Resumo: Este estudo orienta-se para uma análise do discurso de duas narrativas orais sobre o “Alto do Bode”, na cidade de Belém. Com ele, visamos a uma possível leitura sobre a importância histórico-social deste lugar e da identificação das posições ideológicas presentes nas relações de poder que ocasionaram o desaparecimento desta comunidade e o silenciamento sobre a sua existência.
APRESENTAÇÃO
Vivemos em uma sociedade de imagens, especialmente imagens técnicas. A proximidade que as imagens estabelecem com o público satisfazendo a necessidade humana de se expressar, de se ver e de interagir, acaba por transformar o ser em imagem. Olha-se a imagem e não o homem que permanece invisível.
No contexto educacional, as influências das novas tecnologias em nossas vidas se faz sentir de forma marcante, alterando o modo de aprender e o de ensinar. Nós, professores, passamos a privilegiar a técnica e o conteúdo, pois, encontramos, em nossas atividades diárias, crianças e adolescentes que convivem com os mais diversos apelos visuais, linguagens carregadas de elementos ideológicos e culturais. Falamos muito e pouco escutamos. Olhamos para nosso aluno e nada é visto além de uma imagem, aparência opaca.
Assim, neste mundo interconectado, a complexidade de ensinar a língua portuguesa passa a exigir a percepção, por parte do professor, dos vários processos ideológicos e lingüísticos que favorecem a compreensão da língua funcionando na vida social e nos discursos que emergem e circulam pela ação dos sujeitos.
Temos, então, obrigatoriamente, que redirecionar o nosso olhar passando a atentar para as diversas manifestações da linguagem inerentes à significação do mundo pelos sujeitos: diálogos, lembranças, receios, reticências, um não-dito de gestos e ao silêncio que nos encaminham para o olhar do homem simples, comum, anônimo, sobre o mundo real. Não apenas a representação do mundo, mas sua criação, na medida em que os sentidos, as interpretações, as “verdades” sobre o mesmo nos são oferecidas.
Guimarães Rosa, na elaboração de seu estilo, buscou através das conversas com os homens do sertão, captar a riqueza da linguagem do sujeito anônimo e conseguiu atingir o universal por meio da aguda percepção dos problemas vitais que existem no interior do homem de qualquer lugar e de qualquer época. Paul Thompson (1992) sugere que a experiência de vida das pessoas de todo tipo deva ser utilizada como matéria-prima para dar à história uma nova dimensão, pois a classe que detém o poder seleciona o que deve ser lembrado e, ao esquecer, o que deve ficar em zona de sombras e silêncio.
Este trabalho foi construído a partir da inquietação sobre o sentido de negação da história
real, o apagamento e o silêncio construídos em torno das pessoas comuns às quais não se têm
dado nem voz nem ouvidos. A este homem anônimo, socialmente invisível, se “deu a
palavra”, materializando-o.
A metáfora do lugar “Alto do Bode” é a própria vida: um caminho, uma estrada, um trajeto, um deslocamento que conduz ao encantamento da redescoberta de que é possível pluralizar a história a partir da riqueza das palavras de pessoas anônimas bastando para isso escutá-las.
Convido o leitor para caminhar comigo pela cidade de Belém, Estado do Pará. Porém, nesta caminhada, lançaremos sobre a cidade um olhar outro ao qual não estamos habituados. Vendo através dos olhos do imigrante nordestino, desembarcaremos de uma montaria às margens da Baía do Guajará e deixaremos que nossos passos nos conduzam no tempo pela Estrada de Nazareth rumo a trilhas desconhecidas que nos levarão, tomando carona nas lembranças das pessoas comuns, ao morro do “Alto do Bode”. Lá, descobriremos que a memória desta cidade não está apenas guardada em monumentos, casarões antigos, documentos escritos e nem somente no Bairro da Cidade Velha, mas também, nos lugares periféricos habitados por pessoas comuns, em suas relações sociais e em seus atos de solidariedade. Basta querermos vê-la.
No contexto educacional, as influências das novas tecnologias em nossas vidas se faz sentir de forma marcante, alterando o modo de aprender e o de ensinar. Nós, professores, passamos a privilegiar a técnica e o conteúdo, pois, encontramos, em nossas atividades diárias, crianças e adolescentes que convivem com os mais diversos apelos visuais, linguagens carregadas de elementos ideológicos e culturais. Falamos muito e pouco escutamos. Olhamos para nosso aluno e nada é visto além de uma imagem, aparência opaca.
Assim, neste mundo interconectado, a complexidade de ensinar a língua portuguesa passa a exigir a percepção, por parte do professor, dos vários processos ideológicos e lingüísticos que favorecem a compreensão da língua funcionando na vida social e nos discursos que emergem e circulam pela ação dos sujeitos.
Temos, então, obrigatoriamente, que redirecionar o nosso olhar passando a atentar para as diversas manifestações da linguagem inerentes à significação do mundo pelos sujeitos: diálogos, lembranças, receios, reticências, um não-dito de gestos e ao silêncio que nos encaminham para o olhar do homem simples, comum, anônimo, sobre o mundo real. Não apenas a representação do mundo, mas sua criação, na medida em que os sentidos, as interpretações, as “verdades” sobre o mesmo nos são oferecidas.
Guimarães Rosa, na elaboração de seu estilo, buscou através das conversas com os homens do sertão, captar a riqueza da linguagem do sujeito anônimo e conseguiu atingir o universal por meio da aguda percepção dos problemas vitais que existem no interior do homem de qualquer lugar e de qualquer época. Paul Thompson (1992) sugere que a experiência de vida das pessoas de todo tipo deva ser utilizada como matéria-prima para dar à história uma nova dimensão, pois a classe que detém o poder seleciona o que deve ser lembrado e, ao esquecer, o que deve ficar em zona de sombras e silêncio.
Este trabalho foi construído a partir da inquietação sobre o sentido de negação da história
real, o apagamento e o silêncio construídos em torno das pessoas comuns às quais não se têm
dado nem voz nem ouvidos. A este homem anônimo, socialmente invisível, se “deu a
palavra”, materializando-o.
A metáfora do lugar “Alto do Bode” é a própria vida: um caminho, uma estrada, um trajeto, um deslocamento que conduz ao encantamento da redescoberta de que é possível pluralizar a história a partir da riqueza das palavras de pessoas anônimas bastando para isso escutá-las.
Convido o leitor para caminhar comigo pela cidade de Belém, Estado do Pará. Porém, nesta caminhada, lançaremos sobre a cidade um olhar outro ao qual não estamos habituados. Vendo através dos olhos do imigrante nordestino, desembarcaremos de uma montaria às margens da Baía do Guajará e deixaremos que nossos passos nos conduzam no tempo pela Estrada de Nazareth rumo a trilhas desconhecidas que nos levarão, tomando carona nas lembranças das pessoas comuns, ao morro do “Alto do Bode”. Lá, descobriremos que a memória desta cidade não está apenas guardada em monumentos, casarões antigos, documentos escritos e nem somente no Bairro da Cidade Velha, mas também, nos lugares periféricos habitados por pessoas comuns, em suas relações sociais e em seus atos de solidariedade. Basta querermos vê-la.
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