quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cassação do prefeito Duciomar Costa: "Ei, Al Capone! Vê se te orienta!"


Estamos no final do semestre e em breve muitos trabalhos de alunos aparecerão neste blog. Mas as notícias da cassação de Duciomar Costa e da liminar que lhe permite continuar como prefeito de Belém não podiam passar em branco no Breados.
Não vou, aqui , entrar nos méritos jurídicos da sentença e da liminar. Quero chamar à atenção a um outro aspecto do processo: sua implicação simbólica.
Nos últimos anos, a sensação que se abateve sobre os moradores de Belém foi de total apatia. A cidade está absolutamente sem governo e esta é uma realidade que podemos estender ao Pará, como um todo. O discurso do "nada vai mudar" e "nada pode ser feito" domina as conversas nas escolas, nas universidades, nos supermercados, na mesa de bar, no engarrafamento...
Voltei a morar em Belém, agora no segundo semestre de 2009 e era quase inacreditável que o prefeito houvesse sido reeleito. Quando perguntava para as pessoas do porquê desta reeleição, as respostas eram meio vagas: asfalto na periferia, negociação de cargoos comissionados... Nada de supreendente. O que surpreendia mesmo é o estado em que a cidade se encontra: lixo espalhado pelas ruas, atendimento à saúde absolutamente sucateado e claro, o caos do trânsito, dentre tantos outros problemas graves. Simultaneamente, os escândalos de desvio de verba.
Parecia que nada podia mudar a situação. Simbolicamente, depois que Belém não conseguiu ser sede da Copa, parace que a cidade mergulhou  num total descrédito.
Agora, a cassação de Duciomar. Não foi por nenhum dos processos a que ele responde por fraudes, desvios de verba. Foi cassado no estilo Al Capone, como me dizia uma amiga do Direito.
Não sei no que vai dar. Vamos aguardar a dança da justiça e o bailado dos advogados. Também não crio expectativas em relação ao outro grupo que poderá assumir a prefeitura. Minha questão continua no nível do simbólico: se a cassação se efetivar, a sensação muda. Muito provavelmente vamos poder voltar a acreditar que a cidade pode melhorar, que o engarrafamento pode diminuir... E, que, principalmente, quem estiver no poder pode ser destituído...
Quando as Torres Gêmeas ruíram naquele fatídigo 11 de Setembro, ruiu também o discurso de que os Estados Unidos eram inabaláveis. Quem sabe esta cassação possa fazer ruir o discurso do inabalável e do "nada vai mudar" e "nada pode ser feito" entre nós! Os mais céticos vão me julgar romântica, mas por que não acreditar? A quem interessa não acreditar que é possível mudar?
Vamos Aguardar!
Ivânia Neves

Um comentário:

  1. Eu sempre procuro acreditar nas pessoas, e que pessoas podem mudar. Acho que o maior problema de Belém e do Brasil não está na máquina política e sim no combustível (nós) que faz o motor da máquina funcionar...
    As vezes votam numa tal "mudança", depois relaxam e não procuram cobrar seriedade e competência da mudança...

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