PARÁBOLA DO MACHO BRANCO ADULTO
Thaís Luciana Corrêa Braga
4JLN11
Ela se perguntava por que não conseguia evitar a aquiescência. Não só ela, como todos os Outros reunidos naquele Lugar. Não que a eloqüência do líder Macho branco e adulto fosse de todo esplendorosa; pelo contrário. Às vezes, ele dava a impressão de enfiar os pés pelas mãos. Ainda assim, ele nunca saia do controle; no máximo, quando o bestuntar era tamanho, o Grupo elegia um outro representante supostamente disposto a agir em prol do melhor para coletividade.
Porém, no momento em que essa troca insípida acontecia, parecia que nada tinha mudado verdadeiramente. Quiçá o branco da pele do novo Macho adulto adquirisse um matiz diferente... Contavam-lhe que, no começo dos Tempos, só aos alvos de leite era permitido liderar; hoje em dia, observa-se que a brancura dos Machos já se esgueira para o bege – mas nunca atinge as cores amadeiradas, embora muitos dos Outros tenham essa tonalidade no corpo. E deveras mais ainda possuam cor de café.
Ela se lembrou de uma única exceção, entrementes: uma vez um Breu esteve no comando. Lembrava que chegou a sentir esperança por um minuto – afinal, ele era adulto, mas com aparência jovem –, entretanto ele logo mostrou que sua referência era de cal e não foi surpresa quando todos os seus atos foram feitos a fim de ratificar o ideal da brancura madura.
Assim, a conjuntura não apresentava reais possibilidades de mudança. Para ela era ainda pior, pois além de ser arruivada e mulher, era criança. Destarte, ela finalmente entendeu a razão de simplesmente concordar com Tudo: era inevitável... era a única opção de existência.
A figura acima mostra que algumas pessoas podem não se adaptar ao modelo vigente, ainda que imersas completamente nele – conforme a parábola acima. Foi retirada do seriado americano One Tree Hill, embora na série a imagem tenha outra acepção.
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