terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Da princesa do pop à cinderela: a assimilação e convergência de elementos culturais no curta Encantada do Brega.

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos
Docente:Ivânia Neves
Tainah Maria Fonseca Ferreira
Tiago Hulshof de Mendonça


https://www.youtube.com/watch?v=jkASByzPWcw


As mediações, em comunicação, podem ser consideradas lacunas presentes entre a produção e a recepção de uma mensagem a ser transmitida, determinadas pelo convívio social, pelo espaço em que é transmitida e pela competência cultural, que diz respeito a todas as pessoas. De acordo com Jesus Martín-Barbero, devemos conceber cultura como um produto antropológico que envolve as crenças, os valores seguidos por certas comunidades, a maneira como se expressam e expressam suas memórias, narrações, músicas... Assim, passamos a entender que cultura e comunicação estão interligadas e, consequentemente, estão diretamente relacionadas ao cotidiano.
Levando em consideração que, apesar dos meios de comunicação constituírem-se como potência na sociedade e exercerem um papel significativo na reprodução e reconstrução de pensamentos, devemos voltar as atenções para as mediações, pois são  estes “espaços” que revelam as relações sociais e as concepções de uma população sobre si mesma, evidenciando um processo muito mais complexo entre emissão e recepção de informações. A complexidade é ainda maior quando o conteúdo da mensagem carrega consigo uma carga de elementos culturais e de identificação bastante significativo.    
É seguindo essa linha de raciocínio que nos atentamos para o seguinte questionamento: “Como está sendo reproduzida a imagem da cidade de Belém nos meios de comunicação?” Muito mais do que isso: “Como as pessoas recebem e (re)criam a imagem de Belém (e sua própria imagem) através desses meios?” Já que, para Martin-barbero (1997), o receptor é aquele sujeito capaz de participar do processo de comunicação.
A cidade de Belém é conhecida por reunir, entre seus habitantes, opiniões  bem divergentes no que diz respeito à sua própria definição de cidade, de povo, de cultura. Alguns mantém um posicionamento um tanto ufanista sobre a cidade, o que alimenta, na mídia, a produção de conteúdos desse gênero. Em contrapartida, há aqueles que reconstroem a identidade de uma população, utilizando, para isso, as novas tecnologias de grande alcance, e projetam situações, linguagens, hábitos que já nos são recorrentes e, mesmo assim, causam um impacto positivo de reflexão sobre nós mesmos. Esse mesmo espaço utilizado traz consigo, além da pluralidade cultural existente na cidade, marcas bem explícitas de fatores como: exclusão social, preconceito e violência, já que sabemos o quão imbricados estão estes fatores, principalmente em bairros periféricos.
Historicamente, Belém é marcada pelo período conhecido como Ciclo da Borracha, momento em que se instarou o auge econômico da “Belle Époque”nos centros urbanos da capital e de Manaus. Assim, foi imposta em nossa cidade a cultura europeia, criando-se um modelo ideal de civilização urbana em um espaço que, sabemos, é múltiplo e híbrido e formada por vários “atores sociais”. O auge econômico, portanto, não significou uma representação plural/real da diversidade étnica, racial e cultural da região. Tratando-se de estereótipos, a capital do Grão-Pará é  vista, de fora, como predominantemente indígena, sem que haja uma reflexão sobre como se constitui a  população belenense. Raramente dá-se conta de que se trata de uma metrópole globalizada, que sofre constantes interferências internas e externas simultaneamente.
As transformações, contradições e diversidades de Belém podem – e devem – ser repensadas através das novas representações midiáticas sobre a cidade, que ganharam espaço com o advento de meios tecnológicos de comunicação. Nesse sentido, o objeto de estudo para esta oficina é o curta-metragem “Encantada do Brega”, da Platô Produções, divulgado no “YouTube”, o qual propõe uma hibridização cultural, inerente ao desenvolvimento de qualquer centro urbano, constituindo uma identidade belenense.
Partindo desse princípio, BARBERO (2000) aponta a observação do espaço,  que medeia a relação entre os papeis de emissor e receptor em uma comunicação, como fundamental para que se possa articular os movimentos sociais e as diferentes temporalidades  e  matrizes culturais. Mediar seria, aqui, observar as inter-relações existentes no espaço e analisá-las como estratégia de comunicação, capaz de conceber o ser humano no âmbito individual e coletivo.  Assim, os novos meios de propagação e produção de elementos culturais estão intimamente ligadas à ideia de povo, de (des)igualdades sociais e de como formou-se, nesse caso, a população urbana de Belém.

https://www.youtube.com/watch?v=-qW_7lwW_30

PLANO DE AULA
Título : Da princesa do pop à cinderela: a assimilação e convergência de elementos culturais no curta Encantada do Brega.

Público alvo: alunos do 1º ano - Ensino Médio, residentes em Belém.
Duração: 3 aulas, com duração de 50 minutos.

OBJETIVOS
Objetivo Principal:
Promover a discussão sobre como a cultura, a identidade e a diversidade da cidade de Belém são difundidas nas mídias sociais.
Objetivos Específicos:
Analisar o curta-metragem “Encantada do Brega” como um recurso midiático, que (re)produz a identidade urbana de Belém;
Levantar questionamentos sobre alguns elementos culturais presentes em Belém e como são vistos pela sociedade;
Identificar os diversos tipos de linguagens, estigmas e atores sociais presentes no curta-metragem;
Perceber como as assimilações e convergências entre culturas ocorrem e são decisivos para a construção da identidade do belenense;

JUSTIFICATIVA
Com os avanços dos processos tecnológicos de comunicação, os sujeitos têm uma capacidade cada vez maior de interagirem entre si. Hoje, o receptor de uma informação pode conceber-se também como produtor de novas informações. Levando em consideração que a comunicação midiática é determinante para o processo de reconstrução e, por vezes, desconstrução de concepções, o presente trabalho justifica-se pelo fato de que é necessário avaliar o material produzido por belenenses, que buscam traduzir a identidade e a cultura da população urbana de Belém. Assim, busca-se analisar como a cidade é representada nas mídias sociais e, mais especificamente, no curta-metragem objeto de análise deste trabalho, além de identificar aspectos de negociações entre culturas para a construção de novos pensamentos e novas linguagens.

RECURSOS DIDÁTICOS
Curta-metragem e vídeo exibidos por meio de data show, computador e caixas de som.

METODOLOGIA
1º Momento
Apresentar a oficina e seus objetivos. Em seguida, discutir quais elementos culturais paraenses populares e cotidianos eles conseguem perceber. Haverá a utilização de imagens como auxílio.

2º Momento
Apresentação do vídeo “Afinal, o que é CULTURA?”, para introduzir, mesmo que de forma pouco aprofundada, uma ideia sobre cultura. Além disso, definir o termo  mediação, de acordo com BARBERO, e tentar construir, junto à turma, definições para identidade e assimilação cultural.

3º Momento
Breve explanação do passo-a-passo da oficina. Em seguida, fazer sondagem objetivando observar o conhecimento dos alunos acerca do conto de fadas Cinderela – os alunos terão de, por si só, recontar a história.

4º Momento
Focando-se nos elementos culturais populares paraenses (como utilização de música, as linguagens, os ícones culturais e etc.) e/ou negociações, os alunos assistirão ao curta-metragem Encantada do Brega, tomando nota do que acharam interessante ou que não se atentaram na discussão do primeiro momento.

5º Momento
Neste momento, haverá uma breve diálogo com a turma a fim de observar a compreensão acerca do vídeo. Em seguida, haverá um brainstorm com a utilização do quadro, em que os alunos listarão alguns elementos/negociações culturais. A partir disso, será feita uma discussão acerca da convergência midiática, tendo o curta como objeto de análise.

6º Momento – Produção
Os alunos produzirão uma história em quadrinhos, em que a narrativa deverá ser uma recontextualização paraense a partir de outro texto, de forma similar à maneira como foi criada a Encantada do Brega.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BARBERO, Martin. A comunicação na educação. Editora contexto,2014.



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