagem e da
desconstrução das imagens da cidade de Belém para o paraense e para o turista
que chega a metrópole. Não se trata de avaliar se a mídia é benéfica ou prejudicial
na difusão da informação sobre a cidade, mas sim mostrar como a cidade é vista
e catalogar isso para fins de pesquisa. Compreender e avaliar sua função como
produtora de uma realidade específica da cidade. A mídia local e nacional,
tanto digitais, impressas ou sob o viés do audiovisual, tem se revelado
porta-voz de uma pluralidade de discursos que mobiliza e materializa o enorme
arquivo que vem sendo construído nas últimas décadas.
4. CONTEÚDO
Convergência
dos meios, musicais, telejornalísticos e audiovisuais em mostrar a cidade de
Belém.
5. RECURSOS DIDÁTICOS
Música, Telejornal e Vídeoclipe , assim como
Data-show, computador e caixa de som.
6. METODOLOGIA
1°
MOMENTO: Será feito uma leitura de um texto publicado no jornal O comunicado da professora Dra. Ivânia
dos Santos Neves, que possui como foco central as sociedades amazônicas
dentro de olhares de globalização em que estamos vivendo, em seus corpo vemos
a presença da cidade de Belém, como um espaço de construção de saber. No interior do texto há um debate de como
Belém do Pará e o espaço amazônico se situam e se dialogam na perspectiva de
dizer e imprimir valor ao ser nortista. Presente no link:
(http://adamazonia2013.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-05-02T14:48:00-07:00&max-results=7&start=7&by-date=false)
|
2°
MOMENTO: Será mostrado aos alunos os passos a passos da aula que será
ministrada apontando para o que será discutido e fomentado nos debates acerca
da cidade de Belém.
|
3°
MOMENTO: É o momento em que iremos aguçar o conhecimento prévio do aluno
acerca da cidade de Belém... Direcionando para as seguintes indagações:
Vocês já ouviram falar sobre a
cidade de Belém?
Vocês conhecem essa cidade?
Vocês sabem a localização dela?
Vocês conseguem entender a
importância da cidade de Belém para o
processo de consolidação e valorização da cultura nortista?
Quando vocês ouvem sobre a cidade
de Belém, quais imagens da cidade lhe vêm a mente?
Essas cidades contribuem para a
instauração de uma identidade da metrópole? Se sim, de que forma?
|
4° MOMENTO: Percebemos que de uma enorme relevância trazer o
questionamento para sala de aula sobre
mídia, discurso e Poder, sempre levando em consideração o que o aluno
tem de conhecimento sobre essas instâncias, e lhe provocando pensar de
diferentes modos a partir da voz de teóricos sobre a aula que está sendo
ministrada. Diante disso será feito um debate sobre mídia, discurso e poder,
primeiramente perguntando aos alunos sobre o que eles possuem de conhecimento
sobre esses temas:
·
O que vocês entendem por Mídia?
·
Do que elas se constituem?
·
Quais são seus tipos?
·
O que elas repassam com maior
frequência?
·
Sobre discurso, quando vocês
ouvem essa palavra o que lhe vem a mente?
·
Vocês tem noção da sua
constituição?
·
Cite exemplos de discursos que
chegam ate você de alguma forma.
·
Sobre os diferentes poderes que
atuam sobre a sociedade, vocês sabem o que eles representam?
·
O que vem a ser o poder?
·
O que vocês entendem sobre ele
(poder)?
|
5°
MOMENTO: Achamos interessante passar nesse momento imagens sobre a cidade de
Belém, achamos interessante o professor se utilizar das imagens trazidas no
blog: Expat Blog (http://www.expat-blog.com/pt/imagens/america-do-sul/brasil/belem/2)
e perguntar aos alunos o que eles observam de interessantes nas fotografias
que firmam identidades sobre a metrópole.
|
6°
MOMENTO: Iremos entrar na análise dos dados coletados sobre a cidade de
Belém, primeiramente analisaremos a musica “Belém” de Murilo Couto e Fafá de
Belém, apontando sempre para o que a musica evidencia sobre a cidade e
levando em consideração o que pouco foi abordado sobre a cidade.
|
7°
MOMENTO: Faremos nesse momento analise sobre como o telejornalismo nacional e
local noticiam a cidade de Belém. Mostraremos dois vídeos, primeiramente uma
reportagem advinda no Jornal Hoje e posteriormente o noticiário local se fará
presente a partir de uma reportagem do jornal Liberal 1° edição. A partir desses dois vídeos investigaremos
e ao mesmo tempo faremos os alunos identificarem até onde a mídia paraense
reproduz aquilo que está sendo enunciado pela mídia nacional a respeito da
cidade de Belém e até que ponto ela rompe com aquilo que é exposto pela mídia
de fora do estado. Ela estabelecerá uma relação de reprodução ou de ruptura?
No caso o Jornal O liberal repetirá os dizeres mais visualizados pela mídia
nacional ou irá romper com o que foi exposto?
|
8°
MOMENTO: faremos uma análise do clipe da banda Calypso: “Belém, Pará, Brasil”
investigando as características musicais e imagéticas presente no produto
audiovisual da banda.
9°
MOMENTO: Faremos um apanhado geral do que foi exposto diante da aula
ministrada e socializaremos com os alunos os possíveis efeitos e proveitos
que eles tiraram da aula ministrada. A partir das seguintes perguntas:
|
7. AVALIAÇÃO
Elaborar
um pequeno questionário e a partir daí fazermos uma roda de discussão.
Questionário:
1) Antes
dessa aula como vocês observavam a cidade de Belém?
2) Como
voes observam agora, diante das explanações desta aula?
3)
Foi modificada a visão de vocês? De
que forma?
8. REFERÊNCIAS
CUNHA,
TÃO LONGE, TÃO PERTO: A identidade paraense construída no discurso da mídia do
Sudeste brasileiro, Araraquara, UNESP, 2011
FOUCAULT,
M. A Arqueologia do Saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008a.
_____.
A Ordem do discurso. 17. ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1999.
_____.
Microfísica do Poder. 24. ed. São Paulo: Ed. Graal, 2007.
GREGOLIN,
M. R.. A mídia e a espetacularização da cultura. In: GREGOLIN, M. do R. (org.). Discurso
e Mídia: a cultura do espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003. p. 9-17.
JENKINS,
Henry, "Cultura da Convergência". São Paulo: Aleph, 2008.
KELLNER,
Douglas; SHARE, Jeff. "Educação para a leitura crítica da mídia,
democracia radical e a reconstrução da educação". Educ. Soc., Campinas,
vol. 29 - n. 104 - 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302008000300004
Para saber mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário