quinta-feira, 14 de julho de 2016

Homofobia e cultura do estupro

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação
Faculdade de Letras - FALE
Disciplina: Tecnologia Educacionais e Ensino de Língua Portuguesa
Docente: Ivânia Neves

 Alena do Carmo
Adriane Fiuza
                                                                                                                 Danyele Kaline
                                                                                                                      Ilma Monteiro
                                                                                                                 Maria Rosemere

INTRODUÇÃO

A sociedade em que vivemos está permeada pelos meios de comunicação, propagando informação em tempo real sobre os mais variados assuntos, dentre os quais destacamos os relacionados às questões de gênero, por desencadearem algumas das reações mais extremas. Em um país como o Brasil, considerado machista e com uma herança patriarcal advinda da colonização europeia, a mulher vem sendo vista como submissa e inferior ao homem até os dias atuais, embora as conquistas feministas ao longo da história brasileira tenham mostrado o contrário.
            Por essa aparente superioridade masculina, a grande parte das pessoas tende a agir de maneira preconceituosa sobre a mulher, e com a crescente visibilidade que as comunidades LGBTs vêm alçando na mídia. Essa classe também sofre represálias por aqueles que se julgam defensores da moral e da ética, criando um clima hostil e de intolerância na sociedade em que vivemos. Nas salas de aula, não podemos ignorar esta realidade. Sobre isso Freire (1996, p. 10) posiciona-se:

A ética do que falo é que se sabe afrontada na manifestação discriminatória de raça, de gênero, de classe. É por esta ética inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças, jovens, ou com adultos que devemos lutar. E a melhor maneira de por ela lutar é vivê-la em nossa prática, é testemunhá-la, vivaz, aos educandos em nossas relações com eles.

            Esse machismo está aliando a algumas posições religiosas mais extremas e vai de encontro a tudo que é considerado diferente. Torna mulheres e homossexuais vítimas, tanto da cultura do estupro, quanto de homofobia. Essas pessoas não percebem que todos nós somos iguais não importa nossa cor, nossa religião, sexo ou orientação sexual.
Assim, podemos verificar na reportagem a seguir sobre a cultura do estupro, o machismo e o preconceito que as mulheres sofrem em nossa sociedade. 
 Vídeo 01: Cultura do estupro

 

 
Nesse sentido, prolifera-se um clima de incomunicação que Martín-Barbero (2014, p. 25) contextualiza como o ambiente escolar ao afirmar que “a escola continua consagrando uma linguagem retórica e distante da vida, de suas penas, suas ânsias e suas lutas, tornando absoluta uma cultura que asfixia a voz própria [...]”. Temos nessa constatação a prolongação no âmbito escolar da cultura do silêncio que tanto assolou a sociedade em épocas passadas e retorna mascarada por princípios preconceituosos e racistas dos que se julgam superiores sobre os excluídos socialmente.
            Nesse cenário, criado em torno da cultura do estupro e da homofobia temos a utilização das mídias como divisor de águas, no sentido de apropriar-se da informação e usá-la na propagação de ideias, conceitos e ideologias divergentes. Vemos que essas forças antagônicas “começaram a derrubar os muros que separam esses diferentes meios de comunicação. Novas tecnologias midiáticas permitiram que o mesmo conteúdo fluísse por vários canais diferentes e assumisse formas distintas no ponto de recepção” (JENKINS, 2009, p. 36) esse processo é definido por Jenkins como cultura da convergência.
            Ao nos determos mais atentamente ao fato de as mídias passarem a exibir conteúdos relacionados às temáticas apresentadas acima temos a construção de conceitos advindos de cultura de convergência, o primeiro deles é a inteligência coletiva, a qual consiste na união de diferentes opiniões que são associadas às diversas habilidades dos indivíduos.
Ainda sobre a cultura de convergência podemos destacar a cultura participativa, que corresponde na interação dos participantes. Segundo a qual, a partir do momento em que esse conhecimento passa a ser partilhado e comungado pela coletividade torna-se cultural, ou seja, os recursos midiáticos colaboram bastante para propagação dos conteúdos que englobam várias questões, entre as quais a homofobia e a cultura do estupro, pois são temas que difundem a cultura da convergência. Como podemos exemplificar através do vídeo que relata a violência sofrida por homossexuais em seus depoimentos.
 Vídeo 02: 


Nesse sentido, cabe ao professor em sua prática educativa propiciar aos alunos discussões que envolvem os conteúdos mais abordados nas mídias, a fim de desenvolver nos educandos o olhar crítico sobre as questões sociais que os envolvem e assim fazê-los refletir sobre a ética universal como algo indispensável à convivência humana.


REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo, Pedagogia da autonomia: saberes necessários á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. A comunicação na educação. Trad. Maria Lopes e Dafne Melo. São Paulo: Contexto, 2014.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph. 2008.


PLANO DE AULA


Público-alvo: Alunos do 1º ano do Ensino Médio.
Duração: 01 mês, divido em 04 semanas. (03 aulas por semana de 45 minutos cada)



OBJETIVOS

Objetivo Geral: Analisar criticamente os discursos sobre homofobia e cultura do estupro, propagados nos meios de comunicação.

Objetivos específicos:

·                     Apresentar uma abordagem sobre ética, levando os discentes a refletirem sobre seus princípios éticos diante dos assuntos que serão discutidos em sala;
·                     Trabalhar conceitos e expor conteúdos midiáticos a respeito da homofobia e cultura do estupro;
·                     Discutir as diferentes opiniões que envolvem o preconceito, impunidade, etc.;
·                     Produzir textos dissertativo-argumentivos sobre homofobia e cultura do estupro;
·                     Criar vídeos que vise conscientizar as demais pessoas contra as práticas de preconceito abordadas.

RECURSOS DIDÁTICOS
Datashow, computador, recursos audiovisuais, material impresso, celulares, câmera digital.

JUSTIFICATIVA

            Nunca antes na história do Brasil tivemos uma repercussão tão grande em relação às questões de gênero, o reflexo disso na sociedade está criando uma onda de intolerância na qual a ética faz-se necessária na mediação desse conflito e um dos palcos onde podemos agir de forma mais atuante sobre essa temática é o da docência. Assim, este trabalho consiste em quebrar a cultura do silêncio na escola, através de conteúdos que discutem a homofobia e a cultura do estupro, sobretudo, enfatizadas nos meios midiáticos.


METODOLOGIA

1º Momento
Na primeira aula será apresentado um texto falando sobre ética, após a leitura do texto haverá a socialização do tema entre professor/alunos.

Ética para hoje
É a única maneira de viver as nossas vidas. Ética é algo objetivo, ou você tem ou não tem. Tem que estar dentro de todos, tem que vir da “alma”. Um comportamento digno que se aprende no berço. É o que pode e o que não pode.
Ser correto e verdadeiro é condição essencial para o crescimento humano, para o desenvolvimento sustentável de um povo. Ética é não jogar o papel no chão, é não tentar “dar um jeitinho”, é pagar os impostos, é não querer levar vantagem. É exercer os direitos, mas principalmente os deveres da cidadania. Devemos esperar do outro um comportamento ético sim, mas é imprescindível que cada um faça a sua parte, antes de tudo.
Ser ético é ser generoso e responsável. Nas relações pessoais, nas reuniões com grupos de pessoas, no espaço coletivo; na sua cidade, na rua, a ética é necessária. Todos temos nossas ideias e convicções, mas, antes está o bem comum, a ética.
Ética não pode ser um atributo ou qualidade, tem que ser uma condição natural, algo que se espera de todos. É uma obrigação não apenas do cidadão, ética é obrigação da nação, um princípio fundamental para que se possa construir uma sociedade justa. Aos que governam e representam a nação, ter ética é um dever básico. Ter respeito pelo que é nosso.
Ética é atitude, o que se espera, não do amanhã, mas de hoje. É nosso dever ajudar a construir um país melhor, é nosso desejo viver em um Brasil mais ético.

2º Momento
Exibição de reportagem sobre cultura do estupro. Em seguida, haverá uma conversa sobre o conteúdo da reportagem e depois os alunos serão orientados a produzirem textos dissertativo-argumentativos acerca da temática do vídeo. As produções deverão apresentar a norma padrão da língua, coesão e coerência textual. Os textos serão socializados em sala pelo compartilhamento das produções entre os alunos.
3º Momento
Aplicação do vídeo sobre homofobia. Após a apresentação do vídeo, será discutido o assunto abordado. Posteriormente, o professor fará a divisão da turma em oito equipes, das quais quatro terão de produzir vídeos que tenham como conteúdo uma proposta contra o preconceito homofóbico e as outras quatro equipes produzirão vídeos contra a cultura do estupro.
                                        

4º momento
Nesse momento a turma se reunirá para as apresentações dos vídeos produzidos pelos alunos, o educador orientará os educandos a publicarem e compartilharem os vídeos produzidos por eles nas redes sociais (facebook, whatsApp, instagran, e outros.). A comunidade escolar será convidada para participar dessa culminância, cujo objetivo é conscientizar as pessoas fazendo-as refletirem sobre seus princípios éticos diante desses temas polêmicos que se agravam cada vez mais no Brasil e no mundo inteiro. 




 


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