quarta-feira, 21 de setembro de 2011

UM RAIO QUE O PARTA?

Uma “enchente” de opiniões diverge sobre a divisão do Pará

um raio que o parta - divisao_estado, 2011
 
Uma “enchente” de opiniões políticas diverge sobre a divisão do Pará. No dia 5 de maio, a Câmara dos Deputados, em Brasília, aprovou o plebiscito que irá definir o futuro do Pará. De um lado, encontram-se os defensores da integridade do estado, de outro os que defendem a criação dos dois estados: Tapajós e Carajás. Caso aprovada, a divisão do Pará irá influenciar a vida de pouco mais de sete milhões de pessoas. Essas mudanças transcendem a política, o comércio e a cultura.
No interior do Pará, é grande o número de pessoas a favor da divisão do Estado. Segundo Deley Santos, presidente do Partido Verde (PV) de Tucuruí, o número de cidadãos residentes nessas áreas que almejam a descaracterização da atual unidade federativa ultrapassa 90%. “A ausência do poder público é evidente nesta parte (Carajás). Se você for fazer uma pesquisa informal, vai ver que grande parte do povo quer se desmembrar do Pará que conhecemos hoje”, pontua o político, que é marido de Henilda Santos, atual vice-prefeita de Tucuruí.
A discrepância na divisão dos recursos também é um dos pontos levantados pelo ex-deputado estadual. “O governo deveria integrar mais o Estado, tornando-o mais ‘enxuto’. Do jeito que está atualmente, as partes que correspondem Tapajós e Carajás produzem muitas riquezas, mas vai quase tudo para fora do estado”, afirma o deputado.
Pensando nos benefícios que o novo Estado poderia incidir sobre a cidade em que mora e atua como político – no caso Tucuruí, localizado na área reivindicada para o novo Estado do Carajás -, Deley Santos, juntamente com prefeitos, deputados e vereadores da região estão organizado comissões pró-divisão do Pará. O objetivo é preparar e informar a população, visando à vitória no plebiscito, que poderá ocorrer nos próximos meses. “Estamos fazendo um mapeamento dessas cidades, fazendo levantamentos, estatísticas, PIB etc. Tudo para usarmos como argumento quando chegar à hora da população decidir, nas urnas, sobre a criação dos Estados do Tapajós e Carajás”.
Em depoimento no lançamento do Comitê da Não Divisão do Estado na Associação Comercial do Pará (ACP), na última quarta (1), o Deputado Federal e chefe da Casa Civil, Zenaldo Coutinho, ressaltaram que “os separatistas (relacionados aos que querem a criação dos estados de Tapajós e Carajás) desejavam que só aqueles que morassem nas áreas afetadas pudessem votar no plebiscito, essa ação partiu da Assembléia Legislativa do estado de Goiás. A constituição é clara ao defender que o plebiscito é feito em áreas diretamente interessadas. Como nós não somos interessados? E com a criação dos estados quem ficará com as despesas será o Estado-mãe, ou seja, o Pará”, disse Zenaldo.
 E ainda destacou que de acordo com pesquisas feitas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o custeio para mais duas máquinas administrativas (dois novos estados) vão gerar um déficit de 2 bilhões reais por ano.
“Só ficaremos com 17% do território atual, os minérios e as hidrelétricas, ficariam com os outros estados.Temos que lutar pelo nosso fortalecimento, precisamos da nossa unidade para trazermos mais recursos e melhores condições para Pará. As pessoas devem ter informações antes de votarem”, ressaltou o Deputado Federal.
A opinião  diverge entre a população. Para Camila Maia, estudante,15 anos, moradora do sudeste do Pará acredita que “a criação do Estado seria mais viável, principalmente se Marabá for à capital, pois assim seriam criados mais empregos e nossas riquezas poderiam ser mais bem exploradas. Hoje essas riquezas não nos beneficiam muito e temos muitas carências, como por exemplo, a falta de opções de cursos universitários. Eu mesmo vou sair para fazer um curso fora”, disse a estudante
Já para Roberto Correa, cientista político, acredita que se deve analisar o período histórico que envolve a criação do estado e elaborar soluções para o seu desenvolvimento. ”Sou contra a divisão do Estado e a favor de que se faça uma revisão histórica severa, e que após isso se busque resgatar a infraestrutura para o desenvolvimento sustentável de todas as regiões. Com o aporte tecnológico, com produção a baixo custo que gera competitividade, e também emprego e renda, será possível”, argumentou Corrêa.


Alunos do Curso de Jornalismo - UNAMA - Aline Seabra, Fernanda Brabo, Roberta Damasceno, Valquiria Lima, Mauro Tavernard, Renan Rollo

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