terça-feira, 5 de setembro de 2017

A Valorização da Cultura do povo indígena Sateré-Mawé por meio de Narrativas Orais


Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos no Ensino de Português
Docente: Ivânia Neves
Discentes: Ana Carolina Sena
                  Alcione Alves Farias
                  Romário Paixão Costa


http://roseartseducar.blogspot.com.br/2013/03/lenda-do-guarana-avalialacao.html

O Brasil tem uma grande diversidade cultural, dentre as quais se destacam a cultura dos povos indígenas, que habitavam este território muito antes do processo de colonização do país. A herança histórico-cultural dos indígenas se faz muito presente em nossa sociedade, principalmente na região amazônica como podemos observar nos hábitos e costumes da região, desde a gastronomia até o nosso vocabulário. Desta maneira, este trabalho explora um pouco da cultura dos Satére-Mawé, povo indígena que valoriza sua cultura mesmo estando em contato com o homem branco.

As narrativas orais Sateré-Mawé sintetizam a memória dos seus ancestrais, os elementos simbólicos da cultura desse povo são apresentados nos rituais, nas danças e nas suas narrativas, revelando os seus hábitos, as suas crenças bem como a sua organização social. (NASCIMENTO, 2013, p.29)

É através das suas narrativas orais que os Sateré-Mawé, conhecidos como filhos do guaraná, buscam manter a própria cultura e suas tradições.
Pensando na importância que é reconhecer o valor da cultura indígena e que ela faz parte da nossa história é importante que os educadores tragam essas narrativas orais para o contexto escolar, com o objetivo de fortalecer a nossa cultura e os saberes do povo. Portanto é importante a aplicação de atividades que assegurem essa valorização. Atividades que contemplem não apenas a sala de aula, mas que possa alcançar, por meio de vários recursos midiáticos, uma grande parcela da sociedade para que a mesma tenha uma visão crítica e participativa reconhecendo o nosso valor cultural.
De acordo com Jenkins (2006) apud KELLNER; SHARE (2008) os educadores precisam se preocupar em incentivar seus alunos a ter uma participação, crítica ou não, efetiva na mídia, como produtores culturais e participantes, não somente como consumidores. Isto é, o reconhecimento da cultura indígena pode alcançar grandes proporções, desde que haja um direcionamento por parte dos educadores à um conhecimento crítico e participativo dos alunos e da sociedade em geral.




Referência Bibliográfica

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2006.

Nascimento, Dilce Pio. Narrativas sateré - mawé: oralidade e dramatização. /Dilce Pio Nascimento. – Manaus: UEA, 2013.

 PLANEJAMENTO DA OFICINA
TEMA: A Valorização da Cultura do povo indígena Sateré-Mawé por meio de Narrativas Orais.

OBJETIVO GERAL: 
Reconhecer a língua como instrumento de transmissão e manutenção de saberes únicos,                       culturais e históricos do povo Sateré-Mawé.

              OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
·  Conhecer,  por meio de textos e videos  o povo Sataré-Mawé.
·  Mostrar as características de uma narrativa oral.
·  Apresentar algumas narrativas orais do povo Sateré-Mawé.
·  Demonstrar aspectos da cultura Sataré-Mawé em suas narrativas orais.

             JUSTIFICATIVA:
Na cultura indígena, as narrativas orais têm um papel fundamental para manter a memória e a identidade de um povo. Em virtude disso, optou-se abordar o tema “A valorização da cultura do povo indígena Sateré-Mawé por meio de narrativas orais” no ambiente escolar. Através desta oficina, busca-se proporcionar aos alunos o conhecimento sobre o contexto histórico-cultural da Amazônia; e um contato com a visão do mundo e das coisas por meio da linguagem indígena, por meio das narrativas orais dos Sateré-Mawé. Em consonância com o que afirma Barbero (2014, p. 30) “A linguagem é a instância em que emergem mundo e homem ao mesmo tempo. E aprender a falar é aprender a dizer o mundo, a dizê-lo com os outros, a partir da experiência de habitante da terra, uma experiência acumulada através dos séculos”.
Pensando nos saberes adquiridos e transmitidos através dos séculos, por meio de narrativas orais do povo Sataré-Mawé, no presente trabalho, utilizaremos algumas narrativas que explicam a origem do povo, e de alimentos como o guaraná e a mandioca, além do ritual da tukandera, característicos da comunidade Sateré-Mawé e que ajudam a manter as tradições que fazem parte da identidade deste povo.

            METODOLOGIA
            A oficina terá duração de 20h, que será dividida em cinco aulas, de quatro horas/aula.
AULA 1
·         1° Momento (01h30 min)
Para iniciar a aula, será apresentado o tema da oficina e, em seguida, será entregue aos alunos um texto sobre o povo indígena Sateré-Mawé que contém informações acerca da língua, localização, história, cultura e como vivem essa comunidade indígena atualmente e seus projetos.
·         2° Momento (30 min)
Será feito um debate com os alunos com o objetivo de identificar o que eles sabem sobre a cultura dos povos indígenas, ao mesmo tempo será dada informações específicas sobre como a cultura Sateré-Mawé procura se manter através das narrativas orais.
·         3° Momento (30 min)
Para complementar o debate será apresentado aos alunos o vídeo “Memorial Indígena Sateré-Mawé”, o qual mostra como os Sateré-Mawé transmitem a sua história através das narrativas orais.
                Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tXaf7RGF5rQ&t=32s>b
·         4° Momento: (1h30 min)
Após a análise dos vídeos será retomada a discussão questionando a origem dos alunos, isto é, sua ascendência. Cada aluno deverá fazer um breve relato sobre o que ele conhece acerca das sua origens e que aprendeu através de narrativas orais.
AULA 2
· 1° Momento: (01h00)
Nesta aula será apresentado um texto sobre a origem do povo Sateré-Mawé e porque eles são conhecidos como os filhos do Guaraná, onde serão explicitados os elementos simbólicos desse povo presentes na narrativa.
Fonte: FIGUEROA, Alba Lucy Giraldo. Guaraná, a máquina do tempo dos Sateré-Mawé. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 11, n. 1, p. 55-85, jan.-abr. 2016
· 2° Momento: (30 min)
Para complementar, será apresentado o vídeo “Reportagem em telejornalismo: os filhos do guaraná” que aborda o tema: a cultura do guaraná na etnia Sateré-Mawé, considerados os domesticadores da planta. Um vídeo de quinze minutos que mostra relatos sobre a origem do guaraná, a forma de cultivo e beneficiamento do fruto, o consumo do sapó e uma série de referências cinéticas sobre a cultura e sobre a região, construídas a partir da articulação de vários elementos da linguagem televisual.


· 3° Momento (01h30 min)
 Depois da exibição do vídeo, que serviu como um preparo para a atividade posterior, os alunos serão agrupados em cículo para o início de uma atividade de improviso, na qual será produzida uma história da origem de um povo. O início da narrativa será elaborado pelo professor e, em seguida, os alunos é que terão que dar continuidade à história, não necessariamente em sequência, e a mesma precisa ter início, meio e fim. Para esta atividade será preciso de um gravador, pois a gravação desta narrativa será apresentada aos alunos no final da oficina em forma de vídeo de animação.
· 4° Momento (01h00)
Com base no que foi trabalhado em sala, a turma deverá pesquisar sobre outras narrativas orais, de outros povos indígenas onde discutiremos sobre a importância de se manter a cultura indígena de acordo com concepção de cada um.
AULA 3
·         1° Momento (30 min)
A continuação da oficina se dará através da exibição do  vídeo “Ritual da Tucandeira na comunidade indígena Sataré-Mawé Sahuapé” com o objetivo de mostrar aos alunos que os rituais também estão presentes em narrativas orais.




·         2° Momento (01h00)
Realizar uma discussão com os alunos sobre a finalidade do ritual em comunidade indígena.
·         3° Momento (30 min)
A discussão será complementada com a amostra de slides que contém informações e imagens sobre os Sateré-Mawé.
·         4° Momento (30 min)
Neste momento da aula os alunos poderão tirar suas dúvidas ou contribuir para a oficina através das suas observações acerca do tema.
    AULA 4
·      1° Momento (30 min)
Inicialmente apresentaremos outras narrativas através de textos sobre a Lenda da mandioca contada pelos índios Sateré-Mawé.
·      2° Momento (01:00h min)
Será feita uma discussão sobre como essas lendas influenciam a cultura e o comércio do povo Sateré-Mawé.
·      3° Momento (01:00h30 min)
Neste momento será solicitado para que o aluno produza uma narrativa falando da importância de mantê-las como um meio de conservação dos valores culturais.
·      4° Momento (01:00h)
Discussão sobre algumas ideias acerca do que já foi produzido em sala.
    AULA 5
·         1° Momento (1h00)
Apresentação do vídeo “Costumes e tradições dos índios Sateré-Mawé” e logo em seguida uma roda de conversa será feita para uma breve discussão.

Fonte:
·         2° Momento (1h00)
Faremos um apanhado geral sobre o que foi feito em sala e tentaremos identificar os proveitos que eles tiveram com a oficina.
·         3° Momento (01h 30 min)
Neste momento será entregue ao aluno um pequeno questionário com as seguintes perguntas que deveram ser respondidas oralmente.
- Durante a oficina, o que mais lhe chamou a atenção em relação as narrativas orais?
-  O que você aprendeu sobre a importância de valorizar a cultura indígena?
- Foi modificado o olhar de vocês sobre as questões indígenas? De que forma?
·         4° Momento (30 min)
Para finalizar a oficina será apresentado um vídeo em animação com a narrativa criada pelos alunos em sala no momento do improviso.
             AVALIAÇÃO
A avaliação será contínua, através de frequência, participação e no final da oficina os alunos deverão criar um texto sobre a  importância de valorizar a cultura dos povos indígenas, que deverá ser publicado no Facebook.
           RECURSOS DIDÁTICOS
Ø  Textos escritos
Ø  Computador
Ø  Caixas de som   
Ø  Data-show
Ø  Celulares

REFERÊNCIAS:

KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a Leitura Crítica da Mídia, Democracia Radical e a Reconstrução da Educação. Educ. Soc., Campinas, vol.29, n.104 – Especial, p. 687-715, out.2008
MARTÍN-BARBERO, Jesus. A comunicação na educação. São Paulo: Contexto, 2014.
Nascimento, Dilce Pio. Narrativas sateré - mawé: oralidade e dramatização. /Dilce Pio Nascimento. – Manaus: UEA, 2013.




MEMÓRIA E IDENTIDADE NAS NARRATIVAS ORAIS DA AMAZÔNIA

Oficina de Língua Portuguesa


Disciplina: Recursos Tecnológicos no Ensino de Português
Período: 2017.2
Professora Ivânia Neves
Discentes: Ana Maria Ferreira Torres
Diego Coimbra dos Santos


Fonte: http://www.ebc.com.br/educacao/2013/04/escritor-defende-literatura-indigena-para-embasar-estudo-de-culturas-tradicionais


Identidade e memória nas narrativas orais da Amazônia: uma proposta didática com auxílio de recursos audiovisuais


O valor da memória é integrante das grandes questões das sociedades desenvolvidas e em processo de desenvolvimento das classes dominantes e dominadas. Segundo Le Goff (2003), é por meio da memória social que todos os problemas da evolução humana são dominados e é na memória social que jaz a subsistência étnica que resiste na rotina, a qual é capital fundamental à sobrevivência e manutenção de um grupo. “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia” (LE GOFF, 2003, p. 469), destarte a memória não é somente objeto de conquista de uma comunidade, mas simboliza poder, pois são nas sociedades em que a memória social faz-se, sobretudo, oral que há uma disposição maior à compreensão da luta pela dominação da recordação e da tradição.
Fonte: MONTEIRO, 2003. 
No que concerne à instituição escolar, essa constitui o espaço no qual, segundo Freire (1996), a cultura de uma sociedade deve ser projetada, uma vez que o conteúdo escolar deve refletir o conhecimento que o aluno traz consigo e esse conhecimento, por sua vez, está intimamente ligado a sua memória. Dessa forma, faz-se importante que o ambiente escolar proporcione, tanto do processo de ensino-aprendizagem quanto no espaço físico da instituição, um reconhecimento na relação entre aluno e conteúdo escolar, não apartando o objeto de ensino nem o ambiente de aprendizagem da realidade, vivência, identidade e memória do educando.

              
No tocante às relações entre mídia e sociedade, Keller e Share (2008) afirmam que, atualmente, vivencia-se um elevado nível de convergência midiática que se constrói além da alteração tecnológica, essa se faz na relação entre as tecnologias, indústrias, mercado, gêneros e audiências existentes. Nesse contexto, os educadores devem buscar uma alfabetização crítica da mídia para que haja identificação e problematização do aluno nos objetos de ensino a fim de que se possa realizar uma boa pedagogia midiática, procurando não compreender os meios audiovisuais na antiga noção de divisão digital que separava usuários pelo seu acesso à rede ou no vácuo de participação que representa um acesso dissemelhante às oportunidades e conhecimentos que prepararão aqueles que se inserem na nova era, mas entender a alfabetização crítica como ferramenta que leva os jovens a compreender seu papel ativo ao utilizar os novos recursos tecnológicos – afastando a imagem de meros consumidores das novas mídias –, para que possam usufruir dele em benefício próprio e da comunidade em que estão inseridos.  
Fonte: Monteiro (2003)   
Em vista disso, esta oficina propõe discursar acerca de narrativas orais, enfatizando sua importância no processo de construção da identidade de uma determinada comunidade. Objetiva, ainda, provocar inquietação quanto aos conceitos cristalizados sobre mito, mitologia e lenda, buscando expor os alunos a um ambiente de construção e reconstrução do próprio conhecimento a fim de que, ao final, possam ampliar sua concepção acerca desses elementos da memória e compreender o papel fundamental das narrativas orais no processo de construção da identidade. Por fim, a oficina se deterá em narrativas amazônicas, recolhidas do livro Visagens e assombrações de Belém (MONTEIRO, 2003). 

                                                                                                                                                          PLANEJAMENTO DA OFICINA                           

Objetivo geral:
Esta oficina tem como objetivo ampliar a concepção de alunos do 1º ano do ensino médio acerca de mito, mitologia, lenda e narrativas orais.
Objetivos específicos:
  1. Mostrar os diversos modos de passar a história de uma sociedade para as gerações posteriores;
  2. Analisar a importância do registro de narrativas orais de uma comunidade;
  3. Discriminar a noção de que história mítica das sociedades é parte fundamental de sua formação cultural;
  4. Demonstrar a importância da identidade e memória de uma comunidade;
  5. Indicar de que forma o sujeito pode se valer dos meios audiovisuais em favor de sua própria comunidade. 
Metodologia
        
         A oficina Memória e Identidade nas Narrativas orais da Amazônia deverá ser realizada em 20 horas e será composta por nove momentos em sala de aula compostos por duas horas de aula, exceto o segundo e terceiro momentos, compostos por três horas de aula. O primeiro ao quarto momento consistem na parte teórica da oficina, em que haverá aula dialogada, aula expositiva e leitura coletiva. Do quinto ao nono momento, ocorrerá a parte prática do projeto, em que os alunos deverão produzir uma webnotícia em vídeo a partir das narrativas orais de sua comunidade. Os momentos em sala de aula estarão reservados às orientações por parte dos ministrantes e o momento final estará dedicado às exposições dos vídeos, seguidas de discussão.
   
1º momento (2h): socialização das concepções dos estudantes acerca dos conceitos de mito, lenda e narrativas orais.
2º momento (3h): leitura coletiva de uma da narrativa O lobisomem da Pedreira (MONTEIRO, 2003) e reflexão sobre os conceitos apresentados pelos alunos tendo em vista o texto lido.
3º momento (3h): aula expositiva em que serão apresentados aqueles conceitos sob a ótica dos autores referenciados no projeto da oficina.
4º momento (2h): leitura coletiva da narrativa A procissão das almas (MONTEIRO, 2003) e , novo debate em relação às concepções de mito/lenda/narrativas orais.
5º momento (2h): orientação para a preparação da atividade avaliativa.
6º momento (2h): orientação para a confecção da atvidade avaliativa.
7º momento (2h): orientação para a confecção da atvidade avaliativa.
8º momento (2h): orientação para a confecção da atvidade avaliativa.
9º momento (2h): exposição dos trabalhos avaliativos em sala de aula.

Materiais e métodos
Os materiais necessários à concretização da oficina são: projetor multimídia, quadro branco e pincel, o livro Visagens e assombrações de Belém (MONTEIRO, 2003) e computador pessoal. Os métodos utilizados na oficina serão aula dialogada e aula expositiva.

Avaliação
A avaliação consistirá no processo gradual de aprendizagem no qual os alunos serão avaliados de acordo com seu nível de compreensão em cada etapa da metodologia estabelecida para esta oficina. A avaliação culminará em uma atividade em que os alunos participantes da oficina deverão produzir, em grupos, um webjornal hospedado no YouTube (plataforma de distribuição digital de vídeos), no qual deverão registrar uma reportagem sobre uma história que esteja presente na memória de sua própria comunidade para, ao final, exporem em sala de aula. Os estudantes serão avaliados a partir de sua capacidade de dominar a tipologia narrativa, expositiva e/ou dissertativa na modalidade oral, bem como deverão demonstrar que compreenderam os conceitos de mito/lenda/narrativa oral e sua importância para a constituição da memória da comunidade. Serão avaliados também pela competência em utilizar adequada e criativamente os recursos audiovisuais e a linguagem do gênero proposto. Por fim, no momento da exposição da reportagem em sala de aula, serão avaliados pelo conhecimento construído no decorrer da atividade proposta.

Justificativa
Esta oficina se justifica na importância de trabalhar com alunos do ensino básico o valor da memória e da identidade no processo de formação o indivíduo, bem como levar o aluno a conhecer a multiplicidade de vozes da comunidade em que está inserido, buscando compreender as possibilidades de apropriação dos meios audiovisuais em favor da própria comunidade.

Referências Bibliográficas
AMADO, Janaína; FEREIRA, Marieta de Moraes (orgs.). Usos & abusos da história oral. 8ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
BARLOW, Michel. Avaliação escolar: mitos e realidades. São Paulo: ARTMED, 2007.
BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: dialogismo e construção de sentido. 2ª ed. rev. – Campinas, SP. Editora Unicamp, 2005.
BRASIL. PCN + Ensino médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais; Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Trad. Maria Betânia Amoroso; Trad. de poemas José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
GLEISER, Marcelo. A dança do universo: dos mitos de criação ao Big Bang. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Trad. Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2009
KELLER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e reconstrução da educação. Trad. Márcia Barroso. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 104 - Especial, p. 687-715, out. 2008.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Trad. Bernardo Leitão et al. 5ª ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.
MARQUES, Solange; PILETTI, Nelson. Psicologia da aprendizagem: da teoria do condicionamento ao construtivismo. São Paulo: Contexto, 2011.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. A comunicação na educação. Trad. Maria Immacolara Vassallo de Lopes e Dafne Melo. São Paulo: Contexto, 2014, p. 7-75.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. 2ª ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014.
MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2003.
PERRENOUND, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens ­– entre duas lógicas. Porto Alegre: ARTMED, 1999.
PÔRTO JR., Gilson (org.). História do tempo presente. Bauru, SP: Edusc, 2007.
SANTOS, Roberto Vatan dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem. Integração, jan./fav./mai., 2005. Ano XI, nº 40, 19-31.
STUART, Hall. Da diáspora: identidade e mediação cultural. Org. Liv Sovik; Trad. Adelaine La Guardia Resende et all. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.






NARRATIVAS ORAIS AMAZÔNICAS NA OBRA DE WALCYR MONTEIRO:
 DO LIVRO AO VÍDEO

Fonte: Google Imagens

Sabe-se que o inventário de manifestações culturais e histórias orais projetam a Amazônia como um lugar rico e infinitamente inspirador para os eventos populares. Histórias de criaturas fantásticas, animais e assombrações tipicamente oriundas do Norte são repassadas de geração para geração como um legado cultural capaz de estimular a imaginação e o sentimento de identificação daqueles que as ouvem. Nesse sentido, o mote da proposta de aulas se dá em torno de duas narrativas retiradas do livro “Visagens e Assombrações de Belém”, do escritor paraense Walcyr Monteiro, publicado em 2003 pela editora Paka-Tatu. São elas “A Porca do Reduto” e “A mãe d’Água do Igarapé de São Joaquim”. Tais histórias foram selecionadas por se localizarem em um cenário urbano, próximo da realidade dos estudantes, e ideal para o trabalho de culminância das aulas: a confecção de vídeos de curta duração com o objetivo de recontar as mesmas histórias, com a perspectiva e o olhar atualizado dos alunos.

Fonte: MONTEIRO, 2003, p. 23 e p. 46.

A região amazônica como complexo geoeconômico exerce fascínio nacional e internacionalmente por conta de sua exuberância de recursos naturais, extensão territorial e riqueza cultural. Para além da questão econômica e política, a tradição e a memória da parte norte do país rompe barreiras físicas e simbólicas ao conquistar atenção por meio de suas narrativas orais. Essas histórias encontram na Amazônia cenário fértil e personagens peculiares, que vão desde animais da floresta (como onça, cobras e aves), dos rios (como as histórias de boto) e até os próprios moradores da sociedade regional (verifica-se na narrativa da Matinta Pereira, por exemplo).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Publicação original 1996.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. (Introdução e Capítulo 05).
KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da Educação. Revista Educação e Sociedade, vol. 29, 2008.
MARTÍN-BARBERO, J. A Comunicação na Educação. São Paulo: Contexto, 2014. (Introdução, Cap. 01 e 02).

MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2000.


Planejamento da Oficina
Público – alvo: alunos do 1º ano do ensino médio.
Duração: 20h. (5 Aulas com duração de 4h)

JUSTIFICATIVA
A região amazônica como complexo geoeconômico exerce fascínio nacional e internacionalmente por conta de sua exuberância de recursos naturais, extensão territorial e riqueza cultural. Para além da questão econômica e política, a tradição e a memória da parte norte do país rompe barreiras físicas e simbólicas ao conquistar atenção por meio de suas narrativas orais. As manifestações míticas e folclóricas encontram na Amazônia cenário fértil e personagens peculiares, que vão desde animais da floresta (como onça, cobras e aves), dos rios (como as histórias de boto) e até os próprios moradores da sociedade regional (verifica-se na narrativa da Matinta Pereira, por exemplo).
Servindo como livro-base para a produção desta oficina, observamos em Visagens e Assombrações de Belém (2004) escrito pelo paraense Walcyr Monteiro, que as narrativas orais contemplam não somente as populações interioranas da Amazônia, mas também a zona urbana compõe parte desse inventário, constituindo importante fonte dos relatos que comumente os alunos paraenses mantêm contato e que raramente a escola explora como tema das aulas.
Em Pedagogia da Autonomia (1996), Paulo Freire discorre sobre a questão de possibilitar ao aluno a conexão de seus saberes prévios com o conhecimento teórico, isto é, o aluno não seria uma figura estática a qual o professor deposita o conhecimento, mas um ser ativo que constrói o conhecimento teórico apoiando-se no que aprendera em sua realidade, de forma prática ou empírica. Nesse sentido, a proposta justifica-se por trazer à sala de aula um debate teórico relevante acerca da importância da cultura oral e da identidade amazônica apoiado nas contribuições próprias dos alunos, das histórias por eles ouvidas e contadas há gerações nas quais a região metropolitana de Belém é a grande protagonista. Pretende-se com esse projeto ampliar o repertório cultural que os alunos naturalmente carregam consigo e apresentar a eles a importância das narrativas orais amazônicas como instrumento de memória e de suporte educativo.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL
  Aperfeiçoar o conhecimento dos alunos acerca da importância das narrativas orais amazônicas e estimulá-los a divulgarem e a produzirem conteúdo a partir dessa matriz.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
ü  Estimular a reflexão acerca das narrativas orais mais presentes no cotidiano do alunado, fazendo com que interajam coletivamente recontando as histórias e administrando apontamentos sobre elas.
ü  Apresentar aos alunos o livro-base da oficina, a fim de que sejam lidas de forma integral as histórias selecionadas pelas estagiárias.
ü  Executar uma visita monitorada aos lugares nos quais estão situadas as narrativas “A porca do Reduto” e “A mãe d’água do igarapé de São Joaquim”, a fim de que os alunos registrem e reconheçam as mudanças físicas e simbólicas do espaço.

ü Propor e sistematizar a produção de um conteúdo transmidiático acerca do tema da oficina.

METODOLOGIA
AULA I – Carga horária: 4h
1º momento: A partir da técnica de investigação temática sugerida por Paulo Freire, pretende-se em um primeiro momento conversar com os alunos sobre quais narrativas orais fazem parte do seu conhecimento, a fim de que o debate estimule a troca de histórias por eles ouvidas ao longo de suas existências. É importante que a disposição do espaço físico na sala de aula proporcione a possibilidade de todos conseguirem ver os rostos e as expressões de quem narrará, bem como possibilite a intervenção à medida que surgirem apontamentos. Sugere-se o alinhamento dos alunos em forma de círculo.
2º momento: Será apresentado aos alunos o livro-base da oficina, de modo que todos possam folhear e conferir quais histórias fazem parte da edição. Serão apontados dados biográficos sobre o autor e se dará a evolução da conversa mantida no primeiro momento, ou seja, de modo mais específico delimitaremos o tema no ambiente urbano de Belém, para introduzirmos os assuntos tratados pelas duas histórias selecionadas a serem lidas na aula seguinte. Pretende-se com isso aguçar a curiosidade e a expectativas dos alunos para com as narrativas.
3º momento: Deve-se apresentar aos discentes a sugestão de visita monitorada a ser realizada na aula IV, a fim de diagnosticar o interesse geral e as ações práticas que envolvam locomoção e autorizações dos responsáveis.

AULA II – Carga horária 4h
1º momento: Serão distribuídas aos alunos as cópias impressas do livro contendo as histórias sobre “A Porca do Reduto” e “A mãe d’água do Igarapé de São Joaquim”. Antes de iniciar a leitura, perguntaremos a eles sobre o conhecimento acerca das narrativas ou sobre o cenário em que estão inseridas.
2º momento: Após os breves apontamentos dos discentes, leremos a primeira história: “A porca do reduto”. A leitura deve ser feita de modo integral e com pausas à medida que surgirem dúvidas ou contribuições do alunado.
3º momento: Discutiremos acerca dos temas envolvidos na narrativa, como por exemplo, a existência e a simbologia do “igarapé das almas” ou “das armas”. O tema da Cabanagem também deve ser aperfeiçoado, tendo em vista a série dos alunos é provável que não saibam com profundidade no que se constituiu o movimento. Localizar onde está situada a história atualmente e discutir acerca da simbologia do animal porco também são elementos imprescindíveis para uma completa compreensão da narrativa.

AULA III – Carga horária 4h
1º momento: Retomaremos as leituras das narrativas, dando início à segunda história: “A mãe d’água do Igarapé de São Joaquim”. A leitura deve ser feita de modo integral e com pausas à medida que surgirem dúvidas ou contribuições do alunado.
2º momento: Discutiremos acerca dos temas envolvidos na narrativa, como por exemplo, a importância do bairro do Souza e adjacências como importante espaço comercial e domiciliar atualmente, administrando esse conhecimento com o contraponto presente na história, já que na narrativa o bairro mostra-se não com essa forma, mas como local campestre e coberto de matas semi-virgens. A atual Almirante Barroso antes conhecida como Avenida Tito Franco é o cenário para o debate. Além da visão passado versus futuro, pretende-se discutir com os alunos a figura da narradora, à procura de estabelecer similitudes com o narrador da “Porca do reduto”. A simbologia do animal cobra também será um tema abordado, assim como a figura mística da “mãe d’água”.
3º momento: No quadro, serão escritas as palavras igarapé, cobra, porco, mãe d’água, Reduto e Souza, a fim de que os alunos possam, um a um, escolher uma palavra e relacionar às duas histórias lidas, segundo as ideias de cenário, protagonistas, animais “encantados” e semelhanças entre as duas narrativas.

AULA IV – Carga horária 4h
Visita monitorada aos bairros do Reduto e do Souza
1º momento: Estando na Avenida Visconde de Souza Franco, os alunos serão distribuídos em grupos a fim de que alguns façam registros escritos dos lugares, relacionando-os com as narrativas lidas em sala; outros farão os registros fotográficos e em vídeos.


Foto retratando o Igarapé das Almas, cenário da história “Porca do Reduto”. Disponível em:


Foto retratando o atual canal da Avenida Visconde de Souza Franco (Doca). Disponível em https://olhares.uol.com.br/doca-de-souza-franco-belempa-foto7908693.html

2º momento: Estando na Avenida Almirante Barroso, os alunos continuarão as suas observações, entre registros escritos e digitais, deverão discutir oralmente sobre as mudanças referentes ao espaço e à situação sócio-econômica dos cenários das narrativas.


Foto retratando o antigo Igarapé de São Joaquim. Disponível em: http://blogdatese.blogspot.com.br/2013/09/




AULA V – Carga Horária: 4h
1º momento: Os alunos serão divididos em equipes e cada grupo deverá reunir entre seus membros os apontamentos e registros emitidos no momento das visitas monitoradas da aula anterior.
2º momento: Cada grupo deverá fazer uma proposta de produção em vídeo, seja recontando as narrativas orais de forma “atualizada” ou algum protótipo de reportagem reconhecendo a importância das narrativas e as mudanças sofridas pelos cenários das histórias trabalhadas em sala de aula.
3º momento: O vídeo deverá ser reproduzido nas redes sociais dos alunos, com duração máxima de 10 minutos.

RECURSOS METODOLÓGICOS
Cópias impressas das narrativas orais; Quadro e pincel; visita monitorada; câmeras de celulares.

ATIVIDADE AVALIATIVA
A avaliação será feita por meio da observação dos conteúdos em mídia digital produzidos pelos alunos em suas páginas no Facebook, diagnosticando os conceitos por eles absorvidos/aperfeiçoados e a articulação dos conhecimentos em equipe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Publicação original 1996.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. (Introdução e Capítulo 05).
KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da Educação. Revista Educação e Sociedade, vol. 29, 2008.
MARTÍN-BARBERO, J. A Comunicação na Educação. São Paulo: Contexto, 2014. (Introdução, Cap. 01 e 02).
MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2000.