sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Ilha do Mosqueiro: Faces e Contrafaces na Mídia

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos
Professora: Ivânia Neves
Junho/2014

Airton Reis
Edilene Pinheiro
Ingrid Marinho
Introdução

A Ilha do Mosqueiro pertence ao município de Belém, mas localiza-se a 77 km da sua sede. A Ilha teve seu processo de valorização para o Turismo iniciado no período áureo da economia da borracha e se acelerou com a implantação da ponte ligando-a ao continente, durante a década de 1970. A sua expansão deu sequência ao modelo europeu de seus fundadores e acompanhou o desdobramento dos fluxos mundiais de viagens pautados na dobradinha sol e praia. Dessa forma, as 17 praias encontradas na orla ribeirinha da ilha de Mosqueiro, traçada da Ponta do Bitar, na Vila (setor oeste) até a Ponta da Fazenda, na Baía do Sol (setor norte), se formataram como o principal atrativo à demanda turística dos grupos sociais belenenses de maior renda, onde a configuração territorial se delimitava pelas casas de veraneio de segunda residência ao longo das orlas dessas praias.
A partir de 1999, com a implementação pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB) da tarifa de transporte urbano, que reduziu o preço da passagem à ilha, as práticas turísticas na orla mosqueirense passaram a ser desempenhadas em maior proporção pela população belenense de baixa renda que compõem, juntamente com outros segmentos não necessariamente de baixa renda, os fluxos turísticos excursionistas, isto é, que se deslocam diariamente.
A maior acessibilidade desse grupo social de menor poder aquisitivo às praias de Mosqueiro, principalmente àquelas de sua orla oeste, propiciou uma maior diversidade social nessa orla, mais nitidamente o encontro com outras pessoas. Na segunda metade da década de 1990, a flutuação populacional nos finais de semana de julho - alta estação do veraneio paraense - chegava a 150 mil pessoas.


Essa flutuação, em sua maioria formada por grupos excursionistas, era atraída a Mosqueiro pelo prazer e descanso que o ideal da praia simboliza à sociedade contemporânea, mas também e essencialmente pelos eventos musicais promovidos por emissoras de rádio locais, que instalam palcos para shows na orla das praias do Farol, Chapéu Virado e Murubira; e pela realização dos eventos com trios elétricos. Esses fluxos excursionistas foram durante longo tempo bem aceitos pelos grupos sociais que vivem da renda gerada pelo Turismo e por parte dos turistas de segunda residência, contudo, quando tais fluxos passaram a ser compostos de forma mais intensa por excursionistas de baixa renda, esses grupos sociais reivindicam o controle dos eventos musicais na orla oeste.



No final da década de 1990 com a introdução pela Prefeitura Municipal de Belém de vários ônibus com tarifa urbana, ou seja, tarifas iguais às praticadas na sede do Município, no percurso Belém-Mosqueiro, cujos aproximadamente 77 Km encontram-se distribuídos entre os municípios de Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara e, portanto, até então, caracterizavam a viagem e o preço da passagem para Mosqueiro como intermunicipal. Criada para atender a uma reinvindicação dos moradores de Mosqueiro que trabalhavam e estudavam na sede municipal, essa política intensificou novamente os fluxos excursionistas de baixa renda na orla das praias do setor oeste dessa localidade, em maior proporção que em momentos anteriores, segundo dados dos órgãos que organizam o veraneio na Ilha (Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Transporte). Em julho de 2003, em média, 300 mil pessoas frequentaram as praias da ilha nos finais de semana, se concentrando na orla oeste.
Sendo assim mostraremos como as mídias apresentam as diversas faces de Mosqueiro e como é retratado a imagem da Ilha hoje na visão dos diversos grupos sociais que hoje frequentam a ilha, baseando- se na concepção de Jenkins (2006) e Kellner (2008), no que diz respeito a   alfabetização critica da mídia  “[...] que é uma resposta educacional que amplia a noção de alfabetização, incluindo diferentes formas de comunicação de massa, cultura popular e novas tecnologias, dizem os autores, e que ela também aprofunda o potencial da alfabetização para analisar criticamente relações entre a mídia e as audiências, informação e poder.” De certa forma, o olhar da mídia sobre a Ilha de Mosqueiro aparece de diversas formas; documentários procuram valorizar a cultura, a música Mosqueiro da banda Mostarda na Lagarta apresenta um olhar e um discurso focando na violência e marginalização presente durante o verão na Ilha, enquanto a TV cultura apresenta um comercial, mostrando o laser que as férias de julho em Mosqueiro pode proporcionar. Daí percebemos como os meios midiáticos mostram e focam olhares diferentes, a partir de um mesmo lugar ou tema.



 


Fontes dos vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=qO0L2JTOqJc
http://www.youtube.com/watch?v=tFFDKHDBf-8            
http://www.youtube.com/watch?v=Hnr8D6_ZWuA
http://www.youtube.com/watch?v=6ISA4K2d_7o
http://www.youtube.com/watch?v=cHzwVnvgKY0


Referências

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2ª edição. São Paulo: Aleph, 2009.
KELLNER, Douglas & SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da educação.

http://portalmosqueiro.jimdo.com/hist%C3%B3ria-de-mosqueiro/  acesso em 22/06/2014, às 14h53.

http://letras.mus.br/mostarda-na-lagarta/1389322/  acesso em 19/06/2014, às 14h53.

 

Música: Mosqueiro 

(Mostarda na Lagarta)

 

Férias de julho vamo ter que passear
Mas sem dinheiro como vamo viajar?
Vamo pegar o beiradão do desespero
Vamo levar toda galera pra mosqueiro
Quando chegamo fomo lá pro murumbira
Me espantei com a quantidade de pipira
Não teve jeito, não pude aguentar
Primeiramente escondi meu celular
Comprei logo uma garrafa de cachaça
Lá vem uma pipira sem graça
Toda cheia de espinha e de curuba
Cabelo pinchaim, não tinha peito e nem bunda
Mas como eu to em ritmo de férias
Eu não dispenso eu to pegando até mocréia
Férias de julho todo mundo em mosqueiro
Ta bombando ta bombando o dia inteiro
Muita cerveja muita vódca e birita
Muito pivete cheira cola e muita briga
Já to porre não consigo nem ficar de pé
Cadê as mulhé? Cadê as Mulhé?
Lá vem uma loirinha de arrasar
Eu vou lá, eu vou lá
-Oi prazer posso ti conhecer? Meu nome é Chico gostei de você
-Credo me solta, sai pra lá
-Calma gatinha olha aqui meu celular, eu tenho um carrão e muito dinheiro
-Qual seu nome mesmo?
Vamo sair, vamo namorar, a noite é nossa vamo zoar!
O álcool acabou o efeito ta passando
A noite terminou, mas pra mim ta começando!
-Aê Garçom! Põe um brega ai porra!
-Selou!
Férias de julho todo mundo em mosqueiro
Tá bombando ta bombando o dia inteiro
Muita cerveja muita vódca e birita
Muito pivete cheira cola e muita briga

                         ILHA DO MOSQUEIRO: FACES E CONTRAFACES NA MÍDIA
                                                          
                                                            ATIVIDADE

      1- As mídias influenciam diretamente na construção da imagem de um determinado lugar?

2- A respeito da Ilha de Mosqueiro, acrítica feita através de músicas e outros meios midiáticos ajuda com a desconstrução dos pontos positivos ou apenas apresenta um outro olhar?

3- Qual a sua opinião a respeito do grande número de pessoas durante o veraneio em Belém? Isso influência no aumento da violência?

Para saber mais:

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