Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos
Professora: Ivânia Neves
Ana Lenira Malato
Heliane Abreu
Neyara Ribeiro
Introdução
1 – O que é xenofobia?
Xenofobia é originário do grego ‘Xeno’(que significa estranho)
e o sufixo ‘Fobia’ se refere ao sentimento de ódio, horror. Podemos conceituar
a xenofobia como uma hostilidade ao que é estranho. Atualmente, a palavra
também é empregada para designar manifestações racistas e discriminatórias e
aversão em relação a pessoas e coisas estrangeiras.
2 – E o discurso de ódio?
O Discurso de Ódio engloba “todas as formas de expressão
que propagam, incitam, promovem ou justificam o ódio racial, a xenofobia, a
homofobia, o antissemitismo e outras formas de ódio baseadas na intolerância”.
3
– As mídias e a reprodução de discursos:
um perigo iminente
As novas tecnologias
aceleraram os processos da globalização. O fluxo de informações está cada vez
mais rápido e ágil, as indústrias de bens de consumo faturam bilhões por ano
com as vendas de produtos ligados à tecnologia. Nesse sentido, tal expansão
caracteriza a atual estrutura das sociedades, baseada na convergência dos meios
de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva, que culmina no
acesso livre de informações e conteúdos que circulam na rede dinâmica que é a
internet. Ou seja, Dinamismo é a palavra que rege as sociedades modernas. Sobre
a convergência dos meios de comunicação e o uso dessas ferramentas por
consumidores individuais, nos afirma Jenkins (2006, p.30):
A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais
sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de
consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de
nós constrói a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana.
Jenkins
ao afirmar que cada um de nós constrói um perfil pessoal a partir dos
fragmentos retirados dos fluxos midiáticos reitera a ideia de que o uso das
informações encontradas nas redes – sejam conteúdos legais ou ilegais – expõe e
imprime uma opinião. Partindo desse princípio, destacamos o papel das redes
sociais na divulgação dessas impressões acerca da vida cotidiana e enquanto
local de expressão de um pensamento individual num meio de comunicação
coletivo.
Nesse sentido, os discursos individuais, dependendo do tema, causam
grandes impactos nos meios de comunicação coletivos, gerando intensos debates
produtivos ou crimes reproduzidos na ordem do discurso. Nesse sentido, os sites
de relacionamento exercem, atualmente, um papel fundamental não somente
enquanto agentes promotores das inter-relações sociais que ocorrem por meio da
mídia ou como um diário eletrônico, podem e são também os responsáveis pela
disseminação meteórica de informações e conteúdos relacionados aos mais
variados temas. Em outras palavras, sites como Facebook, Twitter, Bloggers
assumem um compromisso político-social.
Foi dentro dessas redes que muitas lutas
se massificaram, como, por exemplo, as jornadas de luta em países europeus e
Oriente Médio, a partir da massificação de eventos criados na página do
Facebook. Ou seja, a utilização das ferramentas das redes sociais, quando
usadas de modo inteligente e objetivo, podem se tornar aparelhos que dão suporte
a lutas importantes que mobilizam toda uma sociedade. Porém, há de se destacar
que nem todo uso da mídia ou rede social é feito de modo consciente, ainda há
milhares que se escondem por trás dessas desses perfis líquidos para promover o
preconceito por meio dos discursos de ódio – contra homossexuais, etnia, raça,
classe, etc. – e cometer crimes hediondos.
Está
se tornando cada vez mais comum assistirmos os telejornais noticiando alguns desses
tipos de crime em perfis de sites de relacionamento. Destacaremos aqui um tipo
de preconceito muito utilizado para rebaixar moradores de regiões mais
afastadas do centro político-econômico do país: a xenofobia.
A
xenofobia é um modo de discriminação social que se baseia na aversão a
diferentes culturas e nacionalidades. Considerada pela legislação brasileira
como crime de ódio, a xenofobia mostra-se por meio da humilhação,
constrangimento ou agressão física e moral àquele que não é natural do lugar do
agressor. Uma
vez que generaliza e diminui moralmente um grupo de uma determinada região,
essa forma de discriminação tem caráter coletivo ainda que seja dirigida a uma
só pessoa.
No Norte do Brasil, o revanchismo entre as “Metrópoles da Amazônia”,
Manaus x Belém, Amazonas x Pará, é latente e disseminado amplamente nos
discursos de ódio que se acentuam d modo alarmante, chegando ao extremo com
declarações de pessoas públicas com discursos de ódio e humilhação à cultura do
outro – vide vídeo do então Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, e o episódio
lamentável em que declarou publicamente seu ódio aos paraenses que residem na
capital do Amazonas.
A
xenofobia está relacionada também a outros tipos de preconceitos como o racismo
e a discriminação de classe social. Sendo assim, imigrantes e indivíduos com
diferentes hábitos culturais são desrespeitados devido as suas características
físicas, sotaques e condições socioeconômicas.
É comum
a vítima sentir-se pressionada a abandonar o lugar por causa de atitudes hostis
dos discriminadores. Entretanto, a proteção de todos independente de procedência
nacional é um direito assegurado ao ser humano, expresso inclusive na
legislação brasileira que determina punição a qualquer indivíduo que pratica
atos discriminatórios nos níveis culturais e regionais.
Por vezes, o preconceito não vem claramente exposto, podendo parecer uma
espécie de brincadeira, porém é necessário compreender a importância de entender
a atitude xenófoba como uma séria ofensa, ainda que não realizada de forma
direta.
Se você apresenta essas características:
· Faz comentários
desrespeitosos sobre o povo, a cultura e o local em questão;
· Busca inferiorizar os
costumes, as tradições e as pessoas;
· Ridiculariza o sotaque da
vítima;
· Acusa o imigrante de
atrapalhar a vida no local em que hoje mora;
· Ironiza o tipo físico do
imigrante;
· Compara seu local de origem
com o da vítima, ridicularizando-a;
· Considera a vítima inferior
intelectualmente devido à sua cultura;
Sim!
Você é um xenófobo!
4
– O bairrismo em contraposição
Enquanto
a xenofobia se baseia no ódio a cultura do outro, o bairrismo vem na contra mão
disso tudo. Segundo
alguns sociólogos, o discurso bairrista advém do regionalismo, que se
caracterizava por ser um movimento de exaltação da cultura local, tendo esta
como centro da visão do mundo, por determinados grupos. O regionalismo foi um
movimento muito presente no Nordeste, já que esta região sempre sofreu certo preconceito
e, talvez até mesmo como mecanismo de defesa, os nordestinos assumiram um
grande compromisso com sua região. Em seguida surge o termo bairrismo, com
alguns aspectos no regionalismo, porém, neste movimento os membros são pessoas
que se sentem excluídas pelas autoridades.
Uma das principais características
do bairrismo é que não só exaltam sua região, como têm aversão ao que vem de
fora, ao que não pertence ao seu centro. O discurso de bairro tem uma visão
limitada do que ocorre fora do seu ponto de vista e se utilizam do
estreitamento do grupo, como estratégia para reconhecimento local.
Tendo prévio
conhecimento do discurso bairrista, tomamos como fonte de estudo a música Belém, Pará, Brasil, da banda paraense
Mosaico de Ravena, para ilustrar o que falamos anteriormente. A música fala do
preconceito que a região norte sofre. Trechos como os exibidos a seguir,
ilustram o tema abordado:
A culpa é da mentalidade
Criada sobre a região
Por que é que tanta gente teme?
Norte não é com M.
E ainda:
Chega das coisas da terra
Que o que é bom vem lá de fora
Transformados até a alma
Sem cultura e opinião
O nortista só queria fazer
Parte da Nação.
Toda a música é
um bom exemplo do que falamos antes, mas esses trechos em especial focam no
preconceito sofrido, e na estrofe em que é citada a falta da “cultura e
opinião” o discurso bairrista fica claro. Por vezes, sendo utilizada como Hino
do Estado exaltada nas redes sociais e fora dela. Porém, até que ponto esse
discurso é positivo? Devemos tomar cuidado com certas atitudes extremistas,
para que nossa visão de mundo, não atrapalhe o nosso “estar no mundo”.
Como
cidadãos não podemos perder nossa argumentatividade e nosso senso crítico, para
que possamos enxergar para além do ufanismo, que chega a nos cegar frente as
deficiências e nos faz ser tão extremistas quanto um xenófobo, desconsiderando
as realidades de outrem.
Partindo dessa
ideia, retomamos novamente a questão do revanchismo existente entre Amazonas x
Pará, baseado historicamente numa disputa político-econômica entre as duas
principais capitais da região, a fim de dar a uma delas o título de “Metrópole
da Amazônia”. É preciso enxergar que independente desse título, há duas cidades
de uma mesma região, que assim como o nordeste, sofre com o descaso dos governos
e possuem os mesmos problemas.
Essa “briga”
parece ter ido longe demais, alimentada pelas mídias, pelos discursos infelizes
de representantes do poder público e por nós mesmos quando assumimos uma dessas
duas posições extremistas. Nosso papel transformador reside na assimilação
desses discursos e mediação dos mesmos, de modo a não nos deixarmos levar ora
por uma consciência ufanista, ora por ódio ao outro de uma cidade, estado ou
país diferente do nosso.
CRONOGRAMA
1
– O que é Xenofobia?
Xenofobia é originário do grego ‘Xeno’(que significa
estranho) e o sufixo ‘Fobia’ se refere ao sentimento de ódio, horror. Podemos
conceituar a xenofobia como uma hostilidade ao que é estranho. Atualmente, a palavra também é empregada para designar manifestações racistas e
discriminatórias e aversão em relação a pessoas e coisas estrangeiras.
2
– E o discurso de ódio?
O Discurso de Ódio engloba “todas as formas de
expressão que propagam, incitam, promovem ou justificam o ódio racial, a
xenofobia, a homofobia, o antissemitismo e outras formas de ódio baseadas na
intolerância”.
3
– As mídias e as reproduções do discurso
Vídeo
do então Prefeito do Amazonas, Amazonino Mendes (PTB).
4
– O bairrismo em contraposição
JENKYNS, Henry. Cultura
da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação.
Tradução: Susana Alexandria – 2ª ed. – São Paulo: Aleph, 2009.
SANTANA, Renata
Cristina. Discurso e mídia: uma convergência no campo da linguagem. Campos dos Goytacazes,
Rio de Janeiro, 2007.
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