segunda-feira, 17 de abril de 2017

A IDENTIDADE DOS POVOS INDÍGENA NAS MÍDIAS ATUAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO-ILC
FACULDADE DE LETRAS – FALE
DOCENTE
Ivânia Neves
DISCENTE
Carline Ramos,  Leticia Juliana e  Wanessa Coelho

      Os primeiros habitantes do território brasileiro foram chamados de  “índios”. Os “índios” eram formados por povos diferentes com hábitos, costumes e línguas diferentes. No entanto, o europeu durante a colonização do Brasil designou os povos que aqui viviam, genericamente de “índios”, por supostamente acreditarem ter chegado às Índias, ignorando as diversas culturas, tribos e povos indígenas existentes no Brasil. Não existe o “índio”, pois, não existe um único grupo indígena, tampouco uma única cultura. São inúmeros povos, formas de se relacionar, línguas e culturas.
Disponível em:
https:auladefilosofia.net20131012jean-baudrillard-y-enrique-valiente-noailles-los-exiliados-del-dialogo-2006

A imensa “nação Tupi Guarani” adquiriu matizes étnicos variados conforme a região e a época de sua migração e expansão e com o tempo receberia nomes atribuídos a uma diversidade étnica como: Marajó, Tupinambá, Tupiniquim, Caeté, Guarani, Guaianá, Charrua, Chiripá, etc. Ao longo dos séculos, houve várias etapas de apogeu, de transformação e de degeneração cultural. Um dos ciclos de degeneração mais recentes é o século XVI, pois, na época da conquista da América do Sul, os índios foram escravizados, principalmente pelos portugueses, que partindo para São Paulo, intensificaram os chamados “apresamentos”. Os “apresamentos” ocorreram por mar, por terra, por morte e por guerras. A degeneração social dos Guarani deve-se à escravidão e às guerras que se sucederam nos primeiros trezentos anos de conquista. A imposição de uma religiosidade em detrimento da religiosidade nativa também afetou profundamente o ritmo cultural Guarani. Após esse período, quando os escravos Guarani foram trocados pelos negros da África, surgiu um intenso desequilíbrio ecológico, que continuou causando a esse povo consequências desastrosas do ponto de vista social e interferindo negativamente em sua cultura.
Disponível em: httpm.folha.uol.com.bresporte2015101699559-indios-usam-smartphones-e-redes-sociais-para-se-comunicarem-nos-jogos.shtmlmobile

PLANEJAMENTOS DE AULA

OBJETIVO GERAL:
·    - Discutir a representatividade indígena na literatura, na música e em trechos de novelas, documentários e minisséries veiculados pelo YOUTUBE.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
·         - Reconhecer a importância de se respeitar e preservar a singularidade cultural do povo indígena;
·             - Identificar os discursos midiáticos que reforçam a ideologia dominante, criam e fortalecem estereótipos sobre o indígena na televisão brasileira;
·         Analisar as letras das músicas “Cara de índio”, de Djavan, e “Todo dia era dia de índio”, de Jorge Bem Jor, para debater sobre os direitos dos povos indígenas no Brasil;
·         Analisar as diferentes visões sobre o índio no panorama literário brasileiro.
·         Observar a diferença do discurso presente nas produções realizadas pelos próprios indígenas em contraponto com o discurso estereotipado da ideologia dominante.
JUSTIFICATIVA
O presente projeto se constituiu a partir da necessidade de se considerar que a herança cultural indígena é tão vasta, tão rica e tão presente, que muitas vezes não a percebemos no nosso dia a dia, e é também dever da escola dar visibilidade a essas contribuições. É necessário ainda, que possamos observar criticamente como essa matriz da cultura brasileira vem sendo representada nas obras literárias, nas novelas, nos vídeos veiculados pelas redes sociais, na música e de como, muitas vezes o discurso contido nessas representações são reducionistas e pejorativos, ou ainda, refletem muito mais o “outro” que o próprio “índio”.  É urgente reconhecer a importância, valor e contribuição dos povos indígenas para a formação do povo brasileiro. Nesse sentido, este projeto visa a discutir a forma como o “índio” vem sendo representado, o papel que vem ocupando na sociedade e os novos rumos que vem assumindo.
De acordo com Martín-Barbero, (2014, p.24), através da linguagem habitamos o mundo, nos fazemos presentes nele, o compartilhamos com outros homens. Por isso, na visão freireana (1987) “analfabeto” não é o homem que não sabe ler e escrever, mas sim o homem impedido de dizer sua palavra. É através da educação, portanto, que os homens têm esse direito devolvido, para serem testemunhas e atores de sua vida e de seu mundo. A educação passa pela consciência dos oprimidos da sua situação no processo da opressão. A alfabetização, neste sentido, é a devolução da palavra ao homem mudo/silenciado, sendo, inevitavelmente, transformadora dos campos político e social. Nesse sentido, muitas tribos passaram a se alfabetizar como forma de resistência, e hoje existem dentro das tribos militantes, escritores, professores etc. É importante que a escola descontrua o estereótipo do “índio” como ser primitivo, com a mudança do contexto, fez-se necessária a mudança dos hábitos.
Muitas nações indígenas foram aniquiladas ao longo do processo de colonização a que fomos (e somos) submetidos. É necessário que a escola promova atividades que possam esclarecer aos alunos as motivações, políticas, ideológicas e econômicas desses extermínios. Faz-se necessário que se atribua todo o valor merecido a esses povos que “somos nós mesmos”. Temos os desafios de reequilibrar a natureza, repensar a tecnologia, descobrir economias auto-sustentáveis e acima de tudo, redescobrir a “arte de viver em tribo”. Nestes tempos sombrios em que vivemos, observar as concepções de ser humano, natureza e universo indígenas e a forma como isto tudo está interligado, nos fazem refletir sobre nossas práticas, e sobre o quanto temos que aprender com esses ensinamentos.

AULA I – CARGA HORÁRIA: 4h
Iniciaremos a aula situando os alunos sobre o tema a ser abordado na oficina. Após isso, instigaremos os alunos a debaterem sobre a visão que eles têm dos povos indígenas. A partir disso, dividiremos a turma em grupos e mostraremos o vídeo Os indígenas - Raízes do Brasil que conta a história e os costumes dos primeiros habitantes do nosso país: os povos indígenas. 



Cada grupo terá até cinco minutos para dizer quais foram suas impressões sobre o vídeo a partir dos seguintes questionamentos: a chegada dos portugueses foi pacífica, foi uma coisa positiva para os povos indígenas? E hoje, como se encontram os povos indígenas, eles enfrentam algum tipo de problema na sociedade em que vivemos? Em seguida, vamos esclarecer sobre os conceitos de aculturação e etnogênese.    
No segundo momento da aula, iniciaremos uma nova discussão sobre como as mídias de comunicação têm representado os índios, especialmente na televisão brasileira, a partir do seguinte questionamento essa representação tem contribuído para uma valorização e reconhecimento dos povos indígenas? Após isso, mostraremos, em pequenos trechos, como o índio é representado na minissérie “Caramuru: a invenção do Brasil”. Abriremos um debate sobre a minissérie e aproveitaremos para apontar como o índio era representado nos textos literários e que essa representatividade foi mudando de acordo com as escolas literárias.

AULA II - CARGA HORÁRIA: 4h
Iniciaremos a aula dividindo os alunos, em grupos formados por no máximo três pessoas. Distribuiremos as letras das músicas “Cara de índio”, de Djavan, e “Todo dia era dia de índio”, de Jorge Bem Jor, e colocaremos para que eles as escutem. Em seguida, pediremos para que eles analisem as letras das músicas para debater sobre os direitos dos índios de serem reconhecidos como uma organização social que tem seus costumes, línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Além disso, os alunos compararão a representação do índio nas letras das músicas com a representação feita na minissérie Caramuru: a invenção do Brasil. Cada grupo terá que dizer sobre sua análise das músicas e as comparações feitas entre as músicas e a minissérie. Em seguida, os grupos terão que publicar um texto, com base nos conhecimentos adquiridos até o momento, nas redes sociais que fale sobre os direitos dos povos indígenas no Brasil. Os alunos poderão utilizar todo o conteúdo disponibilizado nas aulas para servir de apoio. Além disso, as publicações poderão vir acompanhadas de vídeos e imagens. 

AULAS III – CARGA HORARIA 4H

No terceiro dia de oficina apresentaremos aos alunos as diversas visões sobre o índio por meio da intertextualidade entre textos literários, são eles: “O guarani – José de Alencar” (trecho); “Macunaíma – Mario de Andrade” (trecho); letra da musica “vida de índio – Francisco de Assis”; e “Juruá e Anhangá – de Kaka Werá Jecupé” Logo após a apresentação e leitura do conteúdo os alunos formarão grupos e cada grupo fará uma discussão sobre os textos, ressaltando e enumerando (no caderno) as semelhanças e diferenças sobre as perspectivas textuais. Ao final desta etapa, eles farão um artigo de opinião em forma de escrita colaborativa, que será utilizado no ultimo dia de oficina como conteúdo base na sua produção final.

AULAS IV – CARGA HORARIA 4H

No quarto dia de oficina abordaremos a perspectiva do índio na mídia em programas de comédia:
O índio neoliberal

O documentário Índios Somos Nós

 Eles assistirão a vídeos que exemplifiquem o objetivo da aula. Posteriormente, pediremos que cada um produza um conto que possa representar o processo de aculturação do índio conforme representado nas mídias atuais.

AULA V – CARGA HORÁRIA: 4h
Aula destinada à produção de um vídeo que desconstrua a visão estereotipada do índio na sociedade, bem como fomentar a reflexão e a discussão sobre os problemas enfrentados pelos indígenas na atualidade, além disso, a criação de uma página no FACEBOOK, em que serão postadas as produções dos alunos durante a oficina.

RECURSOS METODOLOGICOS:

Projetor; Poemas impressos; Computador; Quadro branco; Caixa de som.

ATIVIDADE AVALIATIVA:

A avaliação será feita por meio da criação de uma página no facebook, que os alunos devem alimentar com as produções realizadas durante a oficina, como a produção e publicação de um texto falando sobre os direitos dos povos indígenas e a produção de um vídeo que desconstrua a visão estereotipada do índio na sociedade e discuta os problemas enfrentados pelos indígenas na atualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. e.d. 18. São Paulo: Ed. Itatiaia, 1981. p 9.

ALENCAR, José de. O guarani. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2012. p 38-39.


JECUPÉ, Kaká Werá. As fabulosas fabulas de Iauaretê. São Paulo: Peiropólis, 2007. p 38.




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