quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O papel da mídia no enfrentamento da homofobia: contribuição ou desfavorecimento?

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina Recursos Tecnológicos
Professora Ivânia Neves
Dezembro/2013

Adriana Ábia
Andreia Patrícia
Oceanira Rafael
Suane Baltazar

A partir do conceito de cultura de convergência, proposto por Henry Jenkins (2009), procuramos discutir os aspectos da relação entre mídia televisiva e o tema da homofobia, a fim de esclarecer de que maneira este tema vem sendo abordado na televisão. Procuramos analisar a programação e compreender como ela faz a construção ou a desconstrução da imagem homossexual, para entender até que ponto as mídias tem contribuído ou desfavorecido para o preconceito homossexual.

Atualmente, a questão homossexual vem se destacando de forma muito intensa e ganhando espaço nos canais de informação, possibilitando as pessoas a terem um maior conhecimento sobre o tema da homofobia. Muitos desconhecem, no entanto, que o homossexualismo sempre existiu e não é algo recente na sociedade contemporânea, pois se recuarmos para os tempos antigos será possível ver que o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo era tido como algo natural e em certos casos necessário, como por exemplo, na Grécia Antiga, em que o envolvimento entre homens chegava a ter a função de fazer com que os soldados criassem laços mais fortes para que assim defendessem de maneira mais intensa nos combates.

Mas, se no contexto da antiguidade, a relação entre pessoas do mesmo sexo não trazia à tona o preconceito contra esse tipo de envolvimento, a sociedade moderna tem se mostrado muito intolerante em relação a estas práticas. Com tantas resistências, passou a ser necessário que uma parcela desta mesma sociedade lute a favor da aceitação da relação homossexual como algo natural e propenso a acontecer. A mídia entra nesta discussão como um meio de difundir as informações a respeito da homossexualidade, na atualidade procurando divulgar os desdobramentos na luta contra o preconceito homossexual.

A televisão tem proporcionado vários espaços para o debate da questão da homofobia, como por exemplo, através dos telejornais, ajudando no combate, na divulgação e no entendimento da proposta de lei PL 122/2006, que criminaliza o preconceito dirigido à homossexuais.


Em contra partida, o discurso midiático nem sempre pode ser visto de maneira positiva, já que muitas vezes essas informações são passadas de maneira equivocada, estabelecendo assim um conjunto de ideias sobre os homossexuais que não condizem com a realidade destas pessoas.  Dessa maneira, se faz necessário entender até que ponto a mídia pode contribuir ou desfavorecer no entendimento e aceitação do homossexualismo.

A figura do homossexual nas novelas se apresenta um tanto quanto divididas, já que, com certa frequência nos deparamos com personagens homossexuais caricatos, referidos por gestos, articulações, no dialeto, nos aspectos visuais, que nem sempre condizem com a realidade homossexual. Alguns papéis, como o exemplo, do Crô interpretado por Marcelo Serrado em 2011 na novela global “Fina estampa”, apresentava um personagem alegre, engraçado, mas que era submisso, mal tratado e ridicularizado. O personagem se apresentava associado a algo negativo, reforçando o estereótipo que todo homossexual é engraçado, humilhado, indefeso e submisso.  

A televisão, muitas vezes, retrata os homossexuais de forma diferente da vida real como. Por exemplo, na novela “Amor a vida”(2013) o tema da homoafetividade  é representado por meio do casal Nico (Thyago Fragoso) e Eron (Marcelo Antonny), porém, o personagem  de Marcelo Antonny recebeu várias críticas ao trair o parceiro com uma mulher. Então, surge o questionamento, será que esse público LGBT se sente representado na teledramaturgia, será que a forma como homossexual se apresenta nas novelas se assemelha a vida real? Veja o vídeo do psicólogo Leandro Zagui sobre a questão.


O uso da mídia na educação do combate à homofobia
O uso da mídia na escola é uma forte arma para o debate de temas polêmicos e combate a preconceitos. Como educadores, precisamos usar a mídia a nosso favor, mostrando o quanto ela reflete o pensamento padrão de nossa sociedade, e também o quanto seu uso equivocado pode reforçar tal pensamento.

Como professores qual seria nossa atitude quanto mediadores entre o conteúdo midiático e nossos alunos, bem como com temas a serem abordados?

Kellner e Share (2008) nos falam sobre este desafio para a construção de uma mídia democrática, em que possamos unir forças nos processos de dissipar mitos e desafiar a hegemonia de um pensamento padrão.

No caso da homofobia, a mídia tem tentado ultrapassar as barreiras do preconceito, porém - talvez pelo fato de querer também agradar seu público - ela tem errado nesta tentativa, muitas vezes reforçando o discurso homofóbico ao invés de combatê-lo. Na sala de aula, a importância da mediação do educador se dá principalmente por estas questões, no momento da utilização da mídia para a abertura de espaço para a discussão de um tema tão complexo como a homofobia. Precisamos ter em mente que temos em nossas salas, tanto alunos com discurso homofóbico, quanto alunos que sofrem com o mesmo.Precisamos usar a mídia como meio de desfazer tal discurso ainda tão arraigado na sociedade.

Para saber mais:

Plano de aula sobre mídia e homofobia
Atividade para uso em sala de aula sobre homofobia

Fontes das fotos:  
http://g1.globo.com
http://conexaolagoa.com.br
http://estrelando.com.br/
http://entretenimento.gay1.com.br


Referências: 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=3745 acesso em 15/10/2013 às 17:55 h.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph. 2008.

KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura critica da mídia, democracia radical e reconstrução da educação. In: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302008000300004

http://www.historiadomundo.com.br/idadecontemporanea/historiahomossexualidade.htm acesso em 09/10/2013 às 18:30.

http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1646/1569 acesso em 13/10/2013 às 19:30.

BEIJO GAY: http://youtu.be/_7V_bjbdXBc acesso em 13/10/2013 às 19:30

Homofobia pelo personagem César (Amor à vida): http://youtu.be/NYv0I_P3ADg acesso em 13/10/2013 às 19:30.

Entrevista: http://youtu.be/qVXqouQD5Uc acesso em 13/10/2013 às 19:30.

RACISMO: Um problema cultural e midiático

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina Recursos Tecnológicos
Professora Ivânia Neves
Dezembro/2013


Daniele Santos da Silva
João Paulo Cordeiro Ferreira
Sindy Rayane de Souza Ferreira
Tereza Tayná Coutinho Lopes

Ainda hoje entende-se racismo como discriminação entre “brancos” e “negros”. Isso acontece principalmente pela forma como se deu a colonização no século XV, quando muitos negros eram vendidos aos brancos para servir como mão de obra escrava. Porém, ressaltamos que nesse momento histórico a questão da escravidão era comercial, uma vez que os próprios negros vendiam seus descendentes. Neste período os europeus começaram a colonizar o continente Africano e as Américas, impondo aos povos colonizados, negros e índios, em sua maioria, suas leis e modos de viver, o que resultou em danos como: o genocídio, a discriminação e a segregação racial. 

Com o passar do tempo começaram a surgir algumas teorias que tentavam explicar a suposta superioridade dos europeus. A mais conhecida é a teoria formulada pelo Conde de Gobineau, que afirma existir uma raça ariana superior e dominante das demais raças existentes na Europa. Esta teoria chega com força ao Brasil no início do século XX, com algumas adaptações referentes ao nosso contexto racial. A mídia teve o papel de difundir essa ideologia racista, principalmente utilizando-se de algumas produções literárias, como “Os Sertões” de Euclides da Cunha, no qual o autor faz diversas menções referentes a raças consideradas inferiores. Essa teoria perdurou no Brasil por quase todo o século XX, mas, paulatinamente, foi perdendo força, sendo atualmente considerada ultrapassada. 

Ainda são facilmente encontrados na mídia casos que envolvem a questão do racismo em inúmeras situações do meio social. O que chama atenção é a forma como este preconceito é inserido nos meios de comunicação, em alguns momentos de forma escrachada e em outros pelas entrelinhas, quase sempre sob forma de piada, buscando na maioria dos casos ridicularizar, principalmente, negros e índios. Nesse contexto, chamamos a atenção para o desenho animado “Pica Pau”, no qual percebemos em alguns episódios, o personagem principal mostrando a imagem do índio como um ignorante, sem instrução, com atitudes tolas, ridicularizando-o, o que reforça o estereótipo preconceituoso acerca dos indígenas, como podemos observar no início do episódio “Problema Cavalar”, quando o índio, que persegue o personagem Pica Pau e seu cavalo Pé de Pano, age como um ignorante ao bater com um machado em sua cabeça. No decorrer deste episódio em vários momentos o índio é facilmente enganado pelo personagem principal, como vemos no vídeo abaixo:


No Brasil o primeiro crime virtual de racismo  ocorreu na cidade de Juiz de Fora (MG), em que os computadores de uma universidade foram utilizados para a divulgação de várias mensagens preconceituosas contra negros e homossexuais em uma lista de discussão sobre sexualidade instalada na Unicamp.  Nas Redes Sociais casos de racismo como este ocorrem com muita frequência, como podemos observar nas imagens a seguir:

http://api.ning.com/files/yTUVc*v0z1bEnWnxYy9y20PfPinAZCddosHxf1OmwSwxRJgDCrkqLX5UYu*VP8EtCumkmGiG9XAs7VhGf6PPVWFQx3EikDJ/racista.jpg

http://1.bp.blogspot.com/_bZw0KJyjym4/TTm5Xn1nSZI/AAAAAAAABYg/VyIwnIeaGQg/s1600/racismo%2Bno%2Borkut.png

Para combater o racismo foram criadas, no século passado, leis que protegem grupos que geralmente são alvos de preconceito. A níveis mundial e nacional temos normas e leis relacionadas a este tipo de crime, como a carta das Nações Unidas de 1945 que inclui "promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça"; e a nível nacional temos a Constituição de 1988 que tornou a prática do racismo crime sujeito à pena de prisão, inafiançável e imprescritível.

De fato é necessário discutirmos mais afundo o racismo, como o que ocorre com a questão das cotas raciais para a entrada de índios e negros nas universidades federais do Brasil, que tem sido debatida em todas as esferas da sociedade, e considerada uma “solução” que muitos indagam se não seria também uma forma de afirmar o preconceito contra as raças beneficiadas. Na verdade, só poderemos comprovar a sua eficácia com o passar do tempo, pois essa é uma discussão que ainda está em aberto. 

É nítido que o problema do preconceito racial não é apenas algo externo à condição humana, mas está dentro de cada um de nós. Por isso, mais do que nunca, deve-se hoje pregar respeito a todas as raças, reconhecendo que somos seres diferentes, mas com diretos e deveres igualitários perante a sociedade.


REFERÊNCIAS:
http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/05/orgaos-publicos-ganham-guia-para-enfrentamento-do-racismo Acesso em: 21/10/2013.

A COR DA CULTURA. Saberes e Fazeres - Modos de Sentir. Copyright Fundação Roberto Marinho. Rio de Janeiro, 2006.

ALMEIDA, Glenda. No Brasil, preconceito sutil é mais forte e perpetua racismo, São Paulo, fev. 2011.

FUNDAÇÃO TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS. Disponível em: http://todosdiferentestodosiguais.blogspot.com.br/. Acesso em: 21/10/2013.

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2006/04/miss_angola_mui.html Acesso em: 22/10/2013.

KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura critica da mídia, democracia radical e reconstrução da educação. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302008000300004