terça-feira, 5 de setembro de 2017

NARRATIVAS ORAIS AMAZÔNICAS NA OBRA DE WALCYR MONTEIRO:
 DO LIVRO AO VÍDEO

Fonte: Google Imagens

Sabe-se que o inventário de manifestações culturais e histórias orais projetam a Amazônia como um lugar rico e infinitamente inspirador para os eventos populares. Histórias de criaturas fantásticas, animais e assombrações tipicamente oriundas do Norte são repassadas de geração para geração como um legado cultural capaz de estimular a imaginação e o sentimento de identificação daqueles que as ouvem. Nesse sentido, o mote da proposta de aulas se dá em torno de duas narrativas retiradas do livro “Visagens e Assombrações de Belém”, do escritor paraense Walcyr Monteiro, publicado em 2003 pela editora Paka-Tatu. São elas “A Porca do Reduto” e “A mãe d’Água do Igarapé de São Joaquim”. Tais histórias foram selecionadas por se localizarem em um cenário urbano, próximo da realidade dos estudantes, e ideal para o trabalho de culminância das aulas: a confecção de vídeos de curta duração com o objetivo de recontar as mesmas histórias, com a perspectiva e o olhar atualizado dos alunos.

Fonte: MONTEIRO, 2003, p. 23 e p. 46.

A região amazônica como complexo geoeconômico exerce fascínio nacional e internacionalmente por conta de sua exuberância de recursos naturais, extensão territorial e riqueza cultural. Para além da questão econômica e política, a tradição e a memória da parte norte do país rompe barreiras físicas e simbólicas ao conquistar atenção por meio de suas narrativas orais. Essas histórias encontram na Amazônia cenário fértil e personagens peculiares, que vão desde animais da floresta (como onça, cobras e aves), dos rios (como as histórias de boto) e até os próprios moradores da sociedade regional (verifica-se na narrativa da Matinta Pereira, por exemplo).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Publicação original 1996.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. (Introdução e Capítulo 05).
KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da Educação. Revista Educação e Sociedade, vol. 29, 2008.
MARTÍN-BARBERO, J. A Comunicação na Educação. São Paulo: Contexto, 2014. (Introdução, Cap. 01 e 02).

MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2000.


Planejamento da Oficina
Público – alvo: alunos do 1º ano do ensino médio.
Duração: 20h. (5 Aulas com duração de 4h)

JUSTIFICATIVA
A região amazônica como complexo geoeconômico exerce fascínio nacional e internacionalmente por conta de sua exuberância de recursos naturais, extensão territorial e riqueza cultural. Para além da questão econômica e política, a tradição e a memória da parte norte do país rompe barreiras físicas e simbólicas ao conquistar atenção por meio de suas narrativas orais. As manifestações míticas e folclóricas encontram na Amazônia cenário fértil e personagens peculiares, que vão desde animais da floresta (como onça, cobras e aves), dos rios (como as histórias de boto) e até os próprios moradores da sociedade regional (verifica-se na narrativa da Matinta Pereira, por exemplo).
Servindo como livro-base para a produção desta oficina, observamos em Visagens e Assombrações de Belém (2004) escrito pelo paraense Walcyr Monteiro, que as narrativas orais contemplam não somente as populações interioranas da Amazônia, mas também a zona urbana compõe parte desse inventário, constituindo importante fonte dos relatos que comumente os alunos paraenses mantêm contato e que raramente a escola explora como tema das aulas.
Em Pedagogia da Autonomia (1996), Paulo Freire discorre sobre a questão de possibilitar ao aluno a conexão de seus saberes prévios com o conhecimento teórico, isto é, o aluno não seria uma figura estática a qual o professor deposita o conhecimento, mas um ser ativo que constrói o conhecimento teórico apoiando-se no que aprendera em sua realidade, de forma prática ou empírica. Nesse sentido, a proposta justifica-se por trazer à sala de aula um debate teórico relevante acerca da importância da cultura oral e da identidade amazônica apoiado nas contribuições próprias dos alunos, das histórias por eles ouvidas e contadas há gerações nas quais a região metropolitana de Belém é a grande protagonista. Pretende-se com esse projeto ampliar o repertório cultural que os alunos naturalmente carregam consigo e apresentar a eles a importância das narrativas orais amazônicas como instrumento de memória e de suporte educativo.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL
  Aperfeiçoar o conhecimento dos alunos acerca da importância das narrativas orais amazônicas e estimulá-los a divulgarem e a produzirem conteúdo a partir dessa matriz.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
ü  Estimular a reflexão acerca das narrativas orais mais presentes no cotidiano do alunado, fazendo com que interajam coletivamente recontando as histórias e administrando apontamentos sobre elas.
ü  Apresentar aos alunos o livro-base da oficina, a fim de que sejam lidas de forma integral as histórias selecionadas pelas estagiárias.
ü  Executar uma visita monitorada aos lugares nos quais estão situadas as narrativas “A porca do Reduto” e “A mãe d’água do igarapé de São Joaquim”, a fim de que os alunos registrem e reconheçam as mudanças físicas e simbólicas do espaço.

ü Propor e sistematizar a produção de um conteúdo transmidiático acerca do tema da oficina.

METODOLOGIA
AULA I – Carga horária: 4h
1º momento: A partir da técnica de investigação temática sugerida por Paulo Freire, pretende-se em um primeiro momento conversar com os alunos sobre quais narrativas orais fazem parte do seu conhecimento, a fim de que o debate estimule a troca de histórias por eles ouvidas ao longo de suas existências. É importante que a disposição do espaço físico na sala de aula proporcione a possibilidade de todos conseguirem ver os rostos e as expressões de quem narrará, bem como possibilite a intervenção à medida que surgirem apontamentos. Sugere-se o alinhamento dos alunos em forma de círculo.
2º momento: Será apresentado aos alunos o livro-base da oficina, de modo que todos possam folhear e conferir quais histórias fazem parte da edição. Serão apontados dados biográficos sobre o autor e se dará a evolução da conversa mantida no primeiro momento, ou seja, de modo mais específico delimitaremos o tema no ambiente urbano de Belém, para introduzirmos os assuntos tratados pelas duas histórias selecionadas a serem lidas na aula seguinte. Pretende-se com isso aguçar a curiosidade e a expectativas dos alunos para com as narrativas.
3º momento: Deve-se apresentar aos discentes a sugestão de visita monitorada a ser realizada na aula IV, a fim de diagnosticar o interesse geral e as ações práticas que envolvam locomoção e autorizações dos responsáveis.

AULA II – Carga horária 4h
1º momento: Serão distribuídas aos alunos as cópias impressas do livro contendo as histórias sobre “A Porca do Reduto” e “A mãe d’água do Igarapé de São Joaquim”. Antes de iniciar a leitura, perguntaremos a eles sobre o conhecimento acerca das narrativas ou sobre o cenário em que estão inseridas.
2º momento: Após os breves apontamentos dos discentes, leremos a primeira história: “A porca do reduto”. A leitura deve ser feita de modo integral e com pausas à medida que surgirem dúvidas ou contribuições do alunado.
3º momento: Discutiremos acerca dos temas envolvidos na narrativa, como por exemplo, a existência e a simbologia do “igarapé das almas” ou “das armas”. O tema da Cabanagem também deve ser aperfeiçoado, tendo em vista a série dos alunos é provável que não saibam com profundidade no que se constituiu o movimento. Localizar onde está situada a história atualmente e discutir acerca da simbologia do animal porco também são elementos imprescindíveis para uma completa compreensão da narrativa.

AULA III – Carga horária 4h
1º momento: Retomaremos as leituras das narrativas, dando início à segunda história: “A mãe d’água do Igarapé de São Joaquim”. A leitura deve ser feita de modo integral e com pausas à medida que surgirem dúvidas ou contribuições do alunado.
2º momento: Discutiremos acerca dos temas envolvidos na narrativa, como por exemplo, a importância do bairro do Souza e adjacências como importante espaço comercial e domiciliar atualmente, administrando esse conhecimento com o contraponto presente na história, já que na narrativa o bairro mostra-se não com essa forma, mas como local campestre e coberto de matas semi-virgens. A atual Almirante Barroso antes conhecida como Avenida Tito Franco é o cenário para o debate. Além da visão passado versus futuro, pretende-se discutir com os alunos a figura da narradora, à procura de estabelecer similitudes com o narrador da “Porca do reduto”. A simbologia do animal cobra também será um tema abordado, assim como a figura mística da “mãe d’água”.
3º momento: No quadro, serão escritas as palavras igarapé, cobra, porco, mãe d’água, Reduto e Souza, a fim de que os alunos possam, um a um, escolher uma palavra e relacionar às duas histórias lidas, segundo as ideias de cenário, protagonistas, animais “encantados” e semelhanças entre as duas narrativas.

AULA IV – Carga horária 4h
Visita monitorada aos bairros do Reduto e do Souza
1º momento: Estando na Avenida Visconde de Souza Franco, os alunos serão distribuídos em grupos a fim de que alguns façam registros escritos dos lugares, relacionando-os com as narrativas lidas em sala; outros farão os registros fotográficos e em vídeos.


Foto retratando o Igarapé das Almas, cenário da história “Porca do Reduto”. Disponível em:


Foto retratando o atual canal da Avenida Visconde de Souza Franco (Doca). Disponível em https://olhares.uol.com.br/doca-de-souza-franco-belempa-foto7908693.html

2º momento: Estando na Avenida Almirante Barroso, os alunos continuarão as suas observações, entre registros escritos e digitais, deverão discutir oralmente sobre as mudanças referentes ao espaço e à situação sócio-econômica dos cenários das narrativas.


Foto retratando o antigo Igarapé de São Joaquim. Disponível em: http://blogdatese.blogspot.com.br/2013/09/




AULA V – Carga Horária: 4h
1º momento: Os alunos serão divididos em equipes e cada grupo deverá reunir entre seus membros os apontamentos e registros emitidos no momento das visitas monitoradas da aula anterior.
2º momento: Cada grupo deverá fazer uma proposta de produção em vídeo, seja recontando as narrativas orais de forma “atualizada” ou algum protótipo de reportagem reconhecendo a importância das narrativas e as mudanças sofridas pelos cenários das histórias trabalhadas em sala de aula.
3º momento: O vídeo deverá ser reproduzido nas redes sociais dos alunos, com duração máxima de 10 minutos.

RECURSOS METODOLÓGICOS
Cópias impressas das narrativas orais; Quadro e pincel; visita monitorada; câmeras de celulares.

ATIVIDADE AVALIATIVA
A avaliação será feita por meio da observação dos conteúdos em mídia digital produzidos pelos alunos em suas páginas no Facebook, diagnosticando os conceitos por eles absorvidos/aperfeiçoados e a articulação dos conhecimentos em equipe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Publicação original 1996.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009. (Introdução e Capítulo 05).
KELLNER, Douglas; SHARE, Jeff. Educação para a leitura crítica da mídia, democracia radical e a reconstrução da Educação. Revista Educação e Sociedade, vol. 29, 2008.
MARTÍN-BARBERO, J. A Comunicação na Educação. São Paulo: Contexto, 2014. (Introdução, Cap. 01 e 02).
MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 3a Ed. Belém: Banco da Amazônia S.A., 2000.





















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