sábado, 16 de agosto de 2014

Discurso de ódio, xenofobia e bairrismo nas redes sociais

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras
Disciplina: Recursos Tecnológicos
Professora: Ivânia Neves

Ana Lenira Malato 
  Heliane Abreu  
  Neyara Ribeiro 


Introdução 

1 – O que é xenofobia?

Xenofobia é originário do grego ‘Xeno’(que significa estranho) e o sufixo ‘Fobia’ se refere ao sentimento de ódio, horror. Podemos conceituar a xenofobia como uma hostilidade ao que é estranho. Atualmente, a palavra também é empregada para designar manifestações racistas e discriminatórias e aversão em relação a pessoas e coisas estrangeiras.

2 – E o discurso de ódio?

 O Discurso de Ódio engloba “todas as formas de expressão que propagam, incitam, promovem ou justificam o ódio racial, a xenofobia, a homofobia, o antissemitismo e outras formas de ódio baseadas na intolerância”.

3 – As mídias e a reprodução de discursos: um perigo iminente

As novas tecnologias aceleraram os processos da globalização. O fluxo de informações está cada vez mais rápido e ágil, as indústrias de bens de consumo faturam bilhões por ano com as vendas de produtos ligados à tecnologia. Nesse sentido, tal expansão caracteriza a atual estrutura das sociedades, baseada na convergência dos meios de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva, que culmina no acesso livre de informações e conteúdos que circulam na rede dinâmica que é a internet. Ou seja, Dinamismo é a palavra que rege as sociedades modernas. Sobre a convergência dos meios de comunicação e o uso dessas ferramentas por consumidores individuais, nos afirma Jenkins (2006, p.30):


A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de nós constrói a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos nossa vida cotidiana.


Jenkins ao afirmar que cada um de nós constrói um perfil pessoal a partir dos fragmentos retirados dos fluxos midiáticos reitera a ideia de que o uso das informações encontradas nas redes – sejam conteúdos legais ou ilegais – expõe e imprime uma opinião. Partindo desse princípio, destacamos o papel das redes sociais na divulgação dessas impressões acerca da vida cotidiana e enquanto local de expressão de um pensamento individual num meio de comunicação coletivo. 

Nesse sentido, os discursos individuais, dependendo do tema, causam grandes impactos nos meios de comunicação coletivos, gerando intensos debates produtivos ou crimes reproduzidos na ordem do discurso. Nesse sentido, os sites de relacionamento exercem, atualmente, um papel fundamental não somente enquanto agentes promotores das inter-relações sociais que ocorrem por meio da mídia ou como um diário eletrônico, podem e são também os responsáveis pela disseminação meteórica de informações e conteúdos relacionados aos mais variados temas. Em outras palavras, sites como Facebook, Twitter, Bloggers assumem um compromisso político-social. 

Foi dentro dessas redes que muitas lutas se massificaram, como, por exemplo, as jornadas de luta em países europeus e Oriente Médio, a partir da massificação de eventos criados na página do Facebook. Ou seja, a utilização das ferramentas das redes sociais, quando usadas de modo inteligente e objetivo, podem se tornar aparelhos que dão suporte a lutas importantes que mobilizam toda uma sociedade. Porém, há de se destacar que nem todo uso da mídia ou rede social é feito de modo consciente, ainda há milhares que se escondem por trás dessas desses perfis líquidos para promover o preconceito por meio dos discursos de ódio – contra homossexuais, etnia, raça, classe, etc. – e cometer crimes hediondos.

Está se tornando cada vez mais comum assistirmos os telejornais noticiando alguns desses tipos de crime em perfis de sites de relacionamento. Destacaremos aqui um tipo de preconceito muito utilizado para rebaixar moradores de regiões mais afastadas do centro político-econômico do país: a xenofobia.


A xenofobia é um modo de discriminação social que se baseia na aversão a diferentes culturas e nacionalidades. Considerada pela legislação brasileira como crime de ódio, a xenofobia mostra-se por meio da humilhação, constrangimento ou agressão física e moral àquele que não é natural do lugar do agressor. Uma vez que generaliza e diminui moralmente um grupo de uma determinada região, essa forma de discriminação tem caráter coletivo ainda que seja dirigida a uma só pessoa. 

No Norte do Brasil, o revanchismo entre as “Metrópoles da Amazônia”, Manaus x Belém, Amazonas x Pará, é latente e disseminado amplamente nos discursos de ódio que se acentuam d modo alarmante, chegando ao extremo com declarações de pessoas públicas com discursos de ódio e humilhação à cultura do outro – vide vídeo do então Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, e o episódio lamentável em que declarou publicamente seu ódio aos paraenses que residem na capital do Amazonas.

A xenofobia está relacionada também a outros tipos de preconceitos como o racismo e a discriminação de classe social. Sendo assim, imigrantes e indivíduos com diferentes hábitos culturais são desrespeitados devido as suas características físicas, sotaques e condições socioeconômicas.

É comum a vítima sentir-se pressionada a abandonar o lugar por causa de atitudes hostis dos discriminadores. Entretanto, a proteção de todos independente de procedência nacional é um direito assegurado ao ser humano, expresso inclusive na legislação brasileira que determina punição a qualquer indivíduo que pratica atos discriminatórios nos níveis culturais e regionais.

Por vezes, o preconceito não vem claramente exposto, podendo parecer uma espécie de brincadeira, porém é necessário compreender a importância de entender a atitude xenófoba como uma séria ofensa, ainda que não realizada de forma direta.

Se você apresenta essas características:

·   Faz comentários desrespeitosos sobre o povo, a cultura e o local em questão;
·   Busca inferiorizar os costumes, as tradições e as pessoas;
·   Ridiculariza o sotaque da vítima;
·   Acusa o imigrante de atrapalhar a vida no local em que hoje mora;
·   Ironiza o tipo físico do imigrante;
·   Compara seu local de origem com o da vítima, ridicularizando-a;
·  Considera a vítima inferior intelectualmente devido à sua cultura;


Sim!
Você é um xenófobo!

4 – O bairrismo em contraposição

Enquanto a xenofobia se baseia no ódio a cultura do outro, o bairrismo vem na contra mão disso tudo. Segundo alguns sociólogos, o discurso bairrista advém do regionalismo, que se caracterizava por ser um movimento de exaltação da cultura local, tendo esta como centro da visão do mundo, por determinados grupos. O regionalismo foi um movimento muito presente no Nordeste, já que esta região sempre sofreu certo preconceito e, talvez até mesmo como mecanismo de defesa, os nordestinos assumiram um grande compromisso com sua região. Em seguida surge o termo bairrismo, com alguns aspectos no regionalismo, porém, neste movimento os membros são pessoas que se sentem excluídas pelas autoridades. 

Uma das principais características do bairrismo é que não só exaltam sua região, como têm aversão ao que vem de fora, ao que não pertence ao seu centro. O discurso de bairro tem uma visão limitada do que ocorre fora do seu ponto de vista e se utilizam do estreitamento do grupo, como estratégia para reconhecimento local.

Tendo prévio conhecimento do discurso bairrista, tomamos como fonte de estudo a música Belém, Pará, Brasil, da banda paraense Mosaico de Ravena, para ilustrar o que falamos anteriormente. A música fala do preconceito que a região norte sofre. Trechos como os exibidos a seguir, ilustram o tema abordado:


A culpa é da mentalidade
Criada sobre a região
Por que é que tanta gente teme?
Norte não é com M.
E ainda:
Chega das coisas da terra
Que o que é bom vem lá de fora
Transformados até a alma
Sem cultura e opinião
O nortista só queria fazer
Parte da Nação.


Toda a música é um bom exemplo do que falamos antes, mas esses trechos em especial focam no preconceito sofrido, e na estrofe em que é citada a falta da “cultura e opinião” o discurso bairrista fica claro. Por vezes, sendo utilizada como Hino do Estado exaltada nas redes sociais e fora dela. Porém, até que ponto esse discurso é positivo? Devemos tomar cuidado com certas atitudes extremistas, para que nossa visão de mundo, não atrapalhe o nosso “estar no mundo”. 

Como cidadãos não podemos perder nossa argumentatividade e nosso senso crítico, para que possamos enxergar para além do ufanismo, que chega a nos cegar frente as deficiências e nos faz ser tão extremistas quanto um xenófobo, desconsiderando as realidades de outrem.

Partindo dessa ideia, retomamos novamente a questão do revanchismo existente entre Amazonas x Pará, baseado historicamente numa disputa político-econômica entre as duas principais capitais da região, a fim de dar a uma delas o título de “Metrópole da Amazônia”. É preciso enxergar que independente desse título, há duas cidades de uma mesma região, que assim como o nordeste, sofre com o descaso dos governos e possuem os mesmos problemas.

Essa “briga” parece ter ido longe demais, alimentada pelas mídias, pelos discursos infelizes de representantes do poder público e por nós mesmos quando assumimos uma dessas duas posições extremistas. Nosso papel transformador reside na assimilação desses discursos e mediação dos mesmos, de modo a não nos deixarmos levar ora por uma consciência ufanista, ora por ódio ao outro de uma cidade, estado ou país diferente do nosso.

CRONOGRAMA

1 – O que é Xenofobia?

Xenofobia é originário do grego ‘Xeno’(que significa estranho) e o sufixo ‘Fobia’ se refere ao sentimento de ódio, horror. Podemos conceituar a xenofobia como uma hostilidade ao que é estranho. Atualmente, a palavra também é empregada para designar manifestações racistas e discriminatórias e aversão em relação a pessoas e coisas estrangeiras.

2 – E o discurso de ódio?

O Discurso de Ódio engloba “todas as formas de expressão que propagam, incitam, promovem ou justificam o ódio racial, a xenofobia, a homofobia, o antissemitismo e outras formas de ódio baseadas na intolerância”.

3 – As mídias e as reproduções do discurso

Vídeo do então Prefeito do Amazonas, Amazonino Mendes (PTB).

4 – O bairrismo em contraposição

5 – Referências

JENKYNS, Henry. Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. Tradução: Susana Alexandria – 2ª ed. – São Paulo: Aleph, 2009.

SANTANA, Renata Cristina. Discurso e mídia: uma convergência no campo da linguagem. Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2007.








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