UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO
DE LETRAS E COMUNICAÇÃO-ILC
FACULDADE
DE LETRAS – FALE
DOCENTE
Ivânia Neves
DISCENTE
Carline
Ramos, Leticia
Juliana e Wanessa
Coelho
Os primeiros habitantes do
território brasileiro foram chamados de “índios”.
Os “índios” eram formados por povos diferentes com hábitos, costumes e línguas
diferentes. No entanto, o europeu durante a colonização do Brasil designou os
povos que aqui viviam, genericamente de “índios”, por supostamente acreditarem
ter chegado às Índias, ignorando as diversas culturas, tribos e povos indígenas
existentes no Brasil. Não existe o “índio”, pois, não existe um único grupo
indígena, tampouco uma única cultura. São inúmeros povos, formas de se
relacionar, línguas e culturas.
Disponível em: https:auladefilosofia.net20131012jean-baudrillard-y-enrique-valiente-noailles-los-exiliados-del-dialogo-2006 |
A
imensa “nação Tupi Guarani” adquiriu matizes étnicos variados conforme a região
e a época de sua migração e expansão e com o tempo receberia nomes atribuídos a
uma diversidade étnica como: Marajó, Tupinambá, Tupiniquim, Caeté, Guarani,
Guaianá, Charrua, Chiripá, etc. Ao longo dos séculos, houve várias etapas de
apogeu, de transformação e de degeneração cultural. Um dos ciclos de
degeneração mais recentes é o século XVI, pois, na época da conquista da
América do Sul, os índios foram escravizados, principalmente pelos portugueses,
que partindo para São Paulo, intensificaram os chamados “apresamentos”. Os
“apresamentos” ocorreram por mar, por terra, por morte e por guerras. A
degeneração social dos Guarani deve-se à escravidão e às guerras que se
sucederam nos primeiros trezentos anos de conquista. A imposição de uma
religiosidade em detrimento da religiosidade nativa também afetou profundamente
o ritmo cultural Guarani. Após esse período, quando os escravos Guarani foram
trocados pelos negros da África, surgiu um intenso desequilíbrio ecológico, que
continuou causando a esse povo consequências desastrosas do ponto de vista
social e interferindo negativamente em sua cultura.
Disponível em: httpm.folha.uol.com.bresporte2015101699559-indios-usam-smartphones-e-redes-sociais-para-se-comunicarem-nos-jogos.shtmlmobile |
PLANEJAMENTOS
DE AULA
OBJETIVO
GERAL:
· - Discutir a representatividade indígena na literatura, na música e
em trechos de novelas, documentários e minisséries veiculados pelo YOUTUBE.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
· - Reconhecer a importância de se respeitar e
preservar a singularidade cultural do povo indígena;
· - Identificar os discursos midiáticos que
reforçam a ideologia dominante, criam e fortalecem estereótipos sobre o
indígena na televisão brasileira;
·
Analisar as letras das músicas “Cara de
índio”, de Djavan, e “Todo dia era dia de índio”, de Jorge Bem Jor, para
debater sobre os direitos dos povos indígenas no Brasil;
·
Analisar as diferentes visões sobre o índio
no panorama literário brasileiro.
·
Observar a diferença do discurso presente nas
produções realizadas pelos próprios indígenas em contraponto com o discurso
estereotipado da ideologia dominante.
JUSTIFICATIVA
O
presente projeto se constituiu a partir da necessidade de se considerar que a
herança cultural indígena é tão vasta, tão rica e tão presente, que muitas
vezes não a percebemos no nosso dia a dia, e é também dever da escola dar
visibilidade a essas contribuições. É necessário ainda, que possamos observar
criticamente como essa matriz da cultura brasileira vem sendo representada nas
obras literárias, nas novelas, nos vídeos veiculados pelas redes sociais, na
música e de como, muitas vezes o discurso contido nessas representações são
reducionistas e pejorativos, ou ainda, refletem muito mais o “outro” que o
próprio “índio”. É urgente reconhecer a
importância, valor e contribuição dos povos indígenas para a formação do povo
brasileiro. Nesse sentido, este projeto visa a discutir a forma como o “índio”
vem sendo representado, o papel que vem ocupando na sociedade e os novos rumos
que vem assumindo.
De acordo com Martín-Barbero, (2014, p.24), através da linguagem
habitamos o mundo, nos fazemos presentes nele, o compartilhamos com outros
homens. Por isso, na visão freireana (1987) “analfabeto” não é o homem que não
sabe ler e escrever, mas sim o homem impedido de dizer sua palavra. É através
da educação, portanto, que os homens têm esse direito devolvido, para serem
testemunhas e atores de sua vida e de seu mundo. A educação passa pela
consciência dos oprimidos da sua situação no processo da opressão. A
alfabetização, neste sentido, é a devolução da palavra ao homem
mudo/silenciado, sendo, inevitavelmente, transformadora dos campos político e
social. Nesse sentido, muitas tribos passaram a se alfabetizar como forma de
resistência, e hoje existem dentro das tribos militantes, escritores,
professores etc. É importante que a escola descontrua o estereótipo do “índio”
como ser primitivo, com a mudança do contexto, fez-se necessária a mudança dos
hábitos.
Muitas
nações indígenas foram aniquiladas ao longo do processo de colonização a que
fomos (e somos) submetidos. É necessário que a escola promova atividades que
possam esclarecer aos alunos as motivações, políticas, ideológicas e econômicas
desses extermínios. Faz-se necessário que se atribua todo o valor merecido a
esses povos que “somos nós mesmos”. Temos os desafios de reequilibrar a
natureza, repensar a tecnologia, descobrir economias auto-sustentáveis e acima
de tudo, redescobrir a “arte de viver em tribo”. Nestes tempos sombrios em que
vivemos, observar as concepções de ser humano, natureza e universo indígenas e
a forma como isto tudo está interligado, nos fazem refletir sobre nossas
práticas, e sobre o quanto temos que aprender com esses ensinamentos.
AULA
I
– CARGA HORÁRIA: 4h
Iniciaremos a aula situando
os alunos sobre o tema a ser abordado na oficina. Após isso, instigaremos os
alunos a debaterem sobre a visão que eles têm dos povos indígenas. A partir
disso, dividiremos a turma em grupos e mostraremos o vídeo Os indígenas -
Raízes do Brasil que conta a história e os costumes dos primeiros habitantes do nosso país: os
povos indígenas.
Cada grupo terá até cinco minutos para dizer quais foram suas
impressões sobre o vídeo a partir dos seguintes questionamentos: a chegada dos
portugueses foi pacífica, foi uma coisa positiva para os povos indígenas? E
hoje, como se encontram os povos indígenas, eles enfrentam algum tipo de
problema na sociedade em que vivemos? Em seguida, vamos esclarecer sobre os
conceitos de aculturação e etnogênese.
No segundo momento da aula,
iniciaremos uma nova discussão sobre como as mídias de comunicação têm
representado os índios, especialmente na televisão brasileira, a partir do
seguinte questionamento essa representação tem contribuído para uma valorização
e reconhecimento dos povos indígenas? Após isso, mostraremos, em pequenos
trechos, como o índio é representado na minissérie “Caramuru: a invenção do
Brasil”. Abriremos um debate sobre a minissérie e aproveitaremos para apontar
como o índio era representado nos textos literários e que essa
representatividade foi mudando de acordo com as escolas literárias.
AULA
II
- CARGA HORÁRIA: 4h
Iniciaremos a aula dividindo
os alunos, em grupos formados por no máximo três pessoas. Distribuiremos as
letras das músicas “Cara de índio”, de Djavan, e “Todo dia era dia de índio”,
de Jorge Bem Jor, e colocaremos para que eles as escutem. Em seguida, pediremos
para que eles analisem as letras das músicas para debater sobre os direitos dos
índios de serem reconhecidos como uma organização social que tem seus costumes,
línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam. Além disso, os alunos compararão a representação do
índio nas letras das músicas com a representação feita na minissérie Caramuru:
a invenção do Brasil. Cada grupo terá que dizer sobre sua análise das músicas e
as comparações feitas entre as músicas e a minissérie. Em seguida, os grupos
terão que publicar um texto, com base nos conhecimentos adquiridos até o
momento, nas redes sociais que fale sobre os direitos dos povos indígenas no
Brasil. Os alunos poderão utilizar todo o conteúdo disponibilizado nas aulas
para servir de apoio. Além disso, as publicações poderão vir acompanhadas de
vídeos e imagens.
AULAS III – CARGA HORARIA 4H
No terceiro dia de oficina
apresentaremos aos alunos as diversas visões sobre o índio por meio da
intertextualidade entre textos literários, são eles: “O guarani – José de
Alencar” (trecho); “Macunaíma – Mario de Andrade” (trecho); letra da musica
“vida de índio – Francisco de Assis”; e “Juruá e Anhangá – de Kaka Werá Jecupé”
Logo após a apresentação e leitura do conteúdo os alunos formarão grupos e cada
grupo fará uma discussão sobre os textos, ressaltando e enumerando (no caderno)
as semelhanças e diferenças sobre as perspectivas textuais. Ao final desta
etapa, eles farão um artigo de opinião em forma de escrita colaborativa, que
será utilizado no ultimo dia de oficina como conteúdo base na sua produção
final.
AULAS
IV – CARGA HORARIA 4H
No quarto dia de oficina
abordaremos a perspectiva do índio na mídia em programas de comédia:
O índio
neoliberal
O documentário Índios
Somos Nós
Eles assistirão a vídeos que
exemplifiquem o objetivo da aula. Posteriormente, pediremos que cada um produza
um conto que possa representar o processo de aculturação do índio conforme
representado nas mídias atuais.
AULA
V – CARGA
HORÁRIA: 4h
Aula destinada à produção de
um vídeo que desconstrua a visão estereotipada do índio na sociedade, bem como
fomentar a reflexão e a discussão sobre os problemas enfrentados pelos
indígenas na atualidade, além disso, a criação de uma página no FACEBOOK, em
que serão postadas as produções dos alunos durante a oficina.
RECURSOS
METODOLOGICOS:
Projetor; Poemas impressos; Computador; Quadro
branco; Caixa de som.
ATIVIDADE
AVALIATIVA:
A avaliação será feita por
meio da criação de uma página no facebook, que os alunos devem alimentar com as
produções realizadas durante a oficina, como a produção e publicação de um
texto falando sobre os direitos dos povos indígenas e a produção de um vídeo
que desconstrua a visão estereotipada do índio na sociedade e discuta os
problemas enfrentados pelos indígenas na atualidade.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
ANDRADE,
Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. e.d. 18. São Paulo:
Ed. Itatiaia, 1981. p 9.
ALENCAR,
José de. O guarani. Rio de janeiro:
Nova Fronteira, 2012. p 38-39.
DIAS,
Gonçalves. I juca pirama. Disponível
em http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/GoncalvesDias/IJucaPirama.htm
JECUPÉ, Kaká Werá. As fabulosas fabulas de Iauaretê. São Paulo: Peiropólis, 2007. p
38.
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